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Top Five melhores momentos de tokusatsu: minha retrospectiva pessoal em 2012

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Para ser sincero, nem cogitei em fazer retrospectiva nenhuma do que rolou no mundo do tokusatsu no último ano, mas mudei de ideia logo após concluir que 2012 me foi recheado de tokusatsu do início ao fim. Como eu não domino o campo das notícias, pensei que uma alternativa legal seria relembrar alguns dos melhores momentos que eu vivenciei pessoalmente através do toku no ano passado, em clima de Top Five_ e até para tirar o atraso desse tipo de postagem por aqui.
Óbvio que, tendo que selecionar apenas cinco fatos, muita coisa marcante ficou de fora. Dentre elas, as conclusões de séries pelas quais sempre tive muito carinho, como Timeranger, Liveman e Dairanger me ocorreram em meados de 2012. Assim como as centenas de faixas musicais que gravei, de trilhas fantásticas, como as OST's de Denjiman, Kamen Riders Heisei, Liveman, ou as BGM's impecáveis dos pacotes de Sun Vulcan, Changeman, Bioman e Kamen Rider Agito (só para citar alguns).
Como falo aqui em experiência pessoais minhas, espero mesmo que este Top Five sirva também como fonte de dicas para outros fãs abertos à novidades, e sempre em busca do que o tokusatsu oferece de melhor. Então, vamos ao nosso tradicional pódio:

Posição 5- Estreia de Gobusters (27 de fevereiro)_ Quando Gobusters estreou, eu lembro que ainda me impressionava fácil com a tecnologia atual da Toei e suas ousadias em efeitos especiais. Após conferir o primeiro episódio do novo Super Sentai, foi muito difícil pensar em outra coisa, e mais difícil ainda assistir alguma série antiga com serenidade, depois que vi aquilo tudo. O CB-01 tomando a forma Ace em frações de segundos foi gritante. Lembrei que, muito tempo antes, em 1980, o robô de combate dos Denjiman, assim como o Ace, também era constituído de um único veículo (o Denji Tiger), e me emocionei muito ao comparar a evolução na velocidade da montagem do Ace com a lenta sequencia de 32 anos antes. Ficou no ar a certeza de que Gobusters estava exibindo o melhor possível de tudo o que já se conquistou em termos de produção.

Posição 4- Duplo Final Vent no episódio 37 de Kamen Rider Ryuki (09 de outubro)_ Em 2012 eu iniciei minha saga pelos Kamen Riders de Era Heisei, de Kuuga à Decade_ uma longa jornada que espero concluir até o fim deste ano. Minha principal intenção com isso, além de me divertir, é acumular o máximo de experiências possíveis, também interessado em conhecer os rumos que o gênero tomou até chegar nisto que é hoje, com W, OOO e Wizard.
Meio na correria, terminei o ano próximo do episódio 20 de Blade. E é justamente essa correria a minha pior inimiga no meu propósito, já que as pausas são raras, e nem todo dia assisto episódios desses Heisei com 100% de vontade. No dia em que assisti o episódio 37 de Ryuki, minha vontade era de, digamos, uns 70%. Por sorte, tive a sensibilidade de reconhecer a grandiosidade deste trecho, que imediatamente separei para compartilhar com todos através do meu canal de vídeos. Confesso que o impacto me é muito maior quando revejo o momento nos dias de hoje, sempre em companhia do indispensável balde, para conter as lágrimas. Afinal, se um Rider só é um Rider legítimo quando possui uma moto, nada poderia ser mais lindo do que vermos um monstro maligno_ inimigo natural do herói_ tomando a forma do veículo, para auxiliá-lo na luta e continuar cumprindo com seu pacto. Confira o trecho no vídeo abaixo:


Posição 3- Filme do Kamen Rider Shin (22 de agosto)_ Em 2011, o filme do Kamen Rider ZO me deu o primeiro empurrãozinho para eu ser este tokufã compulsivo que sou atualmente. Poucos dias depois, enlouqueci conhecendo outro Rider Movie, o do ZX, cujas sequelas me fizeram abandonar uma antiga profissão e até relacionamentos em dedicação ao tokusatsu. Após tudo isso, Kamen Rider Shin era "O Filme" que me faltava experimentar, meu sonho de consumo maior dentre tudo o que se fez, e até do que se fará futuramente em filmes. Seu enredo confuso_ bem mais do que o do criticado Super Hero Taisen recente_ praticamente impossibilita alguém de resenhá-lo detalhadamente.
Mas o forte do filme é outro fator, bem diferente disso: o fator experimental. A ousadia feita através da criação e do que se vê em Kamen Rider Shin é, na minha opinião, a experiência mais necessária que um tokusatsu já produziu em todos os tempos. Aqui, os clichês presentes no obscuro e repugnante universo dos filmes de terror americanos são incorporados por um gênero popular no Oriente, reciclados e depois transformados numa bela história de tom realista, mostrando um Rider que encarou uma das lutas mais difíceis de nossos tempos: a luta pela própria liberdade.

Posição 2- Conclusão de Goggle V (11 de outubro)_ Foram várias as séries que eu atingi o episódio final em 2012, algumas delas iniciadas no próprio ano. Dentre todas, a escolha de Goggle V para figurar aqui no pódio é a mais justificável, seja pela profunda intimidade que eu tenho com a série_ uma relação de amor intenso, de quase 20 anos_, seja pela extrema dificuldade de encontrar seus episódios disponíveis para download além do 25º.
Talvez por ser uma das mais mal-amadas dentre as que ganharam dublagem brasileira_ uma péssima dublagem, devo reconhecer, concebida na base do remendo_, foram muitos meses de frustrações, downloads de horas em péssimos servers para no fim constatar que o episódio em questão, ao contrário do "dublado completo" anunciado pelo site, nada mais era que uma simples RAW. Para minha surpresa, completei a série via You Tube, um lugar onde episódios de tokusatsu são deletados em questão de minutos. Ciente disso, me obriguei a assistir nada menos que os 29 episódios que me faltavam em apenas 10 dias. Só lamento não poder ter saboreado isso mais tranquilamente.

Posição 1- Descoberta da série Patrine (2 de maio)_ Falando em tokus mal amados pelos brasileiros, vejam só quem está no topo mais alto do meu pódio em 2012! Pode parecer incrível mas, para mim, a surpresa é tão grande quanto para vocês. Eu, que sempre fui um adepto e defensor das séries que transbordam força, com enredos sombrios e mensagens positivas, jamais poderia imaginar que um tokusatsu cômico e mais voltado ao público feminino pudesse me causar tamanho impacto.
Mas isso é justificável apenas pela sensação que eu tive na tarde que tirei para assistir o primeiro episódio. Foi exatamente a mesma sensação que eu tinha de criança, cada vez que zapeava a TV, como quem não quer nada, e descobria um tokusatsu diferente. Era um misto de admiração com hipnose que, tal como senti em 2 de maio último com Patrine, me levava a gastar dias pensando exclusivamente nos minutos  em frente àquela ação inedita. Naquela situação, me senti com, no máximo, uns dez anos de idade, sem falar que sei como é raríssimo sentir coisa parecida nos dias de hoje, por mais que eu vasculhe por novidades. São 18, 19 anos à frente do tempo em que aquela sensação me era habitual. Por isso, pouco importa a qualidade da série ou o que ela propõe. Voltar a se sentir criança, neste caso, está acima de tudo.

Ilustrações em tokusatsus: uma galeria de imaginação e criatividade

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Com colaboração de Bone AdriArts

Ainda tentando variar um pouco o conteúdo por aqui, depois do último debate que tivemos e da retrospectiva em formato Top Five, desta vez escolhi um tema leve, muito mais voltado para o campo das curiosidades do que para o das matérias ou resenhas: vou falar um pouco sobre as ilustrações exibidas em tokusatsus, uma forma de expressão artística bastante interessante, que marcou principalmente os seriados da década de 80, se espalhou por praticamente todos os gêneros e, como veremos, serviu até como uma alternativa econômica para a produção de algumas séries.

Claro que seria excessivamente trabalhoso apurar todos os casos em que as ilustrações apareceram em tokus ao longo da história, por isso exibirei por aqui apenas alguns exemplos que considero importantes, e desde já deixo o espaço aberto se alguém quiser citar outro(s) além destes.
Até o momento, o caso mais antigo do uso de ilustrações em tokusatsus que eu conheço remete à abertura do clássico Ultraman Hayata de 1966. Como podemos ver na fig.1, toda a abertura era composta por vários quadros ilustrados, com desenhos bem simples de silhuetas de monstros e do próprio Ultraman, que alteravam a cor de contraste antes de cada troca de figura. Por ter o fundo escuro, esses desenhos também serviam, às vezes, como base para destacar os créditos da série.


Ao contrário da Tsuburaiya Productions, a Toei sempre preferiu fazer suas aberturas com cenas gravadas, mas nem por isso deixou de aproveitar a beleza das ilustrações em suas séries. Durante cerca de 20 anos, exibiu muitos desenhos coloridos e de bom acabamento, principalmente nas passagens para os intervalos de televisão. Em poucos gêneros essas "ilustrações de intervalo" forma tão bem vindas quanto no gênero Kamen Rider, até pelo personagem ter tido sua concepção original em mangá. Pouco tempo depois do Ultraman, em 1971, a primeira série exibiu alguns belos desenhos, como estes que eu separei na fig.2. Na série seguinte, Kamen Rider V3, já tínhamos um desenho mais luxuoso, ocupando toda a área da tela e muito mais expansivo em imaginação_ já que na realidade é praticamente impossível para um ator/dublê se manter em uma moto em movimento tal como vemos aí na fig.3!
Mas muitos desses desenhos realmente nos faziam imaginar efeitos especiais até então impossíveis, enquanto outros eram inseridos no meio da própria ação real das cenas, servindo como alternativa para dar um visual um pouco melhor do que oferecia a película daquele tempo_ extremamente pobre em recursos, como aparece evidente, por exemplo, nos raios lasers das pistolas em Ultraman Hayata. Preparei dois exemplos de uso de desenhos em cenas de ação, extraídos de duas séries Kamen Rider da década de 70: na fig.4, os traços coloridos em volta do cinto do Kamen Rider V3 querem passar a impressão de uma energia poderosa sendo liberada do mesmo, enquanto que na fig.5 o mesmo tipo de desenho procura incrementar o golpe final do Kamen Rider Stronger. Ainda neste caso em particular, quando todo o seu corpo de torna apenas uma silhueta vermelha, pouco antes da conclusão do Denji Kick sobre o inimigo (fig.5, quadro de baixo), a intenção provável é expressar que o herói está já totalmente carregado de eletricidade, a fonte primária de seu poder.
É bem difícil de imaginar como que esses traços coloridos, cuja movimentação era similar a uma sequência de desenho animado, podiam coexistir com uma ação gravada. Mas eu apostaria que isso talvez era conseguido por meio da fusão dos recursos básicos da animação montados sobre fotos.

Passagem de ida e volta, com acompanhante

Assim como no gênero Kamen Rider, o Super Sentai apostou na ilustração de intervalo logo em sua primeira série, Goranger (fig.6). Porém, também insinuou que, ao contrário dos Riders, não pretendia fazer delas uma unanimidade, já que os intervalos de Battle Fever J, por exemplo, recorreram à fotos com o logo da série. Mas ainda nem tudo estaria perdido para as artes: Battle Fever exibia agora não uma, mas duas imagens diferentes, uma para a ida e outra para a volta do intervalo. Até por ocasião da estreia do Dai Robotto_ primeiro robô de combate em Super Sentais_ criou-se a tradição de reservar a volta do intervalo para ser ilustrada com uma figura do robozão. 
Com o retorno dos belos desenhos coloridos no ano seguinte (1980), Denjiman se tornou a primeira série do gênero a exibir um desenho de um robô gigante, na volta dos comerciais de TV (fig.7). O costume se manteria nos anos seguintes, deixando na lembrança dos fãs uma galeria de imagens inesquecíveis, como as de Sun Vulcan (fig.8), Goggle V (fig.9), até a despedida do costume, com os intervalos de Changeman (fig.10).

Outros gêneros de tokusatsu, que não usavam robôs de combate aos moldes dos Super Sentais também davam um jeitinho para ilustrar seus intervalos com duas figuras. Nas primeiras séries de Metal Heroes (Uchuu Keiji), a "volta" era destinada às artes das naves dos guerreiros de armaduras reluzentes. 
O pioneiro Gyaban se arranjou bem com a linda imagem do imponente dragão Dolgiran (fig.11), enquanto que Sharivan, no seriado seguinte, optou por mostrar o Grand Bus em sua forma primária (fig.12), apesar de também contar com uma formação de combate. Uma pena que, quando o gênero Metal Hero foi inaugurado, em 1982, as ilustrações de intervalo já estavam próximas da extinção, e por isso deixaram um legado bem pequeno por aqui. A série Jaspion, que trazia como maior novidade um robô gigante de características idênticas aos dos Super Sentais (exceto pela falta de um gattai) nunca teve espaço para expor uma versão ilustrada do Daileon. As passagens para os intervalos deram um salto no tempo e, assim como hoje, Jaspion ia e voltava dos comerciais no embalo da ação corrida dos episódios, com o logo da série postulando num canto da tela, acompanhado de vinhetas de som especiais.

A ilustração como forma de narrativa

Existem casos, surpreendentes, em que as ilustrações foram inseridas não só nas aberturas ou nas passagens dos intervalos comerciais, tampouco como adereço de alguma ação após a película passar a ser auto-suficiente em recursos visuais satisfatórios. Até como uma prova de que esse tipo de arte caiu no gosto dos produtores e espectadores da época, desenhos surgiriam também no decorrer da narrativa de alguns episódios.
Nesses casos, tal idéia apareceu como uma alternativa inteligente, cujo resultado final, além de bonito e sofisticado, ainda tinha outra grande utilidade: a de economizar na produção de novos cenários, figurinos e gravações que, no final, seriam editadas em poucos segundos dos episódios em questão_ na maioria dos casos apenas para retratar alguma lembrança em flashback, narrada por algum personagem, ou dar algum exemplo de uma fantasia idealizada por alguém e relacionada com a história.
Vamos ver a seguir alguns exemplos de ilustrações nas narrativas de duas séries de 1985: em determinado momento do episódio 21 de Changeman, Tsurugi/ Change Dragon usa uma câmera de TV para transmitir uma mensagem de paz aos povos dos planetas dominados pelo Senhor Bazoo. Nesse instante, as ilustrações que vemos aí na fig.13_ desenhos de seres extraterrestres reunidos em seus planetas, assistindo a transmissão de Tsurugi_ representam tais povos. Com isso, o desenho participa da narrativa e ainda dispensa a necessidade de se gravar uma cena com uma grande quantidade de pessoas fantasiadas de alienígenas (pois tal cena já é mostrada na ilustração, subentendido). Como a passagem do episódio em que tais ilustrações são mostradas dura poucos segundos, podemos concordar que este procedimento economizou em tempo de produção, figurino e material humano. Ao invés de uma multidão usando complexas fantasias para se filmar uma cena viva, uma única pessoa trabalhou na concepção dos desenhos.
Confira neste vídeo abaixo, com o trecho citado do episódio 21 de Changeman, o resultado final:
Agora, vamos ver outros casos similares. Mesmo Jaspion, série de Metal Hero que, como vimos, não usou arte nas passagens de intervalo, utilizou bem a técnica da ilustração como forma de narrativa. No episódio 04 (fig.14), desenhos de dinossauros acompanham a afirmativa de Jaspion, de que a Terra é conhecida pelas galáxias afora como o "Planeta dos Monstros". 
Já no episódio 16 da mesma série, essas impactantes ilustrações da fig.15 demonstram um pouco do que seria o planeta dominado por Satan Goss, sentado em seu trono (no quadro acima, à direita), com os seres humanos vivendo como escravos (logo abaixo). 
Com o avanço ininterrupto nos processos recentes de design gráfico, bem que poderíamos sonhar com coisas semelhantes em nossas séries atuais. No entanto, algumas evidências parecem comprovar que, hoje em dia, esse recurso simples e econômico das ilustrações em séries de tokusatsu já parece fora de cogitação, se não de todo ultrapassado. Após pensar um pouco por aqui se uma ilustração seria compatível com alguma passagem de alguma série atual, cheguei na conclusão de que sim. Se isso não acontece mais, deve ser por pura opção das produtoras, talvez até para explorar ao máximo os seus altos efeitos tecnológicos e investir ainda mais em figurinos e equipe. Mas, voltando ao meu pensamento, alguns episódios de Kamen Rider Wizard na certa poderiam ter sido ilustrados. Por exemplo: lembram-se das memórias do Haruto no dia do eclipse total do sol, onde várias pessoas sucumbiam ao desespero e geravam Phantoms de si mesmas? Pois então, se tal passagem (uma narração em flashback) tivesse ocorrido em uma série de 1985 (assim como os exemplos Changeman e Jaspion, que vimos aqui), muito possivelmente aquelas pessoas, com suas inúmeras rachaduras pelo corpo seriam retratadas em caprichados desenhos.
Para não ficarmos apenas imaginando como seria isto que estou querendo dizer, eu conversei com meu amigo Bone AdriArts, conhecido entre nós, fãs de tokusatsu, por produzir belíssimas ilustrações com qualidade exemplar. Ele gentilmente concordou em fazer para nós uma versão ilustrada para um quadro com a cena de Kamen Rider Wizard a qual eu me refiro aqui (fig.16). Com isso, temos aí um exemplo prático de como seria se a ilustração como parte da narrativa ainda estivesse em voga: uma arte como a de Bone poderia perfeitamente substituir a cena filmada e contar a mesma história.
Mesmo após essa constatação, que acabo de comprovar em parceria com o Bone, acredito também que o fato da produção de Kamen Rider Wizard ter optado por criar toda a cena do eclipse com atores de carne e osso, e depois editada com os devidos efeitos visuais_ mesmo só para no final exibí-la em poucos segundos do episódio em questão_ parece por si só deixar claro como os desenhos demonstradores de narrativas fazem parte de um passado já distante. Tanto que o exemplo mais recente de uma ilustração exibida como núcleo de narrativa que eu me lembro por agora é do já longínquo ano de 1990, mais precisamente do episódio 29 de Patrine. Na passagem, os desenhos da fig.17 mostram para o espectador a visão integral do livro lido no mesmo instante pelo Deus Protetor da série, simultaneamente à sua narração sobre as origens lendárias da Pequena Patrine. Com isso, fica entendido que tais desenhos são o conteúdo do livro que está nas mãos do personagem.


A ilustração animada: uma ideia sem futuro

Sim, seriados de Henshin Hero também entraram na onda das artes em tokusatsus. Em 1973 a P-Productions foi uma rival à altura da Toei nesse quesito, ao criar desenhos bonitos e marcantes para o seu seriado Lion Man Laranja, mostrados em trechos da abertura (fig.18, acima) e nas passagens de intervalo comercial (logo abaixo). 
Na década de 80, Machine Man não ficou de fora e, além de usar técnicas de desenho animado nas feições do simpático personagem Ball Boy, também ampliou a galeria de ilustrações de intervalo (fig.19). Já em 1990, com Patrine, esse tipo de arte em tokus dava seus últimos suspiros retornando às origens iniciais, com um único quadro de imagem para o intervalo (fig.20). Mas havia aí uma inovação notável: tal imagem era animada algo inedito na passagem para os comerciais até então (acredito eu), mas relembrando vagamente a longínqua abertura de Ultraman Hayata.
Tão curioso e nostálgico quanto isso, essas ilustrações de Patrine têm um tipo de traço comum à décadas como 30 e 40, ou seja, emanam uma aura de simplicidade desnecessária, mas sem perder a sofisticação habitual.

Para complementar, não deixe de conferir o álbum de ilustrações que eu montei na Fan Page do Henshin World no Facebook, parte integrante deste texto. Lá você encontra todas as figuras desta postagem individualmente, além de mais algumas de bônus, que eu separei exclusivamente para a rede social. Imperdível!

Para conferir, clique AQUI.

Sobre Bone AdriArts- Aos 30 anos, além de ilustrador e desenhista, também é ator e produtor da série "Krom- Sentinela do Espaço", produção independente e primeiro tokusatsu 100% nacional.

Chegaram! Kyoryuger estreia - minhas impressões iniciais

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Estreou neste domingo último no Japão Kyoryuger, 37º Super Sentai. Assim como eu já havia feito no ano passado com Kamen Rider Wizard, vou registrando por aqui minhas impressões iniciais do que achei desta nova série, pelo que o primeiro episódio conseguiu me demonstrar.
Primeiramente fiquei bem feliz por poder contrariar os vários estigmas negativos que vinham ganhando cada vez mais corpo conforme o dia da estreia se aproximava. Como o Super Sentai anterior Gobusters não atingiu o que dele se esperava pelo mercado japonês de entretenimento, muitos de nós fãs temíamos por um revolução desenfreada em Kyoryuger, cuja pior consequência seria algo que renegasse todas as qualidades dos Sentais anteriores em prol de algo novo e infalível.


Eu já vinha cultivando um ponto de vista de que Gobusters, mesmo com seus percalços e mesmo optando por percorrer um caminho tortuoso a partir do episódio 30 (onde arranjos de última hora no roteiro ficaram muito evidentes) já havia conseguido resgatar vários valores de Sentais antigos. Porém, esta première de Kyoryuger, para minha surpresa, me fez sentir que esse rumo ainda vem sendo seguido, talvez até com mais intensidade do que Gobusters, mas é também algo que somente os episódios futuros poderão nos confirmar, se tal coisa será mesmo habitual ou se foi apenas um método preventivo. Além de ter gostado muito de ter sentido esse respeito aos antigos eu penso que, num momento delicado, é mesmo muito mais consciente olhar um pouco para trás, tentando aprender com aquilo que já deu certo (mesmo que em outros tempos, com outras gerações) e aos poucos ir adaptando esses elementos antigos às necessidades atuais, sem ignorar nunca as conquistas mais recentes. Até por causa disso, é preciso bastante habilidade por parte dos roteiristas e produtores (caso eles optem mesmo por um review ao que já foi sucesso) para fazer o antigo coexistir com o novo, e para não interromper o ciclo de renovação que fascina muitos de nós. É bem este o conceito que eu tenho de uma inovação com responsabilidade, e nisso essa estréia de Kyoryuger me agradou bastante.


Dentre os valores antigos que não se viam no gênero há algum tempo, eu destacaria o retorno das passagens de ida e volta de intervalo, com uma vinheta própria em duas filmagens, cada uma com dois ou três segundos de duração e ambas bastante agradáveis visualmente. Outra coisa que eu adoro, as apresentações individuais dos membros, aqui são bem elaboradas e carregadas com adereços e gestos coreográficos. E aquele que me pareceu talvez o item com uma relação mais estreita com o passado foi a valorização que esta primeira Brave deu ao membro Red, uma vez que ele não só foi personagem central do episódio como também foi uma figura quase isolada em mais da metade de sua duração. Para se ter uma ideia, por um momento cheguei a pensar que teríamos um repeteco do début de Ohranger, onde a estreia foi dominada apenas pelo OhRed lutando em meio ao início da guerra.


Ainda sobre o Kyoryu Red, Daigo Kiryu me pareceu ser um personagem tranquilo, no sentido de que talvez não carregue nada em sua personalidade que seja capaz de causar antipatia em alguém, tanto que ele, à primeira vista, me pareceu bem mais simpático que seu antecessor Hiromu/ Red Buster. Também gostei muito do personagem Torin, mesmo tendo preferência por comandantes humanos logo aprovei a sua aparência e seu senso de comando. Creio que, se for bem trabalhado, ele futuramente poderá ser tão bem aceito pelos fãs quanto foi Doggie Krugger, o "Boss" de Dekaranger.
Da base dos guerreiros_ outro ponto em comum com o passado_ gostei das divisórias para as baterias de cada membro, cada qual na sua cor correspondente. Antes da estreia fiquei meio em dúvida sobre como tais dispositivos seriam usados em batalha, mas por fim aprovei bastante ao vê-los na primeira luta. Mais do que complementos para as armas, as baterias (conhecidas como ZyuDenchi e contendo o Kyoryu Spirit dos mechas Zyudenryu) são o principal elo que liga o guerreiro com seu mecha (Zyudenryu), e a união de poderes entre eles_ vista com mais profundidade no momento do golpe final do Kyoryu Red no inimigo, dado em companhia de seu GabTyra_ me remeteu um pouco à Gingaman, Zyuranger e Abaranger.
Dessa mesma relação Guerreiro/Zyudenryu vem a primeira inovação interessante, já que nem mesmo em Gingaman (onde o poder de ambos também era muitas vezes combinado) nunca vimos uma união de um membro da equipe Sentai com seu mecha para uma luta contra inimigos de estatura humana.


Superando todos os medos
Um dos principais temores dos fãs de Super Sentai em idade adulta era também quanto ao nível humorístico que esta série apresentaria. Um temor de que tudo se desenrolaria mais na base da piada do que outra coisa. Eu cheguei até mesmo a vivenciar um fato curioso sobre isso nas prévias: um amigo, que estima bastante minha opinião de tokufã (assim como eu também estimo a dele) chegou a me perguntar se era caso para se preocupar sobre como o humor seria usado em Kyoryuger. Entre as evidências que provocaram rumores negativos em muitos de nós estava uma certa característica inesperada dos guerreiros: a de fazer uma espécie de dança, ao som de um samba, antes de cada transformação. Lembro que respondi para esse amigo que aquilo era sim um caso para nos preocuparmos_ até porque esse também era o meu próprio sentimento geral_, citando até outras tantas evidências de que o humor poderia ser um combustível básico para o futuro Sentai (ou seja, coloquei ainda mais medo no coitado, rs!), mas também o consolei quando citei o caso de Battle Fever J, uma série onde a dança, muito além de um mero adereço, chega até a ser um tema central! Mas, pelo nível de sensibilidade exalada de Battle Fever, hoje podemos afirmar como, naquele caso, nada na série foi prejudicado pela dança.
Em Kyoryuger, a dança apareceu como algo quase fora do contexto na Kyoryu Change (convenhamos, um nome infinitamente melhor e mais cara de Super Sentai do que "Let's Morphin") do Daigo, e não demonstrou qualquer interferência na luta dele ou de seus companheiros.

A tecnologia exibida também me agradou por parecer algo mais "pé no chão" daquilo que vi em Gobusters_ cuja maior parte da série apresentou um avanço absurdo em efeitos especiais, algo muito além do esperado e que chegava até mesmo a me incomodar algumas vezes. Em Kyoryuger, ao que parece, as conquistas atuais no campo visual serão usadas apenas aonde mais se precisa delas: Na mobilidade dos mechas gigantes Zyudenryu, nos momentos em que eles contracenarem com os guerreiros e outros de estatura normal (para dar mais realismo à relatividade de tamanho entre eles), e claro, na agilidade da ação, sem dúvida a área mais fundamental para investidas de efeitos especiais avançados.

De todos estes pontos que levantei aqui (com aprovação de 100%) só fico com um pouco de incerteza quanto à qualidade que será oferecida pelo grupo de vilões, o Exército de Devos. Por mais que eu goste de Sentais como Shinkenger e Goseiger, sempre sinto muita falta daquele vilão com menos fantasia e mais traços humanos, algo que, pelo menos por enquanto, esta série parece que irá ignorar. Em Kyoryuger, os "fantasiados" começam no líder de Devos, Chaos, e se espalham pelos seus demais parceiros na luta pelo mal. Mas mesmo um pouco ressabiado já aprovei, de antemão, o visual de todos os vilões de Devos, assim como suas manias e trejeitos me pareceram interessantes e singulares, algo meio diferente do que já se viu em outros vilões, com hábitos mais padronizados.

Conclusão: por ter aprovado tantas coisas deste episódio inicial, senti muita firmeza. Não tenho vergonha em afirmar aqui que chorei muito ao longo de sua duração, principalmente pelo motivo de pensar no quão longe o gênero Super Sentai está chegando e se mantendo de pé mesmo depois de ter sido várias vezes atingido por críticas e insucessos, transformando derrota em evolução, e nunca trocando o certo pelo duvidoso.
Desejo que nosso novo Sentai Kyoryuger siga por este caminho da estreia daqui até sua conclusão, que tenha toda a sorte e que possa agradar à todos nós.

A Evolução dos Super Sentais - parte 6

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Sexta fase - 1997/2000_ Megaranger, Gingaman, GoGo V, Timeranger

A popularização da Internet, a partir de 1996, fez crescer junto as possibilidades da informática como um todo. Isso permitiu melhores investidas do Super Sentai em áreas como a computação gráfica. Esta sexta fase mostra que, através dela, já era possível criar bem mais do que os efeitos luminosos de película vistos até então. Nestes anos, a computação gráfica seria responsável, por exemplo, pelas explosões vistas em GoGo V e Timeranger_ as primeiras 100% artificiais, isto é, que não envolviam nenhuma detonação de material explosivo. Para a alegria dos dublês e para a apreensão de alguns fãs mais conservadores que, cientes do avanço digital, temiam pelo fim das cenas realistas de ação, num futuro não muito distante. Comparados com hoje, os efeitos dessa época podem parecer mais simples, mas foram fundamentais para a iniciação da informática como meio de apoio à produção, e para acabarem de vez com o "tosco" de anos passados, tão mencionado pelos críticos.

É certo que esta foi a fase que deu o primeiro empurrãozinho para a tecnologia que vemos nos efeitos computadorizados atuais. A consequência mais imediata disso foi o total esgotamento das possibilidades da película, que desde Turboranger vinha se desenvolvendo visivelmente, mas em Gingaman já passava a impressão de que não poderia acrescentar muita coisa para o futuro. O reflexo maior desse desenvolvimento nem era visto tanto nos efeitos de luz, mas sim nos efeitos de montagem. A película dos anos 90, ao contrário da década anterior, já permitia montagens que exibissem movimento sobre movimento. Por exemplo, se imaginarmos uma cena em que uma pessoa é atirada longe após uma explosão, a montagem final dessa época já nos permitia ver tanto o fogo quanto a pessoa e os destroços movimentando-se ao mesmo tempo. Ao contrário de cerca de dez anos antes, em que para poder demonstrar a pessoa se deslocando exibia-se a mesma estática (possivelmente numa montagem sobre uma foto). Mesmo com avanços consideráveis como esse, o grande problema da película continuava sendo a incapacidade de disfarçar o "falso" para o espectador, a diferença entre o que estava sendo filmado para o que estava sendo montado. Sabemos que quanto mais uma cena fantástica parecer real, maior impacto ela nos causará. A busca por esse realismo faria com que a película_ e suas capacidades_ se esgotassem completamente ao final desta fase.

A caminho do ano 2000
Até aqui, foram muito poucos os Sentais que não apelaram para artifícios de tecnologia que impulsionassem seus roteiros. No geral, assistíamos a vitória do bem muito em parte graças a uma avançada ciência, mas que também era irreal em nosso mundo. Exemplos: Bioman e Flashman se valeram de uma ciência oriunda de outros planetas; Zyuranger e Ohranger, tão mirabolante quanto isso, usaram alta tecnologia ancestral, enquanto que em Jetman a Energia Birdonic era capaz até de modificar a natureza das pessoas.
Nesse cenário, o novo Megaranger seria só mais um Sentai tecnológico de fantasia. Já nos primeiros episódios, assistimos à lutas em campos virtuais, com os guerreiros usando nada menos que incríveis uniformes digitais, programados com o DNA de cada um. Mas, mesmo com tudo isso, o que diferencia Megaranger dos demais é que muito do que se via envolvendo sua tecno-ciência já era de fato real num ano como 1997. Internet, satélites, celulares, microchips... mesmo o caso dos uniformes com DNA não era tão irreal, pois já haviam, em outros temos, meios de identificação pessoal que se valiam da genética natural do homem.
A relação com os tempos atuais não ficava restrita apenas ao mote central. A grande maioria dos episódios de Megaranger criava desafios e soluções enquanto discutia a situação do mundo contemporâneo, em aspectos como: a relação do homem com a tecnologia disponível, o uso consciente da mesma, a valorização da mão-de-obra humana (cujo avanço tecnológico cada vez mais intimidava) e alguns males do fim de século, como os vírus infecciosos e até artificiais, criados em laboratório. Mesmo assuntos mais delicados, como o uso de estimulantes capazes de alterar funções hormonais, foi debatido (vide episódio 17).
Assim como ocorreu em Liveman, os vilões de Megaranger cativaram mais do que os heróis (cuja velha fórmula de estudantes colegiais já soava ultrapassada para alguns). O grande destaque entre os conquistadores de Nejirejia era o Doutor Hinelar. À primeira vista, ele é uma cópia carbono do Doutor Keflen, de Flashman, até pelo fato de que alguns dos vilões que o circundam serem criações suas. Mas alguns pontos muito interessantes de suas origens, revelados posteriormente, o colocam um plano acima. Ainda nos episódios iniciais da série é mostrado muito sobre o passado de Hinelar, e sobre sua relação estreita com o Professor Kubota_ líder do INET, centro de pesquisas criador dos Megaranger, e também comandante da equipe.
Em linhas gerais, toda a ideia por trás da concepção dos Nejirejia é baseada nos conceitos de um filamento de DNA. Desde seu formato retorcido, usado no nome (nejire = torcer) e na habilidade de monstros com a capacidade de torcer pessoas e objetos sólidos, até seu uso na criação de aliados. Partindo disso, criou-se um arco de episódios (do 38 ao 44, mais ou menos) com uma história surpreendente, em que Hinelar, usando o DNA de Javious (rei dos Nejirejia) deu vida aos Nejiranger, um esquadrão do mal, cujos membros buscavam, acima de tudo, destruir o seu rival Megaranger correspondente. Um detalhe interessante é que esse arco com os Nejiranger veio à tona justamente na mesma época em que o mundo real se admirava com o sucesso na experiência de clonagem da ovelha Dolly, e debatia a questão ética e a validade de se usar tal experiência em outros seres vivos futuramente.
Por estar tão sintonizado com seu ano de exibição (1997), o bom Megaranger funcionou quase como uma auto-afirmação do ser humano, que caminhava para o ano 2000 de bem com a tecnologia e mais confiante consigo e na sua evolução. A vitória daquela equipe de alguma maneira demonstrava isso, já que muito do que foi usado por aqueles guerreiros em geral eram itens que nós, pessoas do mundo real, já tínhamos em mãos. Isso tudo além da nova proposta visual que a série trouxe em sua filmagem, outro grande indício do começo de uma nova fase para o gênero Super Sentai.

Maldade e sensualidade
Como já vimos na parte anterior da matéria, foi Carranger que realmente criou o estereótipo da vilã sexy. Meninas malvadas, com largos decotes, saias curtíssimas e até mesmo corpos avantajados desfilaram abraçadas aos mais estranhos monstros ao longo de toda esta fase. Pelo que eu consegui confirmar, ao menos duas atrizes que interpretaram dessas vilãs trabalharam (ou ainda viriam a trabalhar) em filmes adultos: a bela Asami Jo (Shibolena em Megaranger) e a não tão bela Kei Mizutani (Sherinda em Gingaman). Também foi difícil para o público masculino desviar os olhares da barriguinha de Dinas (GoGo V) ou para os sedosos cabelos cor-de-rosa de Lila (Timeranger). A simples presença delas em Gingaman, GoGo V e Timeranger foi determinante para adiar ainda mais a novidade que Ohranger tentou trazer, do grupo total de vilões sem traços humanos.
Aproveitando parte da herança de Zyuranger, Gingaman se aprofundou no universo das lendas. Naturais da floresta encantada de Ginga_ um mundo paralelo ao nosso_ cada Gingaman possuía habilidades animalescas e poderes baseados em elementos da natureza, condensados numa energia conhecida como Aso, que se desenvolvia em cada um de acordo com sua própria dedicação e esforço. Com isso combatiam os Barban, um bando de piratas espaciais. Tanto o núcleo dos vilões quanto o dos guerreiros apresentam forte influência alemã e britânica, sendo com isso o primeiro e até hoje único Super Sentai a apostar nesse tipo de coisa. Essa influência é notada principalmente nas roupas dos heróis e nas origens da história.
                                                                        

Temeroso com a invasão dos Barban à Floresta de Ginga, um ancião nomeia cinco cavaleiros como protetores do local_ os cinco que melhor dominam o poder do Aso entre os habitantes do povoado. Entre eles está Ryuga, o mais experiente e habilidoso com a técnica Aso do Fogo. Vítima no primeiro ataque dos Barban, Ryuga se vê prestes a cair numa fenda do solo aberta pelos piratas. Sem saída, ele decide passar sua espada Seijuuken e sua responsabilidade de líder para Ryouma, seu irmão mais novo, um aprendiz que ainda não dominava bem os potenciais da Energia Aso. Porém, a catástrofe desperta em Ryouma seu espírito de luta, o que por sua vez ajuda-o a desenvolver e fomentar o Aso que estava adormecido em seu interior. Com toda a Floresta de Ginga petrificada (e já com Ryouma no posto de Ginga Red), a equipe passa a lutar contra os Barban em nossa dimensão, acompanhados de perto pelo menino Yuuta_ o primeiro de nosso mundo a ser salvo.
O que chama muito a atenção em Gingaman é o ritmo frenético dos primeiros episódios. Mesmo com o robô GingaiOh tendo a estreia mais tardia da história dos Sentais (juntamente com o Ohranger Robo, de Ohranger, ambos no episódio 07), todos os outros acontecimentos vistos são de suma importância para o futuro da série, como podemos ver nos tópicos a seguir:
  • No episódio 01 temos as origens da trama e o drama de Ryuga, confiando seu destino ao irmão Ryouma;
  • No episódio 02 temos o primeiro aparecimento dos Seijuu, gigantescos animais lendários que complementam seus poderes aos de cada guerreiro;
  • No episódio 03 temos o primeiro aparecimento da árvore Moak como guia e aliada dos Gingaman;
  • No episódio 04 o enredo centrado em Hikaru/ Ginga Yellow usa o perfil do personagem para demonstrar a importância de se fazer um uso racional e consciente das potencialidades da Energia Aso;
  • No episódio 05 a equipe ganha novas armas lendárias, as Jizaizen Kiba (uma para cada membro);
  • No episódio 06 os Seijuu se sacrificam para livrar a cidade de um veneno mortal, dissipado por um monstro inimigo;
  • No episódio 07 os Seijuu renascem energizados pelo poder das Jizaizen Kiba com uma nova forma de mecha, possibilitando assim o primeiro gattai da equipe.
Muito mais à frente, Gingaman ainda reservaria uma grande surpresa com a chegada do Kuro Kiishi, o sexto integrante da equipe.
Num clima totalmente diferente disso, GoGo V estreou em 1999 carregado de trocadilhos, algo que não se via talvez desde Sun Vulcan. Há um duplo sentido, por exemplo, em seu nome (assim como o nome Sun Vulcan também teve) "KyuKyu Sentai" (Esquadrão de Resgate), uma vez que Kyu é o nome japonês para o número 9. Desse modo, o KyuKyu significava tanto "resgate" quanto "99" (o ano da exibição). Já GoGo poderia significar tanto Go! ("adiante", em inglês) quanto o nome japonês para o número 5, a quantidade de integrantes da equipe (este na verdade era um artifício já conhecido desde o pioneiro Goranger).

Apesar de ser um ponto de vista bastante pessoal, eu enxergo em GoGo V ainda mais coisas em comum com o Super Sentai de 1981. Uma delas é a surpreendente ausência de um futuro sexto integrante para a equipe_ algo que, de um grosso modo, eu costumo comparar com a também surpreendente ausência de uma guerreira feminina na série oitentista. Da mesma maneira que Sun Vulcan poderia bem ter apostado em Misa Arashiyama (vide parte 2 da matéria), GoGo V teria sido ainda melhor se tivesse incluído em meados da série a meiga Kyoko Hayase (colega do Shou Tatsumi/ GoGreen na profissão de piloto de helicóptero nas brigadas de resgate) como a sexta membra. Sem falar na estrutura melódica do tema de abertura da série, que se tiver seu ritmo ignorado lembra vagamente a trilha tocada ao violão pelo personagem Kinya Samejima/ Vul Shark, 18 anos antes.
GoGo V também merece os melhores créditos por ter conseguido explorar seu tema inovador (o dos resgates) com autoridade, profundidade e disciplina. Ao mesmo tempo que lutavam, os GoGo V praticavam os mais diversos tipos de resgate à pessoas vítimas das atrocidades provocadas pelos Saima, os vilões da série. E apesar de já dispor de recursos aceitáveis para maiores riquezas de efeitos, optou-se por mostrar até o gattai do Victory Robo como algo mecânico, bem aos moldes dos grandes veículos brigadistas. Partes do mecha eram combinadas através de imãs gigantes, correntes e roldanas, numa simplicidade que não se via há mais de quinze anos. Depois de montado, o Victory Robo dispunha de mais recursos curiosos dentro da temática, como o alongamento de seus braços, deixando-os similares as famosas escadas de bombeiro.
Além da valorização da vida às portas do novo século, outro fio condutor da trama de GoGo V foi a família. Matoi (GoRed), Nagare (GoBlue), Shou (GoGreen), Daimon (GoYellow) e Matsuri (GoPink) eram todos irmãos. À frente deles, o pai, Doutor Mondo Tatsumi, funcionva como o comandante. Apesar de não ter figurado no primeiro Top Five que fiz aqui no Henshin World (dedicado à esse tipo de personagem), o Doutor Mondo é um tipo raro, que me causa bastante admiração. Através de seu jeito dissimulado, quase cômico, eu enxergo alguém que "come quieto". Enquanto finge ser um pai ausente_ ou se não isso, distante_ trabalha nas sombras para extrair o melhor de cada um de seus filhos, fazendo-os pessoas de bem. O ator que o protagoniza, Mike Maki, muito além de seu visual (um tanto descolado para sua idade), parece brilhar até mesmo em momentos insignificantes como, por exemplo, quando aparece no encerramento dos episódios.
Já no núcleo dos inimigos_ a Família Saima_ o êxito não foi o mesmo. Revelando-se extremamente complexo e perdendo-se cada vez mais em complexidades ao decorrer da série, é um grupo de vilões que pouco agrada. À exceção de Pierre, um feiticeiro que tanto criava quanto ampliava os monstros com a magia de suas cartas elementais, e de Dinas, com sua beleza marcante que chegou a desnortear até Nagare, no episódio 07.
Na realidade, acredito que um Sentai como GoGo V foi produzido numa época onde já se ansiava pelo que se veria só mais adiante, em séries como Dekaranger, com vilões de ocasião, e não uma organização ou império conquistador (muito menos uma família do mal). Kakuranger, com sua variedade de demônios Yokais, foi o primeiro a apostar nessa ideia, mas com pouca consistência. As catástrofes e acidentes que conduziam os resgates protagonizados pelos GoGo V eram acontecimentos de ocasião, assim como os crimes que seriam solucionados pelos Dekaranger em 2004. Um motivo a mais para desejarmos vilões com o mesmo porte dos vistos no Sentai policial.

Go over time and space
Com a responsabilidade de ser o Super Sentai que guiaria um gênero com quase 25 anos de história para um novo século nascia Timeranger, outra série com um tema inovador e até hoje único. Mesmo levando em consideração o imenso carinho que tenho por GoGo V, considero Timeranger como o grande destaque desta sexta fase_ e até por nutrir por este um carinho similar.
Eu descobri e assisti Timeranger no auge da minha auto-afirmação como tokufã, algo que para o meu emocional soa como um Goggle V da fase adulta. Sua trilha sonora foi um fator extremamente singular, principalmente o tema de abertura, que carregava influências de gêneros musicais antes impensáveis para a música de tokusatsu, como o Negro Spirituals, por exemplo. Ainda sobre a canção de abertura, nota -se que foi a primeira a não usar o nome do Sentai para concluir seu refrão.
A surpreendente história de Timeranger começa no ano 3000, num mundo onde já é habitual humanos e alienígenas coexistirem. Nessa era, criminosos condenados que cometeram grandes atrocidades são reduzidos e depois congelados em cápsulas. Três grandes bandidos da época_ Dornero, Gien e Lila, cujas condenações estavam na casa dos 100 anos de congelamento_ armam uma fuga para o passado, mais precisamente para o nosso ano 2000. Dessa fuga vieram também quatro recrutas da polícia do futuro recém-promovidos, e o robozinho-coruja Takku, que passará a auxiliá-los como guia e instrutor. Em posse dos Chrono Changer, os quatro escolhem mais uma pessoa de nosso tempo para completar a equipe Timeranger.

Do outro lado, Dornero, Gien e Lila estão em posse de inúmeras cápsulas com criminosos do futuro condenados. Unidos, se nomeiam a Família Londarz. Libertando monstros do congelamento em troca de seus serviços, os Londarz tem como principal ambição roubar e acumular dinheiro e riquezas_ de certa forma, o grande mal do século XX. Com isso, fica sendo missão dos Timeranger evitar que os atos criminosos dos Londarz alterem o que já estava prescrito para acontecer na história da humanidade.
Dessa série, muito se debate a respeito da liderança de Yuri/ Time Pink sobre os demais, e acho que a última palavra sobre isso deve ser sempre pessoal de quem assiste. Eu, por exemplo, vejo na Yuri uma liderança relativa, mesmo caso que eu aplico para a Tsuruhime/ Ninja White de Kakuranger. Apesar de ser claro que a palavra dela é sempre decisiva para o sucesso da equipe, é fato também a necessidade que a mesma tem da influência de Tatsuya/ Time Red_ até por ele ser o membro que, por ser natural do século XX, era o único que conhecia todas as características da época em que a guerra contra os Londarz estava ocorrendo.
Timeranger apresentou aquele que eu considero o sexto membro mais desprezível dentre todos. Naoto Takizawa, o Time Fire, era um subordinado do poderoso pai de Tatsuya. Nutrindo uma forte rivalidade pelo nosso Time Red, em nenhum momento se considerou membro dos Timeranger, e na maioria das vezes lutava seguindo apenas suas próprias convicções. Por outro lado, esse personagem protagonizou um dos episódios mais fantásticos e bem escritos de toda a série (o 35), em que ele ficou preso num curto espaço temporal, presenciando os mesmo fatos ao seu redor, que se repetiam indefinidamente.
Este ótimo Super Sentai do ano 2000 marcou também (e finalmente) os últimos suspiros das edições em película, algo que por si só já seria suficiente para dar o tom de revolução visual que a próxima fase nos reservaria.


Links para partes anteriores da matéria:

Crítica do "Uchuu Keiji Gyaban - The Movie"

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Chegaram para os tokufãs brasileiros as primeiras cópias do Uchuu Keiji Gyaban - The Movie legendadas pelos nossos fansubs. À exemplo do que eu fiz em novembro passado com o filme do Super Hero Taisen, vou deixando minha visão por aqui.
Eu lembro que na época da estreia desta produção nos cinemas japoneses, em outubro de 2012, muitos fãs brasileiros criaram expectativas enormes, algumas maiores até do que em relação ao Super Hero Taisen. Minhas expectativas pessoais, apesar de não atingirem esse nível, também eram significativas, e de tudo o que eu conferi posso afirmar que não houve nada no filme que me decepcionou à ponto de eu deixar de recomendá-lo por aqui.
Desde muito antes eu já vinha entendendo esta produção mais como um investimento da produtora (e criadora) Toei para testar a popularidade do gênero Metal Hero nos dias atuais, assim como para observar sua aceitação pela geração de hoje. Dependendo de tais resultados, poderiam concluir se vale ou não a pena investir futuramente (e ainda mais) na revitalização de uma marca fora de uso desde 1998.
Não é a primeira vez que isso acontece. No início de 2012 o Uchuu Keiji Gyaban legítimo reapareceu ao lado do Super Sentai Gokaiger num ótimo filme. Naquela ocasião, o ator Kenji Ohba (originário da série clássica de 1982) reviveu seu personagem Retsu Ichijoji. Algum tempo depois foi anunciado que o ator Yuma Ishigaki seria o novo Gyaban para este filme, que daria continuidade às comemorações dos trinta anos da série do Gyaban lendário. Coube à ele também o papel do herói prateado naquela que foi a maior propaganda que a produção teve, com seus protagonistas figurando ao longo do episódio 32 de Gobusters. Tanto quanto o “The Movie”, esse episódio deu várias demonstrações de como o gênero seria trabalhado se estivesse vivo atualmente.

Tais demonstrações, porém, não podem evidenciar de fato o que seria realmente termos uma série de Metal Hero nos dias de hoje. Primeiro porque quase tudo que foi investido nessa ressurreição do Gyaban foi fortemente baseado em suas raízes originais. O que vemos nestes casos, na verdade, são releiturasde um grande sucesso, feitas com muito êxito e responsabilidade, mas que não chegam a serem suficientes para nos mostrar em 100% como se desenrolaria um seriado atual do gênero. Para isso precisaríamos observar algumas tendências que, acredito eu, só mesmo uma série poderia desenvolver_ tendências essas que incluem desde a construção da personalidade dos protagonistas até a criação de fantasias originais, costumes inovadores, etc. Já no que se refere à dinâmica da ação e efeitos especiais, estes trabalhos recentes indicam com segurança o caminho que tais séries seguiriam, pelo menos por hora. Optando por proceder dessa maneira,  o filme atinge principalmente fãs saudosos, mas também os que apenas conhecem a história antiga e desejam uma amostra atual daquilo que nunca vivenciaram de fato.

A experiência como forma de garantia
Mesmo não tendo feito um sucesso estrondoso nas salas de cinema japonesas, deu para mim concluir que este filme do Gyaban alcançou bem seu objetivo, partindo do caminho pelo qual optou apostar. O foco da história sempre busca algo mais voltado ao drama, tal como ele existe na série clássica, mostrando desde o início a relação afetuosa entre os amigos Geki Jimonji (Gyaban), Toya Okuma e Itsuki Kawai. Suas vidas tomam rumos inesperados após uma missão espacial da qual Geki e Toya são incumbidos, o suficiente para gerar certos conflitos que conduzirão todo o restante da trama até o seu ápice final.

O roteiro é simples, e passa longe das complicações vistas no Super Hero Taisen. Por esse motivo ele me agradou bastante no geral, mesmo reconhecendo que o drama entre os amigos não causa o mesmo impacto do que o vivido por Retsu com seu pai Boser na produção de 30 anos atrás.
Outra qualidade que observei deste roteiro é como ele facilita a introdução tanto dos personagens antigos quanto dos costumes tradicionais conhecidos dos Uchuu Keiji, mesmo nesta época já tão distante dos anos 80. Até como uma garantia aos saudosistas, o elenco contou com a participação de vários atores importantes. Além de Kenji Ohba_ que surge imponente aos 45 minutos de filme detonando na ação, numa sequência emocionante_ outro veterano a brilhar foi Toshiaki Nishizawa, mais uma vez vestindo a pele do Comandante Kom, tal como em 1982.
Outras estrelas da história recente do tokusatsu reafirmaram suas capacidades artísticas neste filme: Kai Hyuga, o Gou Fukami/Geki Violet de Gekiranger (2007) fez o novo Sharivan, e Hiroaki Iwanaga (conhecido anteriormente pelo seu papel de Akira Date/Kamen Rider Birth na série Kamen Rider OOO, de 2010/11) surgiu como o novo Shaider. No lado feminino, a atriz Yukari Taki, cujos fãs relembram pelo papel de Aoi Katsuragi no filme Kamen Rider W Returns: Kamen Rider Accel viveu desta vez a heroína Itsuki Kawai, enquanto que a ex-Shinken Yellow Suzuka Morita (do Samurai Sentai Shinkenger, de 2009) foi novamente a "Mimi do século XXI", a meiga Shelly, após participar também daquele episódio de Gobusters já citado aqui.

Gyaban é pop
Destaque também para a reconstrução no núcleo da Organização Makku. Desde o monstro Zan Vardo (releitura de San Dorba), primeiro rival a ser derrotado pelo herói no filme, passando pelo seguinte Lizzard Doubler (representante da tradição dos perigosos monstros Doubler da série de 1982, que sempre tinham sua força duplicada dentro da Dimensão de Makku) até a Bruxa Kill (versão renovada da Bruxa Kiba, vilã que surge no episódio 30 da série clássica). Comandados pelo recém-chegado Brighton_ um vilão claramente substituto do posto que pertenceu ao Caçador Maligno dos anos 80, já que o drama notado em ambas as identidades é praticamente idêntico_, eles buscam trazer de volta o temível Don Horror para dominar o universo, através de experimentos que alterariam a relação tempo/espaço, fazendo-o assim renascer da época de sua destruição pelo primeiro Gyaban.

O clima de flashback se estende ainda mais além e alcança a famosa trilha sonora de Akira Kushida, presente novamente tanto na versão já conhecida do tema original quanto em outra mais repaginada. Quando usada nas cenas da luta espacial do novo Gyaban, próximo ao final do filme, tal trilha soa bastante pop, e a sequência de ação idem, construída com muita fidelidade ao que quase todos os capítulos da série oitentista repetiam exaustivamente. Pincelada pela tecnologia atual, tal sequência ganhou em velocidade e até em realismo, um tipo de experiência que certamente ajuda a desenvolver o alcance dos efeitos CGI atuais do mesmo modo que os episódios de 1982 ajudaram a desenvolver a película. O maravilhoso Denji Seijuu Doru foi de longe o mais beneficiado pela edição final dessa parte da produção.
Este novo filme do Gyaban com certeza me deixará recordações muito boas, tanto quanto as que ainda guardo do crossover anterior com os Gokaiger. Este ano de 2013 promete ainda mais, uma vez que já surgiram evidências da participação dos Metal Heroes no próximo Super Hero Taisen, desta vez em companhia de Riders e Sentais. Fotos de revistas japonesas já exibem imagens excitantes, como um instante de luta envolvendo Gyaban e o atual Kamen Rider Wizard, enquanto que outras insinuam a presença de todos os demais guerreiros do gênero de Jaspion, Jiraiya e outros heróis que já fizeram muito sucesso aqui no Brasil.

Confira o álbum com cenas do filme, disponível na Fan Page do Henshin World no Facebook.

O site do Anime Yokai está disponibilizando também um vídeo com o filme, para quem gosta de uma opção online para assistir. LINK 

Kamen Rider Super-1

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Já faz algum tempo_ meses atrás, para ser mais específico_ que eu venho devendo uma resenha sobre um Kamen Rider antigo, desses da Era Showa, de antes do nosso Black. Recebi pedidos a respeito, e considerando que poucos desses Riders têm episódios a disponibilidade do público brasileiro (e como consequência disso, também muito pouca informação, até mesmo em veículos grandes, como a Wikipedia), acho que sempre vale a pena o blog investir mais neles, usando como referência principalmente o que eu absorvi dos vários episódios em inglês que assisti em outras épocas.
Kamen Rider Super-1 é um dos meus favoritíssimos, algo que confesso ter pesado um pouco para que ele fosse o escolhido da vez. Os projetos recentes de legendagem da série que conheço, tanto nacionais quanto estrangeiros, estão já há muito tempo estagnados. Mas os poucos episódios disponíveis já dão uma noção básica de cerca da metade do que a produção apresenta. Exibida no Japão entre 1980/81, Super-1 se destacou por ser o primeiro Rider cujos principais poderes estavam nas mãos, e não nos pés_ mesmo com ele possuindo uma variedade de dez tipos diferentes de Rider Kicks. O momento máximo de cada uma de suas aventuras (ao lado de seu henshin deslumbrante) era o da Change Hand, algo que, como veremos adiante foi o primeiro sinal das futuras formas variáveis que Black RX iria trazer.

Tecnologia e dependência
Muito antes da chegada dos vilões de Dogma ao Japão, Kazuya Oki é um cientista que se oferece como cobaia de um importante projeto espacial. Liderados pelo professor Henry, uma equipe procura criar o astronauta perfeito, capaz de se defender dos perigos no espaço, auto-regular seu corpo em atmosferas instáveis, rastrear o que acontece em sua volta, etc. Esse projeto, batizado de Super-1, visava acima de tudo trazer benefícios à população da Terra, e talvez até vir a facilitar a vida do homem fora dela, num futuro próximo.

O experimento em Kazuya foi um sucesso completo. Seu corpo foi modificado a ponto de lhe garantir, além de uma nova forma ultra-resistente,a possibilidade de acesso às Five Hands, que davam a ele poderes através das mudanças de cor em suas mãos. É interessante notarmos que a intenção original por trás de cada um desses poderes era apenas facilitar o comportamento humano durante uma viagem espacial. Vejamos a seguir a descrição de cada uma das Five Hands:

Super Hand (Silver Hand/prata) -Parte de sua forma padrão, eram as mãos da força, capazes de dar fortes golpes, com impacto de 300 toneladas;
Power Hand (Red Hand/vermelha) - Permitiam levantar grandes pesos, de até 50 toneladas, com extrema facilidade;
Eleki Hand (Blue Hand/azul) - Capaz de gerar fortes correntes de energia elétrica que podiam ser disparadas contra o inimigo em forma de raio;
Reinetsu Hand (Green Hand/verde) - Mãos de dupla utilidade térmica; a direita era capaz de disparar jatos de fogo com altas temperaturas, e a esquerda fazia o reverso, disparando um jato de gás congelante;
Radar Hand (Gold Hand/dourada) - Mão com um foguete embutido, o Radar Eye, que quando disparado era capaz de rastrear um raio de 10 quilômetros ao redor do Super Rider;

Como foi dito antes, as Five Hands eram quase uma mudança de forma, já que garantiam novos poderes ao Rider, apesar de que o resto do seu corpo permanecesse com o mesmo aspecto. Bem podem ter sido elas a primeira raiz das formas alternativas de Black RX (que já eram mutações totais) e de muitas outras que seriam vistas nos Heisei.
De início, tanto a transformação de Kazuya em Super-1 quanto o acesso dele às Five Hands dependiam das máquinas do projeto espacial_ ou seja, ele era totalmente incapaz de se transformar ou de usar seus novos poderes sozinho! Pouco depois de fazer testes de habilidade para o programa, a invasão de Dogma teve início: um dos cientistas guiados pelo professor Henry era na verdade o monstro Fire Kong. Cientes do potencial que o experimento oferecia, tentaram convencer o professor e os demais a fazerem de Super-1 um instrumento bélico para as conquistas de Dogma. Num dos momentos mais tensos (não só do primeiro episódio, mas de toda a série), vemos Sakata, um dos assistentes do professor, destruindo a tiros as máquinas operatórias do programa espacial, depois de ter sido acuado por ameaças de morte que os vilões fizeram à sua família. Esse ato foi suficiente para impossibilitar Kazuya de se transformar em Super-1 e tentar conter o inimigo através da luta. Combatendo os soldados de Dogma e o forte monstro em sua simples forma humana, Kazuya não foi capaz de defender o professor Henry, que foi assassinado_ dando sequência a tradição dos heróis Kamen Riders que sempre perdem um parente ou mentor no episódio inicial, por obra do inimigo. Antes de morrer, no entanto, o professor deixou ao rapaz a inovadora moto V-Machine, e suplicou-o para que aprendesse a se transformar sozinho e lutasse pelo bem da humanidade.


Mas, por mais que se esforçasse, sempre com muito exercício físico, disciplina e dedicação integral, Kazuya não conseguia se transformar. Lembro como era algo comovente de se ver, o seu desespero por conseguir um resultado imediato, ante a urgência de combater o inimigo que já causava muita destruição pelos quatro cantos do Japão. Mas ainda demoraria um pouco mais para o nosso herói perceber que, numa situação daquelas, o desenvolvimento do corpo apenas não era o bastante.

A dupla face da força
Quando toda a base espacial foi finalmente destruída, com uma explosão em que fora atirado à quilômetros de distância, Kazuya conseguiu se transformar. Algo um tanto inusitado, mas isso não só garantiu a sua sobrevivência como também lhe forneceu uma pista do que precisaria para alcançar seu objetivo_ que era ter controle sobre sua própria mutação. Retirado em um templo, o jovem resolve aperfeiçoar ainda mais o seu corpo através das artes marciais. Orientado pelo mestre Genkai e na companhia de vários amigos, ele rapidamente desenvolve a técnica do Punho Shaolin_ algo bem próximo à arte do Sui Ken, um dos estilos mais letais e perigosos que se conhece, muito disso por ser quase impossível prever a condução de movimentos do oponente.

Pouco antes de passar em seu último teste para deixar o templo_ que consistiu em derrotar a todos os seus 100 amigos de uma vez em um treinamento, todos eles portadores de faixa-preta_, Kazuya ouviu da boca do mestre Genkai as palavras que seriam, a partir dali, o farol de sua jornada, e que ele se lembraria a cada vez que precisasse recorrer à seus poderes excepcionais. Palavras que, sem dúvida, formam o diálogo mais profundo e emocionante de toda a série:

Kazuya, você não deve se apressar. Ou então nunca poderá dominar a técnica do Punho Shaolin. Naquele dia, naquele mar de chamas [referência ao dia em que foi arremessado longe com a explosão da base espacial] (...), naquele momento, você foi capaz de se transformar porque sua mente estava vazia. Abandone todos os seus pensamentos, e deixe a energia fluir em seu corpo. A técnica do Punho Shaolin tem esse preceito: reunir toda sua força interior e transformá-la em força física. Quando você dominar essa técnica secreta, você será capaz de se transformar.


Com essas mesmas palavras, Kazuya ainda perceberia que tão fundamental quanto a força física era a força da mente. Tranquilidade de espírito, determinação. Através de valores como esses, o herói obteve todas as respostas que a avançada ciência espacial ficou lhe devendo. Pelo pleno domínio do Punho Shaolin, já executava não apenas sua transformação como também a Change Hand, momento que lhe permitia alcançar a habilidade que quisesse para suas mãos de variados poderes. Ainda sobre seu lindo henshin (que foi detalhado num Top Five que fiz aqui no ano passado), a coreografia deixa ainda mais evidente como a técnica ditava sua mutação: no movimento final, as mãos do herói se encontram exatamente na mesma posição que as dos discípulos de mestre Kame que aplicavam o famoso golpe "Kamehameha" em Dragon Ball.

A partir daí, fica bem visível que a história passa a dar uma ênfase maior para essa temática das artes marciais, mas haviam também alguns pontos importantes que não deixariam o espectador se esquecer do outro tema principal, focado nas origens espaciais de Super-1. O mais marcante deles estava na base secreta que Kazuya mantinha. Antes de sair para as batalhas pilotando sua V-Machine, o Super Rider sempre fazia um check-up completo através de um computador chamado Check Machine, que analisava o estado do mecanismo robótico de seu corpo, da cabeça aos pés. Era um dos momentos de maior suspense nos episódios da série (para provar também como essa qualidade não foi deixada de lado), já que sempre havia muita apreensão pelo "ok" do computador a cada exame. Através de mais essa herança do programa espacial era possível sabermos se Kazuya tinha o não sua condição de luta em 100%.

Novo império e reforços
Outra boa surpresa nessa série foram os atributos exibidos pela moto V-Machine, que a exemplo do que se via na Change Hand, também possuía variados modos de uso. Em seu estado primário, a V-Machine era uma moto grande, pesada, útil principalmente para patrulha normal. Já na forma V-Jet, a máquina revelava dois propulsores laterais, semelhantes a pequenas asas, que serviam para multiplicar sua velocidade, permitindo deslocamentos a níveis ultra-sônicos. Para concluir, havia ainda a Blue Version, cuja aerodinâmica mais leve era ideal para vencer terrenos off-road, além de ter sido também a forma mais usada nas batalhas sobre rodas.
Com instrumentos poderosos como esses, não demorou muito para que a ameaça de Dogma fosse derrubada. Sentindo-se já sem forças para contra-atacar, os vilões lançaram mão de suas últimas cartadas, em que tanto o General Megarl (comandante de guerra) quanto o grande líder Terror Macro assumiram suas formas monstruosas e confrontaram Super-1 abertamente.

Imediatamente após isso, surge um novo império maligno: Jin Dogma (a partir do episódio 24), que consegue reaproveitar parte da ciência de Dogma para se fortalecer. Como contraponto ao novo time de vilões, a série trás simultaneamente um importante reforço para Kazuya: trata-se de um grupo de patrulheiros-mirins, cuja missão é auxiliar Super-1 observando os passos de Jin Dogma e suas supostas ações. Essa patrulha-mirim, na realidade, não era a primeira. Em 1973, o herói Shiro Kazami/Kamen Rider V3 também contou com a ajuda de um grupo juvenil, exatamente nos mesmos moldes que este_ a Shonen Rider Tai, que nesta série Kamen Rider Super-1 seria rebatizada de Junior Rider Tai. E o Super Rider teria ainda mais reforços futuramente, com os oito Kamen Riders anteriores surgindo na trama e se juntando a ele na luta contra Jin Dogma.
Super-1 é, até hoje, o único Kamen Rider a ter tido uma relação estreita com as artes marciais do Oriente, com um mestre e com técnicas específicas de batalha. Mais surpreendente do que isso é o que se vê ao longo de toda a duração da série: dois temas um tanto diferentes (artes marciais e tecnologia espacial) coexistindo, caminhando juntos com que de mãos dadas, sem qualquer incômodo, talvez a qualidade maior vista neste maravilhoso seriado.

Haruka Tomatsu, uma artista de múltiplos talentos em Kyoryuger

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Abrir espaço para novos talentos sempre foi algo essencial a qualquer série Super Sentai feita até hoje. Sabe-se porém que Kyoryuger, como poucos de seus antecessores, já nasceu com a missão primordial de zelar pela estabilidade e por tudo que o gênero conquistou até aqui. Desse modo, recorrer à artistas já consagrados tem sido um dos meios encontrados pela produção para cumprir a meta. Unanimidades em simpatia como Ayumi Kinoshita, veteranos com currículos de alto respeito como Junichi Haruta e até rumores estimulantes, como o que promete a entrada de Nao Nagasawa no time futuramente vêm provocando brilho nos olhos de todos nós, tokufãs já habituados com esse universo. 
Meio curioso que, em meio a todas essas feras, uma menina sem qualquer envolvimento anterior com tokusatsu vem sendo uma das principais a chamar a atenção_ não só a minha, mas de boa parte do público japonês, como andei constatando: Haruka Tomatsu já é uma artista bem conhecida e prolífica aos 23 anos, seja como dubladora, cantora ou como atriz. Para compor sua personagem Canderilla na série Haruka já usou, em apenas três meses, todos esses talentos, fazendo a voz da vilã, cantando seu tema e interpretando-a em sua forma humana. No meu ponto de vista, ela já tem de tudo para decolar como um fenômeno, similar ao que aconteceu com Ayame Misaki no ano passado. Óbvio que para superar Ayame em popularidade ao redor do mundo, Haruka precisaria de espaço para aparecer mais em Kyoryuger. Até o dia de hoje ainda não se sabe o quão frequentemente veremos o seu rosto na telinha. E, apesar de já estar causando bastante furor no Japão, isso pode pesar um pouco entre o público de outros países que ainda não conhecem o trabalho diversificado dela.

Tudo isso fica ainda mais interessante quando nos focamos em observar o lado cantora da Haruka. Na maioria dos casos até hoje, gêneros como o Super Sentai costumam primeiro projetar a atriz para só depois impulsioná-la para o mercado fonográfico_ ou, em última instância, projetar tal habilidade de cantora na atriz em função da própria série em que ela atua. Temos exemplos disso desde épocas já remotas, casos de Megumi Ogawa (que cantou seu próprio tema em Goggle V) e Sayoko Hagiwara (que gravou uma versão alternativa à de MoJo para "Yume wo Kanaete", tema de encerramento de Dynaman), passando por Megumi Mori, Natsuki Takahashi, Atsuko Kurusu, até chegar a tempos mais recentes com Nao Nagasawa e Ayumi Kinoshita. 
Ao contrário de todas essas, Haruka Tomatsu entrou em Kyoryuger já reconhecida de antemão como uma cantora de sucesso há pelo menos três ou quatro anos. Seu primeiro single, "Naissance" (2008), é um trabalho mais voltado para a busca de pureza melódica, e que se preocupa quase que exclusivamente com isso. Mas, menos de dois meses depois desse lançamento, o próximo single da lista "Motto Hade Ni De" (2008) já a revela melhor como promessa, gerando um vídeo clipe irrepreensível (que parece fazer jus a um termo difundido no mundo otaku que diz que "fofura também é cultura"), ao mesmo tempo que cativa imensamente qualquer um que ainda não conheça a cantora.


Analisando essa canção em especial, lembro como foi principalmente através dela que eu me impressionei com a potência da voz da Haruka e com sua desenvoltura em momentos que, musicalmente falando, chamaríamos de "críticos"_ como por exemplo o que existe na metade do refrão, onde há uma tensão acumulada logo seguida por um relaxamento de longa duração. Tentando me explicar de outro modo, eu diria que Haruka-chan tem uma voz com um timbre alto, mas que não perde a força nem mesmo quando sobe subitamente para alguma nota aguda e depois ainda precisa de fôlego por algum tempo, para completar a estrofe. Característica assim deve ser fundamental para ajudá-la a dar vida para uma vilã coberta em êxtase, como é o caso da Canderilla.


Se é capaz de sempre manter a ternura, como se vê em vários outros trabalhos à frente desse, como "Baby, Baby Love" (2010), Haruka também se dá bem quando opta por assumir uma postura mais séria de artista pop, ou seja, mais aos moldes ocidentais. É o que vemos em músicas como "Oh, My God" (2011), que além de certamente contribuir para sua maturidade como performer em um futuro próximo, ainda pode lhe dar alguma experiência de como se comportar caso sua personagem venha a ter algum momento mais tenso lutando contra os Kyoryuger. Afinal, por mais doce que o sorriso de Ayame Misaki possa parecer hoje aos olhos dos tokufãs pelo planeta, todos se lembram muito bem como sua personagem Escape jamais pegava leve com o Ryuji e com os demais Gobusters, enquanto que Canderilla foi previamente criada como Amazona da Alegria da Devos, e usa esse sentimento bastante peculiar (para não dizer contraditório) como combustível de suas maldades.


Mesmo com essas diferenças entre suas personagens, Ayame e Haruka têm um notável ponto em comum, que é seguir uma tendência apresentada pelos Super Sentais desde o meio da última década, em que garotas acima dos 20 anos e já com alguma experiência mais sólida no meio artístico (geralmente vindas de algum papel em doramas) são recrutadas para compor personagens alheios às das heroínas principais. Os últimos anos já nos mostraram algumas atrizes mais jovens como heropinas principais, exemplos de Mao Ichimichi (que interpretou a Gokai Yellow de Gokaiger com 19 anos) e Arisa Komiya (que fez sua Yellow Buster com 18), enquanto que em Kyoryuger estamos vendo a única guerreira feminina da equipe ser vivida por Ayuri Konno, que surpreendeu ainda mais que as antecessoras citadas aqui por ter apenas 16 anos (e completados neste próprio 2013!).


Comparações à parte, Haruka-chan tem de tudo para ser única através desta sua atual experiência em Kyoryuger. A mim, pessoalmente, ela já cativou bem mais do que Ayame Misaki. Como artista, parece não lhe faltar atributo nenhum, além de que parece bem evidente como ela já conseguiu mostrar do que é capaz na série, pelo que participou até aqui. Acredito que muitos, assim como eu, também já estão na torcida para que Haruka-chan conquiste um espaço cada vez maior para aparecer nos próximos episódios do Sentai, deixando para o futuro um forte rastro de simpatia e graciosidade na memória de todos nós.

Akibaranger e seu sucesso: entrevistando o dono do site Hikounin Toku

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O sucesso de Akibaranger e sua repercussão positiva sempre me impressionaram. Desde o lançamento da primeira temporada no meio do ano passado, que felizmente pude acompanhar na própria época, sem atrasos, podendo assim analisar melhor a reação dos fãs diante daquela grande novidade, até aos dias de hoje, em que a exibição da Season #2 parece não deixar mais dúvidas de que Akibaranger é um projeto que definitivamente deu certo.
Ciente de tudo isso, a necessidade que eu sentia de abrir um espaço aqui no blog para falar de Akibaranger aumentava a cada dia. Mas, mesmo desejando isso, eu vinha adiando essa ideia, por sentir que meus argumentos a respeito da série eram muito rasos, e falando por mim mesmo numa resenha qualquer ela certamente ficaria num nível bem abaixo de outras que já publiquei por aqui.
É certo que gosto de publicar algo aqui apenas quando me sinto satisfeito após o ponto final, e quando sinto que consegui passar aos leitores tudo o que penso a respeito do assunto abordado. Uma opção seria eu fazer uma publicação breve na Fan Page do Henshin World que mantenho no Facebook (e que atualizo quase que diariamente). Mas Akibaranger merecia algo maior, mais detalhado. Foi daí que me nasceu a ideia de entrevistar o amigo Mateus Nascimento, dono do recém-criado Hikounin Toku, site muito bacana que eu venho acompanhando desde antes de ter ido ao ar, e por isso tive a honra de ser o primeiro parceiro formal.
Como eu nunca fui um fã de carteirinha nem tampouco crítico aberto de Akibaranger, esse tipo de sentimento fazia com que eu enxergasse a série por um ponto de vista meio neutro, e essa neutralidade sem dúvida foi um obstáculo para mim desenvolver melhores argumentos sobre o Sentai Não-Oficial. Por isso eu senti aqui que a opinião do Mateus, como grande fã de Akibaranger que é, foi fundamental para complementar todas as lacunas que ficariam em aberto, caso eu resolvesse mesmo resenhar Akibaranger por conta própria.

O resultado final da entrevista_ que para mim ficou acima das expectativas_ vocês podem conferir tanto aqui quanto no Hikounin Toku. Mais do que o debate sadio entre dois fãs, ela fica também como um testamento dessa série que diverte e nos ensina como é possível acreditarmos em vencer no nosso mundo real_ mesmo que ainda pareça bem mais fácil vencer no mundo da ilusão:


PERGUNTA- A primeira temporada de Akibaranger teve poucos episódios (12+1 especial). Séries de tokusatsu geralmente são curtas quando o conteúdo é mais adulto e dão menos retorno financeiro_ já que não gera produtos voltados ao público infantil. Mas sabemos que não é esse o caso de Akibaranger, que é liberado para todos os públicos. Na sua opinião, qual foi o motivo da Season #1 ter tido tão poucos episódios?

MATEUS NASCIMENTO- A realidade é que Akibaranger nunca foi tão "liberado" assim, o que justifica o fato de se passar na madrugada japonesa (1h30, pra ser exato) e na Season #1 a narradora dizer sempre no fim do episódio "Crianças boazinhas não devem assistir!". Akibaranger é uma coisa cômica e *picante*, por isso a fórmula deu certo. Mas o motivo de se ter apenas 13 episódios, pra mim, é que simplesmente Akiba não segue padrões nem regras de um Super Sentai oficial. Escrachado e fora da linha, a série prometeu risadas que nós nunca daríamos numa série Sentai oficial. Tanto que o tio Hatte Saburo (como gosto de chamar) pôs apenas aquilo que não seria bem visto no domingo de manhã. Daí mais um motivo para a série ser completamente fora dos eixos como ela é.



      P- Akibaranger é uma série cômica que fez grande sucesso entre os fãs de tokusatsu do Brasil. O curioso é que por aqui uma grande parcela de tais fãs costuma rejeitar séries assim, porque vêem como referência as dramatizações da década de 80, que são bem o oposto disso. No caso de Akibaranger, o que você acha que ajudou a cativar esse público mais conservador?

M- Eu acho até estranho o pessoal que curte toku se basear apenas em séries anos 80, isso não é motivo pra rejeitar as coisas mais modernas. Akibaranger não só satiriza séries Sentai como as homenageia de uma forma bastante incomum. São várias as referências que aparecem na série, tanto as óbvias, quando Akagi compara a situação a algo que ocorreu em tal Sentai, como também as escondidas, que só os fãs mesmo conseguem achar. Lembrando: Akagi tem 30 anos agora, ou seja, ele viu boa parte dos Sentais 80's, fazendo as referências serem cada vez mais comuns. São essas pitadas de nostalgia que fazem até os mais duros em relação a séries atuais se "desmancharem" com uma sátira tão divertida e complexa ao mesmo tempo.


      P- Quando eu penso em séries cômicas me vem na cabeça Carranger, Patrine... falando de Carranger, eu vejo um ponto em comum dele com Akibaranger, que é o fato de ambos deixarem o humor influenciar nas cenas de luta. Além disso, alguns vêem Carranger como uma “sátira aos Super Sentais”_ eu não penso assim, mas, se concordasse, seria mais um ponto em comum. Sendo assim, por quê será que Carranger é tão mal-amado enquanto que Akibaranger desperta tantas paixões?

M- Realmente, Carranger é considerado por muitos uma sátira. Não cheguei a ver, mas tenho planos para assistir um dia. Mas pelas descrições que vejo por aí, Carranger é um "Akibaranger do século passado", por que era divertido e muito cômico. Mas, como um Sentai oficial, e ainda por cima que comemorava 20 anos da franquia, a fórmula do humor não devia ser despejada aos montes nela. Deveria ser algo mais heróico e sério, reforçando que assim como seus antecedentes, eles nasceram para ser heróis bravos e corajosos, e não heróis "piadistas" e atrapalhados como se vê. Akibaranger é algo próprio, separado, onde não se vê a necessidade de ser sério como os oficiais (tomo como exemplo Shinkenger, que é a série mais séria de 2005 em diante). A fórmula funciona, desde que seja usada no momento correto, e o momento de Akiba com certeza veio a calhar.



      P- Pelo que eu entendi dos primeiros episódios de Akibaranger, a série começou com a intenção básica de satirizar não só os Sentais oficiais como também o mundo otaku em geral, sempre com aquele humor escancarado conduzindo tudo isso. Mas, da metade em diante, parece que o foco muda, aparecem histórias envolvendo os personagens, como o drama da Hakase com o pai, a crise dos membros quando se vêem lutando no mundo real, etc. Agora a Season #2 começou sob o suspense em torno da equipe se tornar oficial! Muito além do humor, você acha que Akibaranger é um seriado com trama?

M- Sem dúvida, Akibaranger me cativou não só pelo humor em si, mas pelo desenvolvimento, mesmo corrido, de uma história digna de "últimos capítulos de novela das 9". Season #1 focou mais a descoberta do mundo da ilusão, e o quanto Akagi, Aoyagi e Yumeria poderiam expandir seus delírios otaku para uma evolução de universo ilusório. Já Season #2 veio "chutando o balde", escancarou logo uma trama bastante condizente, um membro saindo e um problema ao mesmo tempo, é uma puxada no gatilho para a história. A trama e "O Drama" caíram como uma luva, mas não deixaram o humor de lado. Resumindo: os escritores da série capricharam e mandaram muito bem.


      P- Os momentos de maior emoção num tokusatsu geralmente são também os mais dramáticos, com alguma história trágica ou de grande superação pessoal envolvida na cena. Você acha que uma série cômica como Akibaranger descarta esse conceito (ou seja, é feita só para rir mesmo) ou também dá para se emocionar com ela? Como?

M- Com certeza, eu mesmo me emocionei pacas com o fim da Season #1. Na época, lembro que fiquei bastante triste em saber que iria acabar em 13 episódios. Mas na última mensagem do último episódio, tive a sensação que voltaria depois. Quando saiu um spoiler de um filme, fique doidão de ansiedade, mas desanimei quando soube que era falso. Quando saiu outro spoiler, dessa vez de "Hikounin Sentai Akibaranger Z", não tava tão animado assim, achando que era fake de novo. Mas aí desmentiram apenas o nome. Quando veio "Akibaranger Season #2tsuu" e com imagens mais reais, com até fotos inéditas e capacetes alterados, não tive dúvida: era real. Aí fiquei na expectativa até sair oficialmente (ironia... rsrs). E o single então, foi o que mais me empolgou nesse período. Quando eu ajo assim, é por que a série me tocou de um jeito que me faz querer ver mais. Creio que se me emocionou a esse ponto, pode emocionar qualquer um que consiga se envolver com a história.


      P- O Super Sentai é um gênero que vem demonstrando certas tendências humorísticas já há mais de 20 anos_ apesar de que tais tendências de humor vem sendo bastante estáveis nesse tempo todo. Vamos supor que um dia apareça um Super Sentai oficial com um nível de humor idêntico a Akibaranger (quando digo “oficial” quero dizer, que dure um ano inteiro, gere filmes, etc.). Acompanhando por tanto tempo e sendo a única opção de Sentai no ano, você acha que, em algum momento, sentiria falta de uma ou outra cena mais séria, mais dramática, onde não há espaço para o humor?

M- Obiviamente. Uma série humorística é ótima, até o ponto em que só se tem isso pra ver. Se não vem com uma forma nova, enjoa. Talvez por isso Carranger foi tão mal-aceito. Uma série que só tem humor o tempo todo, e por muito tempo, perde a credibilidade. Akibaranger deu certo por que usou o humor de forma super adequada, e por pouco tempo. Se tivesse tido uma duração maior, ficaria monótono. Por isso o humor é sempre bem vindo, desde que não se fique apertando na mesma tecla.



      P- Você acha que realmente já é possível que apareça aí um Sentai oficial super humorístico como Akibaranger ou isso é improvável ainda, seria mudar demais e muito repentinamente o campo dos oficiais?

M- Não digo impossível por que do Japão eu espero tudo. Mas abrir o humor direto na cara, numa coisa oficial, seria algo meio desagradável para os fãs, que se acostumaram com o equilíbrio. Porém, seria um bom negócio para o público infantil, que adora esse tipo de coisa. Ainda é improvável, mas a qualquer momento pode surgir por aí uma novidade bem diferente do normal.


      P- Uma coisa que me desagrada em Akibaranger é os uniformes, com aqueles detalhes em acrílico_ isso porque sempre vi roupas de tecido leve como parte da identidade básica de um Super Sentai. No entanto, já vi pessoas dizerem que gostaram dessa inovação. Gostaria de saber o que você acha dessa nova roupagem e se também existe algo em Akibaranger que você não goste.

M- Costumo dizer que inovação é bem vinda sempre, desde que se equilibre entre o novo e o estranho. O acrílico nos uniformes é uma inovação bastante interessante, mas me dificultou demais na hora de desenhar (sim, eu desenho Sentais, em especial Akiba, além de inventar alguns de vez em quando... rsrs). Os capacetes também, inovando e trazendo nostalgia. Mistura do novo com Battle Fever J (outra série que curto, mas não vi todo). Os cabelos no capacete foram uma jogada de mestre na minha opinião. 
Dificilmente encontro algo que não goste na série. A mudança do capacete da AkibaYellow foi algo que me estranhou um pouco, tal qual a mudança de personalidade entre ela e a Blue. O capacete: "estilo chinesinha" ficou um tanto incomum pra mim. A personalidade: a bobinha deixa de ser a Yellow, e passa a ser a Blue. Consequentemente, a seriedade passa pra Yellow, que não deixa de ser bobinha, mas prefiro completamente bobinha. É mais "kawaii" pra mim... Não é que eu não goste, apenas me causou uma leve estranheza.



      P-  Voltando a falar de tendências, a primeira temporada aderiu a uma bem recente: a das alusões à outras séries com participações especiais de atores já conhecidos. Esta nova Season #2 também vem apostando bastante nisso, o que parece ser um sinal de que há uma preocupação com qualidade. Para você, qual Season vem sendo a melhor até aqui?

M- Não tenho uma preferida ao extremo, mas a Season #2 vem me conquistando mais. A história mais complexa me deixa bastante empolgado na espera por novos episódios. Marushina ficou cada vez mais bonita no sentido de sexy, e Yumeria ficou cada vez mais bonita no sentido de bonita mesmo, parece que algo mudou nela, não sei dizer bem... Claro que Mitsuki faz falta, mas Luna vem preenchendo aos poucos o espaço dela, mesmo sem a personalidade forte da primeira Blue. A trama séria vem se desenvolvendo aos poucos a partir do episódio 7 pra frente. Não faço ideia do que virá, mas a expectativa é grande. Creio que tem muita coisa que vai fazer a série ficar cada vez melhor, isso é apenas questão de tempo. E de controle da ansiedade, por que a essa altura, ela é imensa!

Brinquedos de tokusatsu ontem e hoje: comentário feito em parceria com o fotoblog Heróis da TV

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Fiquei muito contente quando o amigo Admilton Ribeiro me convidou a escrever este comentário para o seu fotoblog Heróis da TV. Mais do que seu espaço pessoal para falar de tokusatsu, o Heróis da TV sempre revela uma postagem nova melhor que a anterior, por isso minha primeira preocupação como colaborador foi me esforçar para fazer algo que não comprometesse isso, que não ferisse a qualidade do site. Conforme combinamos, este texto está sendo publicado no Heróis da TV e no Henshin World ao mesmo tempo e integralmente. Como o tema aqui foi totalmente escolhido pelo Admilton, isso ainda me dá uma oportunidade de escrever sobre algo que eu não premeditei, me ajudando a acumular mais experiência como comentarista, algo que com certeza possa vir a me ser útil no futuro.
Os registros mais antigos que eu tenho falando a respeito do frisson causado pelos brinquedos de tokusatsu são do final da década de 80, e coincidem com a época em que as séries exibidas pela Rede Manchete estavam em alta. Cópias de páginas de jornais e revistas testemunham que eles eram apenas uma parte dos vários produtos derivados com a estampa dos heróis, sempre garantindo sucesso nas vendas.
O jornal "O Estado de S. Paulo" do dia 14/03/1989 revela ainda que os brinquedos eram de fabricação nacional, e tinham todo o seu licenciamento manipulado pela Everest Vídeo_ a mesma empresa que trouxe boa parte das fitas para o Brasil. Segundo a página, um kit do Changeman vendido na época, com máscara, espada e escudo de plástico era "salgado": 25 cruzados novos (ou R$ 205,02, pela atualização de valores de junho/2013).
Outra página do mesmo jornal e do mesmo ano_ desta vez com data de 25/11_ dedica-se mais integralmente ao tema dos brinquedos. O foco da matéria é o empresário Ayres Campos, que nas décadas de 50 e 60 protagonizou o Capitão 7, super-herói brasileiro que fazia grande sucesso na TV e cujo nome seria repassado à fábrica de confecções de fantasias que administrava junto com seu filho, em São Paulo. A produção em torno da marca dos heróis japoneses era feita sob encomenda da Everest, sendo responsável por 80% de seu lucro anual.


Um ponto ruim de eu ter baseado minha pesquisa dos brinquedos antigos quase toda aqui no meu acervo pessoal de arquivos é que eles só se ocupam em falar desses produtos "Made in Brazil", fazendo com que eu não tenha nenhuma referência de como era o mercado japonês naquela época. Como o nosso país sofria com um inflação descontrolada, é provável que a fabricação própria entrava aqui como alternativa econômica para tentar conter um pouco o alto fluxo de importações que, sem dúvida, causava boa parte de tal descontrole nos preços nacionais.
Porém, é quase certeza que muitas produtoras de seriados tokusatsus não dependiam tanto quanto dependem hoje da receita vinda dos brinquedos. Muito mais importante para elas era a comercialização dos direitos com outros países, numa gama que ia desde a exibição dos seriados originais nos canais de TV de fora do Japão até o licenciamento dos copyrights, detalhes únicos e patenteados que viriam a ser copiados pelos fabricantes de produtos diversos no mundo afora.
Já hoje em dia, sabe-se que esse licenciamento existe, porém de uma forma bem mais contida. Sem falar que a demanda por lucro é infinitamente maior_ até para manter o nível das produções e nunca interromper seu desenvolvimento. O papel fundamental que a receita dos brinquedos tomou para fábricas e produtoras pode ser visto até de uma forma prática: basta irmos, por exemplo, numa pesquisa de imagens do Google ou de outro site de busca da Internet para constatarmos como figuras de bonecos serão cerca de 70 % (ou até mais) dos resultados sobre o nome de algum herói de tokusatsu_ que nem precisa ser protagonista.
Se esse mercado por um lado assusta, por outro também é compreensível, ainda mais quando notamos a crescente qualidade da maioria dos materiais à nossa disposição.

A renovação do antigo: releituras de personagens em tokusatsus

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Tendência atual nas produções de tokusatsu, as releituras para personagens antigos vêm tomando proporções cada vez maiores, além de não darem nenhum sinal de quando sairão de moda. Acredito como muitos de nós, fãs de tokusatsu, já deva ter tido várias oportunidades de ver (ou rever) algum herói, vilão, ou até mesmo um simples monstro de épocas passadas em ação numa série ou filme mais recente, totalmente reconstruído, e ganhando não só um melhor acabamento na composição dos materiais que os fazem visíveis, mas também requintes de produção nos efeitos especiais que os dão vida.
Eu mesmo já tive muitas dessas oportunidades. Em menos de dois anos, foram incontáveis as vezes em que me surpreendi com a performance de inúmeros desses personagens reconstruídos, sempre comparando a ousadia do novo com a simplicidade do original. Nesses momentos (e como que num lapso) eu geralmente me pergunto duas coisas: primeiro, se aquela produção da época de origem (ou seja, a antiga) exibia realmente o que se podia fazer de melhor naquele tempo ou não. Segundo, se é realmente possível melhorar ainda mais o tanto que já se faz hoje em termos de produção (e como).

Shadow Moon é um dos personagens que mais ganhou releituras
nas últimas décadas. Em todas elas, a fidelidade ao original foi tamanha
que fica difícil perceber até a evolução no material da fantasia. Nesta 

imagem, vemos quatro gerações do vilão: em Kamen Rider Black (1987),
no filme All Riders Vs Dai Shocker (2009), como gigante no
curta Kamen Rider World (1994) e no Super Hero Taisen (2012)
É fato que, na maioria das vezes, eu me surpreendo positivamente com o que vejo ser produzido nos dias de hoje e, assim como muitos outros, às vezes chego também a estranhar a simplicidade explícita em tokus de épocas remotas (e quanto mais remota a época for, maior a chance disso). Mas engana-se quem acha que com esse pensamento eu deixe de gostar do antigo_ ou me afaste dele_ muito pelo contrário! Acredito que sejam justamente essas dúvidas e essa ambiguidade de sensações as maiores responsáveis para que a minha curiosidade pelo antigo se amplie a cada dia, assim como também minha simpatia por muitos deles. Até confesso que, atualmente, eu sinto uma certa rejeição à tokusatsus produzidos antes de 1970. Mas, na maioria dos casos, me divirto tentando imaginar como era a relação dos “nativos” daquele tempo com as respectivas séries.

Remakes: traçando um panorama de preferências
Reencontros periódicos de heróis e vilões de épocas distintas são habituais não só nos tokusatsus como também nas famosas HQs americanas. Eu sou dos que acreditam que a tendência atual de remakes de personagens se deve à influência deixada principalmente por Kamen Rider Decade (primeiro na série, depois em seu filme “All Riders Vs Dai Shocker”) e por Gokaiger, até porque a grande maioria das releituras que presenciei ultimamente foram criadas após a consolidação dessas produções no mercado. Tivemos, por exemplo, o filme "Gokaiger Vs Goseiger", onde o que era para ser apenas mais um crossover dos dois Sentais mais recentes até então acabou se tornando uma grande reunião de todas as equipes numa proporção bem maior do que qualquer outra vista antes_ até para aproveitar o argumento do gênero estar comemorando seus 35 anos de exibição na TV japonesa.

Releituras do Super Hero Taisen de 2012: a Shocker
(em símbolo, soldado e no monstro Sasori Ningen, 1971),
Bio Hunter Silver (Bioman) e Tiger Roid (Kamen Rider ZX, 1984),
Doras (Kamen Rider ZO, 1993), um monstro de Goranger* e o
General Shadow (de Kamen Rider Stronger, ambos 1975), e o
General Jark de Kamen Rider Black RX (1988)
Outro filme que merece ser mencionado (com decepções de alguns fãs à parte) é o "Super Hero Taisen" de 2012, que na minha opinião mostrou algumas das reconstruções mais interessantes que já se produziram na área dos vilões e monstros (como se pode ver nos exemplos da figura ao lado). A reconstrução dos monstros apresentados em Ultraman Ginga, por sua vez, vêm se concentrando estritamente no campo estético. No caso desta nova produção (comemorativa dos 50 anos da Tsuburaya), os monstros das séries anteriores do gênero figuram como se fossem personagens totalmente novos, e não há qualquer sinal aparente de ambição em ligá-los à suas características ou hábitos da origem antiga_ algo que a Toei sempre procura focar em suas releituras.
Um exemplo desse raciocínio pode ser visto no recém-exibido episódio 04 da série, que trouxe de volta Ragon, monstro presente no episódio 04 de Ultraman Hayata, em 1966. Naquela ocasião, Ragon causou pânico ao carregar, involuntariamente, uma bomba nuclear em seu corpo. Desta vez, porém, o enredo sobre ele foi totalmente diferente, já que o monstro foi apenas usado como reflexo das frustrações da menina Chizuru. Ou seja, quem nunca viu Ragon em 1966 não pode nem sequer desconfiar de que ele se trata de um monstro histórico, e isso prova como também é possível reconstruir o personagem e dar a ele uma personalidade inédita ao mesmo tempo.

O monstro Ragon de Ultraman Hayata reconstruído em Ultraman Ginga,
série do gênero atualmente em exibição
Interessante notar ainda que não apenas personagens, mas até mesmo gêneros inteiros de tokusatsu vêm engrossando essa onda de reconstruções, sejam elas de pouco apelo na geração produtiva atual (Henshin Heroes) ou até mesmo declaradamente extintos (Metal Heroes). Exemplos do primeiro caso são Inazuman, Zubat, Kikaider, Patrine e outros, todos recriados para alguma participação (por mais breve ou insignificante que tenha sido) em algum filme da Toei dos últimos quatro ou cinco anos, enquanto que o segundo caso teve um desempenho ainda mais complexo: começou dando vida à um novo Gyaban (por ocasião dos 30 anos da estreia do Metal Hero pioneiro) e logo se viu ressuscitando os demais Uchuu Keiji (Sharivan e Shaider), até chegar no estágio atual, com os três figurando entre as principais estrelas do "Super Hero Taisen" de 2013_ com direito à descontos.
Algumas cenas exibidas no Gyaban de 1982 já faziam entender que dar brilho
a armadura dos Metal Heroes era um desejo antigo dos produtores. Mas
a qualidade só passou a ser constante com a recriação do herói
em nossos dias.
O cinema como laboratório
Uma das qualidades que salta aos olhos de quem vê o novo Gyaban (assim como as demais releituras recentes de Metal Heroes) é o brilho intenso das armaduras, algo jamais mostrado de uma forma tão constante nas séries originais (exceto em algumas poucas cenas em ambientes escuros, algo que já nos dava uma bela sugestão de que tal qualidade, apesar de aparentemente quase impossível para a época, já era um dos grandes desejos dos produtores das décadas de 80 e 90). E por mais que esse remake do Gyaban tenha se mantido fiel até aos menores detalhes da série de 1982 (como eu opinei na crítica do filme que fiz por aqui anteriormente), parece ser inegável o fator experimental que compõe a maioria dos filmes de tokusatsu hoje_ bem mais do que as séries. Até porque seria por demais inesperado vermos num episódio qualquer uma luta com o tamanho e a intensidade vista na batalha final dos Kamen Riders Wizard e Fourze no "Movie Wars Ultimatum", por exemplo.
Mas o clima de laboratório em filmes como esse insinua ir muito além das batalhas, e pode muito bem atingir os personagens que estejam na pauta das releituras. Só para servir de modelo, o "Movie Wars" é um dos filmes de tokusatsu em voga que menos me despertam interesse, e mesmo sem nunca tê-lo visto na íntegra, foi um dos que mais me surpreendeu. Não pelo núcleo principal, mas pelo que ele apresentou nesse campo dos remakes, com suas releituras de Inazuman, Patrine e Akumaizer 3.

Ao contrário do Super Hero Taisen, o Movie Wars Ultimatum foi bem
menos fiel à estética original dos personagens que reconstruiu.
Pelas imagens acima podemos encontrar vários detalhes alterados
nos novos Inazuman, Patrine e Akumaizer 3_ um trabalho que
mostra como é bem possível ampliar as possibilidades
ao se fazer uma releitura
Há um detalhe interessante que podemos notar no aspecto desses personagens reconstruídos no "Movie Wars": ao contrário do que se viu no "Super Hero Taisen" e em muitos outros casos recentes, todas as releituras desse filme têm um tom muito mais livre e, por consequência, menos comprometido com a estética original. Comparado com os antigos, iremos notar como vários detalhes foram alterados em busca de um visual mais moderno ou que condissesse melhor com uma nova proposta temática_ por exemplo, a aparência dos Akumaizer 3, que no filme está bem mais dark do que a vista em 1975, ajudando assim a enfatizar o novo posto de vilões dado aos personagens.
Trabalhos como esse comprovam ainda que há vários campos diferentes a serem explorados (ou não) ao se fazer uma releitura, e isso deixa tudo muito mais atraente. Dá a entender que, se por um lado é inevitável deixar de recorrer aos novos efeitos especiais que darão ao herói poderes nunca vistos à olho nu nas versões antigas, por outro prova como é possível mudar até o desenho do personagem sem que com isso deixemos de reconhecê-lo_ e isso sim, entra como algo opcional.
É bem provável que um dia esse filme será lembrado como inovador por, pelo menos, deixar mais evidente para o público essa maior flexibilidade que pode ser aplicada às releituras, e essa é talvez sua maior qualidade. Lembro que no dia em que eu baixei a RAW do "Movie Wars", minhas únicas intenções eram tirar algumas fotos de cenas importantes e absorver alguma informação, para depois poder escrever um pequeno artigo à respeito para o Jyraia Fansubs (site do qual sou parceiro e que tinha no filme sua mais recente realização de legendagem até então, em parceria com o Viva aos Animes e Tokusatsus, outro fansub parceiro meu). Porém, o tipo de recriação que eu vi, por exemplo, para o novo Inazuman no momento de sua evolução da Chouriki Shourai (abandonando a forma prévia de Sanagiman) foi muito além do que eu esperava, até mesmo em termos de efeitos especiais, e minha surpresa foi evidente.
Narutaki como o novo Dr. G (originário de Kamen Rider V3) foi a mais
livre das releituras do Super Hero Taisen de 2012 no campo estético.
A fidelidade ao original aqui ficou por conta da atuação, já que até a
maneira de falar do antigo comandante da Destron ("Kamen Raaaaida...")
foi copiada pelo personagem de Decade
A respeito da releitura de Patrine na mesma produção, lembro como desde o início eu lamentei muito o fato da atriz original de 1990, Yuko Hanajima, ter sido preterida para o jovem talento Yu Kamimura. Lamentei muito mais após ver fotos em que ela (ainda muito bonita e em plena forma) figurava num evento em torno de sua personagem, em dezembro último. Muito mais do que um fã declarado da série original (nem tanto pelo seu contexto, mas muito pela sua atmosfera, a meu ver, acolhedora) eu sou um fã da própria Yuko Hanajima. Tanto que hoje, após assistir 38 episódios do seriado, minha opinião sobre Yuko ainda é exatamente a mesma da do dia em que a conheci através do primeiro episódio: uma atriz insubstituível na hora de compor sua personagem, que parece ter sido feita na medida exata dela_ e só para ela. À parte disso, a nova Patrine do "Movie Wars" me pareceu portadora de um exagero tamanho que não é visto em momento algum nem mesmo numa produção de humor inconsequente (como bem sabemos que foi a série da Patrine original). Mas acho que nem por isso devemos deixar de nos deslumbrar com alguns dos adereços e efeitos apresentados pela "nova", e isso por si só já demonstra um pouco do poder que as releituras de personagens exercem nos dias de hoje. Poder esse que, creio eu, pode até mesmo incentivar fãs de tokusatsu desiludidos com as tramas_ ou até mesmo com os próprios personagens_ a nunca desistir de seus sonhos.

*Agradecimentos ao amigo Antonio Spielvan por ceder para a matéria a imagem do monstro original de Goranger.

Kamen Rider Decade

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Sempre fico muito contente quando tenho a oportunidade de escrever por aqui falando a respeito de um tokusatsu que eu goste bastante, que me traga boas recordações, que tenha relação com a minha própria história. A sensação de escrever na condição de fã, se deixando levar pelo fanatismo, acima de tudo, é algo que quase sempre me ocorre nas vezes em que opto por escolher uma série da franquia Kamen Rider como tema de uma postagem. Lembro ter sentido algo assim quando compartilhei por aqui minhas ideias sobre Amazon, Super-1_ ainda que o tempo e as novas experiências possam ter ofuscado um pouco o sentimento de quando as assisti pela primeira vez. Foi pensando nisso que eu optei por não mais esperar para escrever sobre Kamen Rider Decade, já que, ainda embalado por tê-lo concluído recentemente (no início de agosto), eu talvez ainda possa extravasar melhor todas as sensações positivas que o seriado me trouxe.
Para mim, chegar no episódio final de Decade não significou apenas a conclusão de mais uma série, mas sim de um extenso projeto de cerca de quinze meses envolvendo todas as outras nove séries Kamen Riders da Era Heisei que as antecedem. Assisti uma por uma, de Kuuga à Kiva, sempre respeitando a sequência pela qual foram produzidas, e sempre buscando absorver com isso o máximo de conhecimento possível sobre cada uma delas. Em grande parte foi um projeto prazeroso, ainda que às vezes eu sentisse pesar contra mim o cansaço por uma sequência tão grande e esquematizada, somado à algumas poucas decepções_ como a que tive com Kamen Rider Faiz, sem dúvida a maior de todas as decepções com tokusatsu que tive ao longo do ano passado. Mas acho que, muito além do prazer e da satisfação, o que mais contou a meu favor com a conclusão desse projeto foi o aprendizado que eu acumulei enquanto procurava conhecer sobre cada uma das produções. Era uma necessidade do meu lado tokufã, que desconhecia os Heisei Riders e por isso me deixava sem qualquer opinião para debatê-los. Já hoje, fico muito contente quando percebo que tudo isso mudou, que já me sinto pronto para falar algo sobre todos os Kamen Riders, assim como também foi gratificante descobrir mais sobre o caminho que a marca percorreu para ter a força e a influência que demonstra hoje no meio tokusatsu. Trata-se de um gênero com tendências inovadoras, mais aberto à inovações do que alguns outros, que parece não temer em inovar e que aparentemente sofre pouca rejeição dos fãs a cada vez que inova. Ainda assim, consegue manter_ no meu ponto de vista_ as principais características de suas origens mais antigas_ a mais notável delas, que se mantém até hoje, sem dúvida é a de criar uma trama onde a fonte dos poderes do Rider seja quase sempre originalmente maligna_, não tanto por questão de limites, mas mais para manter uma personalidade, algo que faça o gênero mais facilmente identificável.
Respeito ao pioneiro: o companheirismo de Tsukasa (Decade) com
Yusuke (Kuuga) ao longo de todo o seriado foi o melhor retrato
da riqueza que o gênero Kamen Rider conquistou na Era Heisei
Kamen Rider Decade felizmente foi a conclusão em alto nível que eu tanto esperava para este meu projeto, algo que eu ansiava desde o dia em que assisti o primeiro episódio de Kuuga. Através de Decade, minhas melhores expectativas foram confirmadas, se não superadas! Tal como o protagonista Kadoya Tsukasa, posso dizer que eu também tive a minha própria "viagem" pelos mundos dos Heisei Riders, algo que me deixou mais preparado para, tal como ele, continuar seguindo viagem pelos Riders do presente e do futuro que ainda virão.

Jornada através da década
O seriado conta a história de Kadoya Tsukasa, um fotógrafo na loja da família Hikari que começa a perceber que há algo estranho consigo quando vê que todas as fotos que tira saem sempre com diferentes focos sobrepostos. A partir daí, ele chega na conclusão de que não está conseguindo se conectar com o próprio mundo em que vive. Um dia, sua amiga Natsumi (que ele chama de Natsumikan) presencia a abertura de diversas barreiras temporais por onde surgem monstros das mais variadas raças_ as mesmas vistas nas séries dos Kamen Riders anteriores. Com isso, Tsukasa tenta sair em socorro de Natsumikan, e na fuga ambos acabam cruzando involuntariamente pelas barreiras, onde cada mundo pode ser identificado por quem já conheça as sagas dos Kamen Riders pré-Decade.
Kadoya Tsukasa, o protagonista: dono de uma missão
espinhosa, porém predestinado como nenhum outro
Em meio aos escombros de uma destruição no Mundo de Kabuto, Natsumikan descobre o cinto DecaDriver e decide confiá-lo à Tsukasa_ o que não deve ter sido fácil, pois desde muito antes ela já vinha sonhando com a destruição de seu mundo e dos demais Kamen Riders pelas mãos de Decade. Transformado e em posse de cards relativos a outros Riders, Tsukasa imediatamente fica sabendo qual a melhor maneira de lutar, usando tanto a forma quanto os poderes dos outros Riders contidos nos cards para derrotar os monstros vinculados à história deles. Ele percebe então que, após cada luta, os poderes dos cards gradualmente iam desaparecendo. É quando surge Wataru Kurenai (o Kamen Rider Kiva, protagonista da última série do gênero antes de Decade), que explica para Tsukasa que ele deve viajar pelos diferentes mundos dos demais Kamen Riders (representados por nove planetas Terra), não só para recuperar aqueles poderes perdidos como também para garantir a salvação de seu próprio mundo.
Vamos à uma breve descrição dos acontecimentos em cada um dos nove mundos alusivos às séries Kamen Riders da Era Heisei que antecederam Decade:


1- No Mundo de Kuuga, Tsukasa combate um Grongi que convertia pessoas em seres de sua raça. Conhece Yusuke Onodera, o novo Kuuga, que lutava junto da amiga Ai Yashiro (policial cujo papel substitui aquele que foi de Kaoru Ichijou na série de 2000). Com a morte de Ai, Yusuke passa a acompanhar Tsukasa em sua viagem pelos mundos.

2- No Mundo de Kiva, Decade combate um Fangire que queria destituir um Wataru mais jovem do trono de rei, para com isso ter mais liberdade para acabar com a convivência pacífica entre humanos e Fangires, que estava para ser conquistada. 
Também é aqui que surge Kivara, uma espécie de versão feminina do morcego Kivat. Tal como Yusuke, ela passa a acompanhar Tsukasa e Natsumikan na viagem (nota-se que Yusuke e Kivara representam Kuuga e Kiva, primeira e última das produções Heisei pré-Decade).

3- De passagem pelo Mundo de Ryuki, Natsumikan presencia um ataque mortal contra Reiko Momoi, a editora do Atashi Journal, enquanto a entrevistava, e é presa sob suspeita. Seu julgamento se dá numa corte de Kamen Riders, cujas lutas no Mirror World determinavam as sentenças. Outro suspeito do crime é Ren Haguro, o novo Kamen Rider Knight. 
Acontecem, ainda neste mundo, as primeira aparições de Narutaki, um misterioso personagem que vagava livremente pelos mundos, alertando a todos sobre o perigo que Decade representava. Destaque para o surgimento do Kamen Rider Abyss, inédito na série original.

4- Na nova versão do Mundo de Blade a corporação Board usa um restaurante como fachada. Seus membros são classificados em categorias (tal como eram os Undeads no seriado de origem), cujos naipes mais altos ganhavam o direito de lutar como Kamen Riders.

5- O Mundo de Faiz é onde surge Diend, o Kamen Rider secundário desta série. Daiki Kaito é um caçador de tesouros, que nesta passagem almejou o cinto de Faiz, assim como muitos personagens também almejaram na sequência de 2003. A Smart Brain é representada aqui como um colégio (o que deve ter sido uma provável alusão indireta ao núcleo do Ryusei Tutor visto anteriormente).

6- Já a complexa trama criada para o Mundo de Agito, num arco de dois episódios, surpreende tanto quanto a revelação dos mistérios no seriado original. Aqui, os três principais Riders da história giram em torno do mesmo personagem (Shouichi Ashikawa), que incrivelmente ainda acumula os sentimentos distintos de cada um deles (Agito e sua crise de identidade, Gills e seu desapego emotivo forçado, G3-X e sua constante luta para se auto-aprimorar).

 

7- Reafirmando a importância que os Imagins tinham em sua série de origem, o Mundo de Den-O foi o único que não apresentou nenhum novo (ou mesmo antigo) protagonista lutando como o Kamen Rider principal. Ao invés disso, Tsukasa, Yusuke e até Natsumikan são possuídos diversas vezes ao longo deste que foi, talvez, o arco menos interessante de toda a saga de Decade.

8- De todos os mundos pelos quais Tsukasa viajou, na minha opinião, o Mundo de Kabuto foi o mais fiel à trama da série original. Ainda que o novo Kamen Rider TheBee, Sou Otogiri, carregasse em si muitas características que deveriam ser de Sasword (não aproveitado nesta história), a sua posição de anti-herói que põe os interesses da Zect acima de tudo o faz idêntico aos TheBee antigos. 
Já a relação do protagonista Souji com sua verdadeira irmã (foco da fase final do Kabuto de 2006) também é bastante enfatizada.

9- Outro arco de episódios com um roteiro muito interessante foi o que recriou o Mundo de Hibiki. As habilidades dos Onis aparecem divididas como três escolas distintas. As relações entre mestres e aprendizes são destacadas tal como no seriado de origem. O tom de sucessão, tão citado em 2005, encontra seu ápice no drama do Hibiki experiente e seu discípulo Asumu_ cuja saga parece ter tido aqui o final que muitos esperavam e não viram quatro anos antes. Foi também a passagem que mais contou com os atores antigos.
    Pelo curso normal da história, Decade deveria ter atuado como o destruidor de tais mundos, num processo que incluiria derrotar os outros Kamen Riders. Segundo Wataru, de toda essa destruição se daria a criação_ no caso, do próprio Mundo de Decade. No entanto, assim que foi conhecendo os dramas e a luta de cada Kamen Rider por seu mundo, Tsukasa tinha o seu senso de justiça despertado, e o deixava falar mais alto. Com isso, passou a se aliar a cada um deles, acreditando em seu íntimo que em algum daqueles vários mundos pelos quais vagava estaria o seu próprio.

    Caçador de tesouros
    A trama segue com Tsukasa se alimentando dessa esperança até conhecer, no Mundo de Faiz, Daiki Kaito, o Kamen Rider Diend. Com alguns poderes similares à Decade, Diend era um Rider que viajava pelos mundos com o único propósito de identificar os supostos tesouros existentes neles e roubá-los para si. Sua característica mais marcante era a de invocar os Riders secundários para auxiliá-lo em suas batalhas (não só os das séries anteriores, mas também os vistos exclusivamente nos filmes e especiais de cada uma delas).
    Kamen Rider Diend: o caçador de tesouros surpreendeu pela
    sua habilidade em invocar os inúmeros Riders secundários
    que a nova era nos trouxe
    Mas as habilidades demonstradas por Decade eram ainda mais interessantes. A cada luta bem sucedida (em que Tsukasa já tinha a certeza da vitória de antemão) Decade ia recuperando seus cards, que o concediam a forma dos outros Kamen Riders, seus poderes e também o direito de converter o Rider legítimo em sua Final Form Ride. Nesses casos, o próprio corpo do guerreiro se convertia numa arma, veículo ou acessório com uma imagem que fosse fortemente associada à série original. Minha Final Form Ride preferida aqui, definitivamente, foi a de Agito convertendo-se na Machine Tornado. Foi também a que mais me emocionou pois, naquele momento, me lembrei da forma não menos emocionante com que o Agito de 2001 conquistou aquele poder_ por intermédio direto de seu maior inimigo, o Overlord das Trevas.
    Como podemos ver pela figura à direita, a luta de Decade à bordo da Machine Tornado ainda fez uma alusão direta a um episódio específico (o 40) da segunda série Rider da Era Heisei. Assim como havia feito Shoichi Tsugami em 2001, Tsukasa também puxa para cima da Machine Tornado, em determinado momento, o Kamen Rider G3-X, para auxiliá-lo na batalha.
    Mais tarde, Decade ainda conquista seu upgrade, a Complete Form. Com ela, todos os poderes dos Riders anteriores se encontram concentrados em Decade, que ganha ainda a habilidade de invocar algum outro Kamen Rider também em seu upgrade final. A Decade Complete Form é resultado do uso dos poderes do K-Touch, encontrado por Kaito no Mundo Negativo.
    Próximo ao fim da série, a viagem de Tsukasa segue ainda por alguns mundos de Riders da Era Showa, onde são homenageados Black, Black RX e Amazon. O que parece ser a mera realização de um sonho para os fãs fanáticos pelos Riders Showa, como eu, tem até uma explicação lógica. Na verdade, a investida da série por esses mundos provavelmente foi feita para ser um veículo a mais de propaganda para o filme "All Riders Vs Dai Shocker" (que veremos logo mais adiante), já que nele os três aparecem com certo destaque no início, figurando como rivais de Decade. De qualquer forma, foram episódios memoráveis, que resgataram até mesmo o ator Tetsuo Kurata (bem conhecido dos fãs brasileiros) para reviver seu papel duplo nos mundos de Black e Black RX.
    Ao final de toda essa enorme saga, as conclusões que eu tirei deste décimo seriado Kamen Rider da Era Heisei foram mais do que satisfatórias_ e, não obstante, impressionantes. Com apenas 31 episódios, Decade é uma das séries mais curtas do gênero e ainda assim uma das mais completas, já que encontrou espaço para inovar em costumes e conceitos ao mesmo tempo em que flertou com hábitos antigos vistos só na Era Showa.
    Mundo de Amazon: um inesperado tour por alguns mundos
    da antiga Era Showa bem pode ter servido como propaganda
    É verdade que em alguns momentos a trama dá a impressão de não saber mais por onde seguir (como, por exemplo, quando a viagem pelos nove mundos dos Heisei se completa), o que pode levar muitos a pensar que o caminho até o final será seguido pelas vias do tato ou da intuição. Mas também é verdade que as alternativas encontradas para a continuação do seriado à partir do episódio 20 estão longe de serem consideradas supérfluas ou desprezíveis. A saga pelos mundos de aspecto improvisado (como o Mundo Negativo ou o Mundo de Diend) inspiram ainda algo em comum com a saga do próprio Tsukasa, já que ele nada mais é do que um viajante que desconhece tanto os limites de sua viagem quanto qual será seu próximo rumo.
    Vale ressaltar também que Decade é, de fato, uma série que depende bastante de seus filmes derivados como nenhuma outra antes. Mas, partindo desse ponto de vista, em breve podemos concluir como Decade igualmente depende das próprias séries que lhe antecederam para que haja uma compreensão íntegra e uma apreciação completa. Ainda que os mundos dos antigos Heisei tenham sido refeitos com poucas (ou às vezes nenhuma) semelhanças com as tramas originais, quase sempre é possível perceber neles alusões aos hábitos, recriações de cenas, cenários, mensagens ocultas nas ações dos personagens ou até detalhes ainda menores que aparecem com o objetivo de se conectarem com o seriado homenageado. Se concentrar em detalhar tais alusões, além de cansativo, tendenciaria a ser até mesmo inútil, já que sempre haveria de nos escapar alguma coisa. Mas algo que vale ser citado aqui é que isso funciona como uma dica preciosa para todos que acompanharam as séries anteriores na íntegra e desejam relembrar muitos momentos através desta, direta ou indiretamente_ e não apenas rever os Riders desfilando em companhia de Decade e Diend.
    Decade na sua Complete Form, ao lado dos Kamen Riders L'Arc e Lance
    no Mundo de Diend: até os secundários exclusivos de filmes e especiais
    deram as caras em algum momento
    Kamen Rider Decade pode ser encarado também como uma produção que passa uma constante impressão de que havia uma certa urgência para o seu término. Mas até nisso eu vejo vantagens, pois acredito que em diversas outras circunstâncias Decade nem sequer teria sido realizado como série. Se levarmos em conta a real intenção de sua criação_ como um veículo comemorativo ao retorno do gênero, sendo ele o décimo desde Kuuga_, experiências anteriores nos apontam para a produção de, no máximo, um filme ou um especial, tal como foi feito com Kamen Riders como G ou Eternal. Indo um pouco além no raciocínio, podemos achar que Decade está para a nova geração de Riders tal como Kamen Rider ZX está para a antiga geração da Era Showa_ e quem concordar com isso verá como este não só ganhou um único filme próprio como também contou com uma modesta duração do mesmo para desenvolver sua própria trama, também como o décimo Rider a surgir até então.

    Dos filmes relacionados à série, ao menos dois merecem ser citados por aqui. "All Riders Vs Dai Shocker" é um deles, não só por carregar as origens da trama (até então omitidas) como também por influenciar diretamente em alguns arcos finais do seriado, através do destaque que dá a Kamen Riders como Black, Black RX e Amazon.

    All Riders Vs Dai Shocker- Ainda que o roteiro passe como um fator despercebido, o filme tenta contar as origens de Decade e Diend_ com um êxito razoável. Kaito/Diend é apresentado como alguém que, no passado, roubou o DienDriver da Dai Shocker, enxergando nisso uma vantagem para viajar livremente pelos mundos e usar seus poderes em prol da seu propósito de acumular tesouros. Já Decade é mostrado um instrumento forjado pelo império do mal, numa trama que relembra muito os costumes dos vilões de séries antigas da Era Showa e também do filme "Kamen Rider-The First".
    Cenas do filme "All Riders Vs Dai Shocker": origens reveladas
    Em contato pela primeira vez com o que parece ser seu próprio mundo (onde chega a se encontrar com sua irmã Sayo), é revelado como Tsukasa foi inconscientemente manipulado até então. Suas viagens pelos diferentes mundos na série criaram pontes de conexão entre eles, facilitando o acesso da Dai Shocker no domínio de cada um (o que é bem mostrado na parte em que Narutaki foge sem rumo junto de Natsumikan). A suposta perda de memória do protagonista, citada no início da fita, é outra alusão notável aos antigos, pois remete indiretamente às tentativas de lavagem cerebral que muitos Riders Showa escaparam_ algo visto também na série (e ainda mais explicitamente), em passagens do mundo de Diend, nos episódios 22 e 23.
    O filme ainda trás como destaque a Rising Ultimate Form de Kuuga, um inédito upgrade de sua forma mais avançada conhecida até então (a Ultimate, vista no penúltimo episódio da série original de 2000), além da primeira luta de Kamen Rider W, contra Shadow Moon.

    Ainda que sua relação com o seriado seja rasa, de certa forma o filme do "All Riders" conduz ao arco final do mesmo, onde dois dos Kamen Riders originais, Kazuma Kenzaki (Blade) e Wataru Kurenai (Kiva) confirmam o que já vinha sendo dito desde o início da viagem e sublinhado por Narutaki ao longo dela: a própria existência de Decade era realmente a responsável pela crise existencial dos outros mundos. Segundo a tese, a extinção deles estaria completa quando todas as Terras pelas quais eram representados estivessem unidas numa só.
    No estágio final da história, essa fusão se encontrava acelerada por influência de Apollo Geist (um vilão original de Kamen Rider X, que surgiu em tempos modernos para ser o novo líder da Dai Shocker). Há um consenso entre os personagens que só com a retirada de Decade seus mundos voltariam a ter estabilidade. No entanto, Tsukasa se recusa a desaparecer, pois temia pela proteção de Natsumikan_ que aquela altura já estava como vítima de Apollo Geist. Mesmo salvando-a, foi inevitável o desaparecimento dos mundos. Desse modo, todos os Riders finalmente se rebelam contra Decade, que por sua vez deseja continuar existindo para seguir com sua jornada. Com a Guerra dos Riders oficialmente declarada, Tsukasa resolve se conformar com seu destino e assumi-lo por completo.

    Kamen Rider W & Decade: Movie Wars 2010- Filme fundamental para todos que desejam ver o final definitivo da saga de Decade, que fica em aberto após o 31º e último episódio da série. É também a produção que mais se ocupa  de mostrar verdadeiramente a Guerra dos Riders, algo que o seriado inteiro procurou omitir, revelando apenas alguns spots dela pelo sonho de Natsumikan e pela versão especial do último capítulo_ cuja versão normal da TV ocultou ainda mais cenas.
    Destaca a necessidade da destruição dos Riders para restaurar a estabilidade entre seus mundos, assim como o papel de Tsukasa como o escolhido para ser o destruidor. Sua luta aparentemente injusta foi a única maneira de fazer com que cada mundo estável e pacificado (ainda que nem todos com "heróis" no comando) se lembrasse que possui um Kamen Rider_ alguém que, um dia, ajudou a garantir aquela paz. Vagando como um emissário destruidor, Decade conectou cada mundo com sua própria memória e com sua própria história_ coisas que ele mesmo não tinha. Com isso, fica bem entendido como ele já não lutava mais por si, tampouco para encontrar o seu mundo. Cada card criado a partir de um Kamen Rider destruído passou a significar a imortalidade do Rider enquanto poder, história, memória... virtudes necessárias para que os mesmos pudessem retornar a cada vez que a humanidade precisasse deles. Com isso, a insistente frase de Wataru "da destruição se fez a criação" ganhou corpo, lembrando ainda que a existência de Decade só passa a ter sentido enquanto Tsukasa se dispõe a ser um viajante, que cria o seu próprio mundo pelo lugar por onde esteja passando_ ainda que esse lugar, de fato, seja o mundo dos outros.
    A Nova Tackle: repaginada no visual,
    mas muito fiel às origens antigas
    Entre as surpresas, este filme mostra a estreia da Kamen Rider Kivara, logo de cara lutando tanto pela consolidação da guerra de Decade como pela preservação dele próprio, um pouco mais tarde (a conferir). Trás ainda uma releitura bem interessante da Denpa Ningen Tackle, heroína original de Kamen Rider Stronger, repaginada no visual mas bem fiel aos costumes exibidos em 1975.
    Ao mesmo tempo (e paralelamente), revela as origens de Kamen Rider W, com a parte em que exibe a narrativa dos fatos da "Begins Night", enquanto Philip e Shoutaro tentam resolver um caso ligado à um suposto Dopant fantasma.

    Com sua conclusão se intercalando com o início da série seguinte (Kamen Rider W), Decade ainda consegue, com enorme sucesso, promover algumas de suas maiores e mais profundas mensagens, como a de que ninguém entra numa viagem para interrompê-la sem antes vivenciar cada lugar por onde passe. E, por mais que viajemos por inúmeros mundos sem fim, o mais importante é sempre sermos capazes de deixarmos nossas marcas em cada um deles.

    Kamen Rider Gaim: impressões à primeira vista

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    As poucas repercussões que acompanhei instantes após terminar o episódio inicial de Kamen Rider Gaim me surpreenderam. Simplesmente todas as opiniões eram favoráveis, a havia satisfação até por parte de fãs que já haviam criticado abertamente o sucessor de Wizard em itens como a temática, por exemplo.
    Ainda que a última postagem aqui do blog tenha tido um Kamen Rider como tema, essa estréia aparentemente satisfatória de Gaim, no último fim de semana, me convenceu a fazer o segundo texto seguido de um mesmo gênero por aqui_ apesar de que não gosto nada de fazer tal coisa. No entanto, para narrar estas minhas primeiras impressões, optei desta vez por não revelar muito sobre a história do episódio por dois motivos: em primeiro lugar para não ser repetitivo, uma vez que o resultado da minha pesquisa sobre a trama de Gaim (assim como também sobre parte do elenco e sobre os outros Riders que aparecerão futuramente) já foi publicada na Fan Page do Facebook, ao qual este blog é vinculado_ numa série de três postagens, entre 19 e 21 de setembro. Em segundo lugar_ e mais importante_ para não levantar muitos detalhes, com isso também incentivando cada leitor a conhecer a série_ objetivo primordial de qualquer um de meus trabalhos por aqui.

    O protagonista Kouta Kazuraba, seguido de um close 
    de sua "transformação" e um momento de sua primeira
    luta contra um Imbess: sem facilidades
    Com essa estréia totalmente voltada a apresentar o protagonista Kouta Kazuraba, já delineando traços de sua personalidade ao espectador, a impressão geral foi de que estávamos vendo uma antítese dos primeiros instantes de Wizard, o que de certa forma me pareceu uma variante muito bem vinda. A figura do guerreiro inexperiente, que demora vários minutos para compreender como e por que se transformou, que desconhece suas novas capacidades e sua condição de luta contrastam totalmente com o mago disposto a dar um “show” tão logo surgiu. É a primeira deixa para irmos buscar lembranças no passado (algo sempre tão gostoso de se fazer a cada nova série que nos dispomos a conhecer). Lembranças de outros Riders que, tal como Gaim, "cambalearam" em seus primeiros contatos com os inimigos ou ficaram incrédulos diante da própria situação. No gênero, há desde exemplos antigos, da Era Showa, quanto mais recentes, da era atual. Dos antigos, poderíamos citar Ichigo, Skyrider, Super-1, Black RX e Shin. Dos Heisei, a memória nos direciona para Kuuga, Ryuki, Faiz, Den-O e OOO. Até concordo que um episódio inicial como o de Wizard tenha mais a ver com o tempo que o tokusatsu vive atualmente. O mago também não foi o primeiro (nem o único) Rider a se mostrar seguro de si logo de cara. E um outro argumento, fortíssimo, gira em torno dos interesses comerciais que há hoje em dia. Com cada nova série sendo projetada para o público como uma grande marca em potencial, um herói protagonista é sempre apresentado aos fãs antes da estréia de seu próprio seriado, aparecendo rapidamente em filmes ou especiais, mas sempre demonstrando o que é capaz de fazer.

    Com Kamen Rider Gaim não foi diferente. Ainda que muitos tivessem alimentado expectativas de vê-lo no filme "Wizard in Magic Land", seu verdadeiro début ocorreu no arco antológico que fechou a série do mago, nas últimas semanas de setembro (minha opinião sobre esse arco vocês poderão conferir por aqui em breve). Para muitos, deve ter soado estranho ver um Gaim inexperiente em sua própria trama, sendo que o mesmo já havia lutado bem no universo do antecessor. Pessoalmente, o tipo de opção que prefiro para um episódio inicial é o que Gaim mostrou. Em primeiro lugar, porque nada nos garante que a pré-estréia de um herói, seja ela em filmes ou especiais, tenha qualquer ligação com a história que veremos na sequência_ ou seja, no próprio seriado. Segundo, porque num cenário como esse que Gaim exibiu, as lutas geralmente ganham muito mais em qualidade e verossimilhança. Kamen Rider Wizard dedicou especial esmero à coreografia das suas lutas, e muitas de fato surpreenderam. Mesmo assim, acho que a série do mago pecou por mostrar, na maior parte do tempo, um protagonista que muito batia no inimigo mas quase nunca apanhava_ algo que, no meu jeito de ver, não se trata de luta, e sim de tortura. Em Wizard, só a partir do nono episódio esse panorama começou a mudar.

    Além de tudo isso, a opção por um guerreiro inexperiente é também a mais aceitável para conferir à trama principal uma dinâmica de realismo que muitos fãs em fase adulta anseiam, como já pude constatar seguidas vezes por outros, além de ser esse também um de meus próprios anseios. A beleza que há nas vitórias conquistadas através da superação, do aprendizado e até de sucessivas derrotas anteriores é algo válido para qualquer pessoa, assim como para qualquer herói. Por consequência, ajudam a imprimir no mesmo uma aura de simplicidade essencial para cativar fãs que gostam de se espelhar em quem "vem de baixo". Exatamente o que nos sugeriu Kouta Kazuraba nessa apresentação.

    Personalidade em evidência
    Esse episódio inicial ainda nos forneceu outros contornos na personalidade de Kouta condizentes com tudo isso. Um deles é a sua dedicação em cuidar de sua irmã Akira, sempre trabalhando duro para garantir seu bem-estar. Ainda que tenha decepcionado sua amiga Mai Takatsukasa quando optou por se ausentar do Team Gaim (equipe de breakdance da qual participava) para cumprir suas jornadas, Kouta não se furtou em tentar protegê-la quando ambos foram perseguidos por um monstro Inbess descontrolado. Desses momentos podemos resgatar novas recordações, comparando Kouta a Ryoutaro Nogami (o Kamen Rider Den-O), que também sempre se preocupou muito com a irmã Airi. Numa escala ainda mais larga, me recordei até de Souji Tendo, o Kamen Rider Kabuto, esse já muito seguro de si, mas que também demonstrava bastante zelo com a irmã Juka e com a amiga Hyori_ sem maiores spoilers.

    Com a irmã Akira: preocupação com seu bem-estar
    Como convém a todos os episódios iniciais que exibem heróis tal como Kouta_ isto é, inexperientes na arte da luta_, os primeiros minutos foram aproveitados para a narração de boa parte das origens de Gaim. É possível conferir como Kouta consegue seu cinto Sengoku Driver e as Lockseeds necessárias para sua primeira transformação. A sequência do henshin, inclusive, foi finalmente revelada após longo suspense. Além da imagem congelada subitamente em todas as promos que "tentaram" mostrar o momento, a própria transmissão de TV deu um jeito de prolongar essa espera, saindo para os comerciais com a transformação em curso! Uma vez concluída, soube passar a exata noção de um Rider que lutará com uma armadura, com um revestimento_ e não que se "transforma", no sentido literal da palavra, o que seria converter o seu próprio corpo em outra forma, como um mutante. Essa impressão ficou bem viva em um dos quadros da sequência, que mostra a cabeça de Kouta ornamentada por parte da armadura em estado prévio de montagem.

    De olho na heroína
    Com tanta dedicação dos roteiristas em cima da figura de Kouta nessa estréia, outros personagens apareceram bem menos, mas nem por isso deixaram de ter seu espaço, já nos fazendo apostar na projeção que muitos deles terão na trama em breve. Desses, minha aposta maior é em Mai, a amiga com quem Kouta se aventurou na floresta dos Imbess na metade do episódio. Seu forte vínculo de amizade com o protagonista_ que foi bem demonstrado_ faz de Mai a candidata mais forte para ocupar o posto de heroína da série.

    Através da figura de Mai, outro aspecto notável no primeiro episódio de Gaim foi a sua semelhança idêntica com outra personagem, apresentada como Garota Misteriosa, uma nativa da floresta habitada pelos Inbess. Tal semelhança me permitiu outro dejá-vu, este já com um Rider bem mais distante de nosso tempo. Trata-se de Kamen Rider X (1974). Naquela ocasião, a amiga do protagonista Keisuke Jin, Ryoko Mizuki, tinha de tudo para ser a heroína natural, até que inexplicavelmente passou a agir em conjunto com os vilões de G.O.D. Enquanto todos se perguntavam se a identidade daquela Ryoko era ou não real, surgiu na trama Kiriko, uma moça bondosa e que auxiliava Keisuke, mas que também era um verdadeiro clone de Ryoko em aparência! Foram fatos que, sem dúvida, elevaram o mistério a níveis estratosféricos na série do Kamen Rider X. Ainda que isso seja um exemplo já muito distante, talvez possa, de algum modo, servir como fio condutor para um provável clima de suspense envolvendo Mai e a Garota Misteriosa também nos roteiros de Gaim_ algo que seria muito interessante.

    Minhas últimas notas sobre essa estréia de Kamen Rider Gaim vão para a boa surpresa que tive ao confirmar a influência que a Corporação Iggdrasil terá para a história. Numa época onde os impérios do mal estão cada vez mais em desuso, mega empresas como Board, Zect, Museum e Kougami vão se tornando comuns de serem vistas no gênero Kamen Rider. Sobre elas recaem as principais desconfianças dos espectadores (quase sempre confirmadas depois) de "mandantes" do mal, algo que ainda cabe como uma crítica velada ao domínio capitalista que sufoca a humanidade de muitos. Na linha das semelhanças, a Iggdrasil me fez lembrar principalmente da Smart Brain, do Kamen Rider Faiz em sua melhor fase. O ápice da recordação para mim foi o instante com a cena que mostrou o logo da corporação sendo exibido numa TV, algo que me remeteu diretamente ao bizarro anúncio da True Life, com a Smart Lady manipulando uma borboleta azul ao som da narração: "Life is fragile, life is limited...".

    A Iggdrasil exibida num comercial de TV durante o episódio (acima, à esquerda)
    relembrou em detalhes a Smart Brain de Kamen Rider Faiz (à direita). Abaixo,
    o Team Baron de breakdance, cujo líder Kaito Kumon ainda dará o que falar na trama
    Do meu lado, a sensação geral que ficou é de otimismo. Com sua temática de fundo samurai, Gaim é o primeiro Kamen Rider desde Super-1 (1980/81) a se utilizar, direta ou indiretamente, de aspectos da cultura oriental das artes marciais_ no meu modo de ver. A música-tema "Just live more", de natureza bastante agressiva, trouxe também uma boa revigorada para uma área que vinha sob iminente ameaça de decadência. A sequência de imagens trabalhadas na abertura (já exibida) são satisfatórias, ainda que pareçam destinadas a impressionar menos que em Kamen Rider Wizard_ alguns dos itens que podem ser alterados a qualquer momento, de acordo com reações futuras.

    Ultraman Ginga: um balanço após a primeira etapa

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    Prometendo ser inesquecível antes mesmo das comemorações de 50 anos do gênero, Ultraman Ginga_ que nasceu para comemorar um outro aniversário de 50 anos, também muito importante, o da Tsuburaya Productions_ vem agradando e fazendo os Ultrafãs sonharem com maravilhas para 2016, quando provavelmente a estreia do pioneiro Hayata, de 1966, estará sendo lembrada pelos quatro cantos do Japão. Recentemente terminei de assistir os seis episódios iniciais que compõem a primeira etapa do seriado. Atualmente, venho acompanhando alguns outros do Retsuden, a antologia, que também faz parte da produção.
    Pelo que demonstrou até aqui, a trama de Ultraman Ginga tem como foco primordial os sonhos humanos. A partir de seus próprios personagens, cria histórias que buscam comprovar o valor que os sonhos têm e sempre tiveram para a humanidade, assim como a importância que há por trás do sonho de cada pessoa em particular.

    Nesse cenário, surge Hikaru Raido, um jovem que sonha em ser um aventureiro, capaz de desbravar o mundo sempre em busca de novos desafios. Numa viagem de férias pela Inglaterra, ele opta por retornar ao Japão um pouco mais cedo do que pretendia, a fim de visitar seu avô num antigo templo, conhecido como Santuário Ginga. No caminho, encontra a amiga Misuzu Isurugi, uma doce menina cujo sonho era (sem trocadilhos) ser confeiteira. Ao saber do destino pretendido por Hikaru, ela revela que o santuário foi destruído por um incêndio, causado por uma chuva de meteoros que caiu nas montanhas ao redor do Monte Furuboshi_ até então a localização original do templo.
    Mesmo com a destruição, um ídolo considerado a imagem-símbolo do santuário foi preservado. Em posse dele, o avô de Hikaru passou a ministrar seus trabalhos religiosos na sala de música de um colégio próximo, cedida pela diretora Shirai. Quando chega por lá acompanhado de Misuzu, Hikaru reencontra mais dois amigos, Kenta e Chigusa. Um pouco mais tarde aparece Ichijouji Tomoya, um estudante do colégio. Com fama de recluso, ele completa o quadro dos principais personagens_ ainda que o policial Kakky, com suas aparições esporádicas e de fundo cômico, também tenha certa projeção.

    A curiosidade de Hikaru em relação ao ídolo do santuário o leva a querer observá-lo escondido dos demais. Mal entra em contato com o objeto e o garoto ouve uma voz, que para seu espanto parece sair de um boneco de brinquedo. Apresentando-se como o Ultraman Taro, o bonequinho afirma que Hikaru demonstra ter todas as condições de ser o guerreiro escolhido pela luz. Revela também como uma grande força do mal se manifestou no passado, encolhendo todos os monstros e Ultras em bonecos. Vindos diretamente do espaço, as miniaturas acabaram caindo ao redor do Monte Furuboshi (a verdadeira explicação para a "chuva de meteoros"), trazendo junto dois artefatos misteriosos: a Dark Spark, fonte de energia maligna capaz de travar o progresso do tempo para os seres vivos, e a Ginga Spark, seu oposto, que funciona como condutora da energia da luz.

    A Dark Spark encontra-se desaparecida. Quem a possui, na realidade, é uma entidade do mal, ainda não revelada para o espectador_ provavelmente algum poderoso vilão do universo Ultra. Tal entidade ainda tem consigo uma grande quantidade de monstros miniaturizados, para usá-los de acordo com sua vontade. É dessa forma, por exemplo, que é revivido Valkie Seijin, conhecido por ter sido um grande rival de Ultraman Taro em sua época. A missão de Valkie nesta trama será selecionar pessoas com o coração impuro para reviver os monstros, usando suas almas no processo Dark Live da Dark Spark. Já a Ginga Spark nada mais é do que o ídolo que o avô de Hikaru cultuava no templo! Seu poder é do mesmo padrão da Dark Spark, com o diferencial que ela desperta os seres_ incluindo os monstros_ para o bem, tendo como único hospedeiro possível o ser escolhido pela luz. Através da Ultra Live, Hikaru não consegue devolver Taro ao seu tamanho original, porém não tem dificuldades em se sincronizar com o boneco do Black King_ monstro conhecido da série Ultraman Jack_, depois de encontrá-lo num arbusto próximo às montanhas.

    Com sua alma na condição de hospedeira para Black King, Hikaru vive seu primeiro desafio na história: tentar parar o monstro Thunder Darambia. Resgatado do seriado Ultraman Dyna, esse Kaiju renasceu graças aos sentimentos negativos contidos na alma de dois homens que poluíam a montanha com restos de lixo. Diante de uma luta desigual, a vontade de vencer de Hikaru acaba despertando um inedito poder da Ginga Spark, até então completamente desconhecido de todos. Esse poder permite a Hikaru lutar agora como Ultraman Ginga. A partir daí, o novo defensor da Terra buscará suas vitórias através de um incrível arsenal de poderes inovadores, que valem a pena serem citados por aqui:


    Ginga Thunderbolt- Foi o primeiro poder finalizador exibido pelo novo Ultraman e usado contra Thunder Darambia. Consiste num grande redemoinho de raios que, após concentrados num único ponto, são arremessados contra o rival com grande impacto, tanto explosivo quando magnético.

    Ginga Fireballs- Golpe final que aparece no segundo episódio, e que foi utilizado para derrotar no espaço o monstro Kemur Seijin (de Hayata), renascido pela alma de um punk baderneiro. Enquanto voa, Ginga cria diversas bolas de fogo em seu redor, depois disparando-as simultaneamente contra o inimigo. 


    Ginga Saber- Projetando uma espada de luz em seu próprio braço, com a qual golpeia o chão e faz o adversário receber uma forte carga de fogo de baixo para cima, este foi o ataque definitivo que derrotou King Pandom. Além das várias ramificações que já surgiram para a linhagem deste monstro, foi na série do Ultraman Mebius que ele apareceu tal como vemos na figura à direita. Sua hospedeira foi Yuka, garota que se usou do sonho de Kenta (de ser fotógrafo) e se arrependeu disso logo depois.



    Ginga Comfort- Esse finalizador se difere dos outros por não causar nenhuma destruição. Trata-se de um recurso onde Ultraman Ginga consegue acalmar o inimigo, lançando sobre ele um pó dourado consolador_ algo de efeito parecido com o famoso Raio de Transformação de Machine Man. Foi usado para restaurar a humanidade de Chigusa. Desiludida em seu sonho de se tornar um idol de sucesso, a menina foi manipulada por Valkie para renascer Ragon, mais um monstro do seriado pioneiro de 1966.

    Ginga Slash- Grande energia liberada pela região central da cabeça de Ginga que atua como uma lâmina cortante, foi arma em mais uma batalha espacial_ desta vez contra JeanKiller. O robô de alta capacidade bélica é uma das marcas registradas nas produções feitas em torno do Ultraman Zero, além de um grande expoente das modernizações sobre outros heróis da Tsuburaya.

    Ginga Cross Shoot- Golpe clássico da maioria dos Ultras ao longo da história, aparece no episódio que encerra a primeira etapa da série.

      Como já pudemos reparar através dessas descrições, as lutas de Ultraman Ginga são, em sua maioria, lutas do próprio Hikaru para preservar o sonho de seus amigos. Esse tipo de determinação do protagonista é algo tão puro que se estende até mesmo a Ichijouji, antagonista que ele não vê como tal_ ao invés disso, preferindo acreditar nele. Consciente de que a razão da personalidade confusa de Ichijouji é apenas reflexo da falta de um sonho na vida do jovem, Hikaru o estimula a buscá-lo, desafiando sua própria coragem para isso.
      Essa "consciência desafiadora" parece encontrar eco na própria produção em si. Algumas inovações aplicadas aqui como, por exemplo, a ausência de um esquadrão de apoio, podem soar como ousadia à alguns Ultrafãs_ visto que o gênero Ultraman é, provavelmente, o que mais possui fãs conservadoristas. Mas acho também que depois de tudo que esse mesmo gênero conseguiu preservar até aqui, é praticamente nula a possibilidade de ocorrer uma suposta perda de identidade à curto prazo. Uma prova disso é que muitos costumes e características foram mantidos até depois de uma longa pausa de mais de 15 anos_ período entre Ultraman 80 e Ultraman Tiga. Partindo dessas evidências, eu pessoalmente vejo como muito bem vindas as inovações trazidas por Ultraman Ginga, que foram capazes de reconhecer as principais qualidades históricas de uma marca de sucesso através da moderação.

      Promovendo ainda mais essa nova série Ultra, eu destacaria o excelente nível de humor que ela apresentou até aqui. Inteligente, bem calculado, mas principalmente discreto, onde não há pretensões explícitas de fazer rir, deixando cada expectador em particular à vontade para achar graça apenas do que (e quando) quiser. Para Ultrafãs com aspirações a tais atributos, a recomendação é ainda mais obrigatória.

      Aniversário do blog Henshin World: dois anos de parcerias e realizações

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      Parece uma mágica, uma espécie de feitiço misterioso e inexplicável o sentimento de saudade daqueles dias, que surge na minha frente sempre que se aproxima 18 de novembro, data em que comemoro o aniversário aqui do blog. Lembro como foi uma época de muita simplicidade, em que era necessário arregaçar as mangas para dar um rumo para um projeto totalmente diferente daquele criado em 2009_ uma origem que hoje não significa praticamente nada, feitas as devidas comparações. A chegada do Henshin World em seu segundo ano de existência (com seu estilo definido e definitivo) é para ser vista como a afirmação de uma mídia cujo propósito se soma ao de várias outras que têm por meta a pesquisa do tokusatsu, difundindo seus resultados entre os fãs e incentivando-os a usufruírem do legado dessa arte.
      Também para isso é que uma das prioridades do Henshin World nesses dois anos vem sendo manter o foco no respeito às liberdades individuais de escolha de cada leitor. Daí é que vejo a importância da divulgação dos trabalhos dos colegas e parceiros, acreditando que, cada um à sua maneira, possa vir a ser mais acessível para determinados grupos de fãs do que este meu blog.


      A constante luta para manter o blog e seus derivados_ muitas vezes em situações realmente caóticas de disponibilidade_ não deixa dúvidas do quanto me é importante ter este espaço para trocas de experiências. Através do cultivo de minhas próprias idéias não raro sinto que estou seguindo pelo atalho mais curto rumo a alcançar o sonho de fazer cada vez mais amigos, para juntos sermos uma só força. E é aí que retornamos para aqueles dias simples de novembro de 2011, o tal comecinho onde não havia nada para exibir e nem ninguém com quem debater coisa alguma. Olhando para o volume de pessoas que hoje reconhecem meu posto como tokufã_ obviamente com o foco mais apurado para a qualidade do que para a quantidade_ e para as inúmeras conquistas do blog que garantem dia a dia a ampliação desse espaço à minha disposição, permanece como um mistério a saudade intensa daqueles dias. Dias em que eu podia dizer que "não era ninguém" no cenário dos tokufãs brasileiros, enquanto navegava pela Internet e acompanhava, das sombras, o trabalho de muitos colegas em seus sites, blogs e fansubs. Sinto que, de algum modo, aquela sensação de mero espectador ainda prevalece em mim, e isso é algo que eu sempre levo em consideração, por mais que hoje eu apareça, seja reconhecido, lembrado, comentado... é como se no fundo eu ainda estivesse procurando por uma relação íntima com o tokusatsu, que me fizesse enxergar e sentir tudo do mesmo modo que eu sentia em minhas próprias origens, com a máxima profundidade, algo que a própria inércia do tempo tratou de me distanciar.

      Imagem publicada na Fan Page do Henshin World no Facebook, em 1º
      de novembro, como prévia das comemorações deste segundo aniversário:
      a frase resume muito do que foi para mim trabalhar pelos tokufãs
      e pelo tokusatsu nos últimos meses
      Para o texto deste aniversário, optei por esta  espécie de "confissão nostálgica", até por lembrar do que experimentei no próprio dia de minha última comemoração similar, dia esse em que ganhei uma das amigas que mais estimo no meio tokusatsu. Claro que me refiro aqui à querida Lilian Leo, nossa Lady Diana, uma pessoa que me dá muitos motivos suficientes para esquecer um pouquinho do Henshin World neste dia e comemorar um outro aniversário, o de um ano da nossa amizade. Um ano de paciência dela comigo_ visto que nenhum de nós é perfeito. Um ano em que ela vem me mostrando como se constrói, na prática, a tal relação de intimidade com o tokusatsu que eu citei há pouco, já que sua história mais conhecida_ a da fuga com o Circo Show do Jaspion e Changeman em sua infância_, muito mais do que um momento qualquer, foi algo que fez dela uma verdadeira tokufã apaixonada. O modo correto e consciente como ela compartilha essa paixão com outros, nos dias de hoje, demonstram que aquele seu sentimento de menina ainda a acompanha na fase adulta. Não como uma mera lembrança, mas como algo determinante na jornada que ela traça para si como administradora do Grupo TokyoSpace_ meu favorito no Facebook desde que entrei, convidado por ela.

      Timeranger, Maskman e Turboranger (acima) e os Riders
      ZO, ZX e Amazon: produções que me marcaram na
      época, e que ainda hoje simbolizam o renascimento
      do blog, em novembro de 2011
      O agradecimento que eu quero dirigir para a Lilian hoje é o mesmo que eu dirijo para todos os amigos que se dispuseram a ler alguns de meus textos por aqui neste último ano. Agradeço aos comentaristas que quiseram em algum momento dividir o que pensam por aqui comigo. Agradeço aos seguidores do blog, pessoas com quem sinto que tenho a obrigação de oferecer um material de qualidade, já que as mesmas possivelmente aguardam pelas próximas novidades daqui. Agradeço aos seguidores da Fan Page no Facebook, mesmo que alguns ainda não saibam que ela é apenas uma simples extensão da mídia principal ao qual está vinculada, que é este blog. Agradeço aos parceiros formais que me aceitaram como tal, e que hoje me dão a feliz oportunidade de divulgar seus trabalhos. E por fim, agradeço aos parceiros que ultimamente cederam a mim os seus próprios veículos de mídia, ampliando o meu espaço e com isso demonstrando ainda uma respeitável confiança nas minhas ideias.
      Quero que vocês todos saibam e tenham certeza que, neste dia e em outros mais, eu os verei sempre como pessoas que me ajudaram a desenvolver não apenas o Henshin World, mas também o meu próprio crescimento enquanto pessoa e colaborador na divulgação do tokusatsu.

      Um retrato pessoal definitivo: minha entrevista para o Blog Toku Force

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      Para encerrar bem o ano por aqui, compartilho com todos o resultado de mais uma bela parceria desenvolvida ao longo dos últimos meses. Seguindo o caminho inverso do que eu havia feito em junho, quando elaborei as perguntas da entrevista sobre Akibaranger respondidas pelo amigo Mateus Nascimento, desta vez eu é que fui entrevistado pelo colega Admilton Ribeiro.


      Para quem ainda não o conhece, Admilton é um tokufã que vem se esforçando nos últimos tempos para ampliar o conteúdo informativo de tokusatsu na Internet. O sucesso que ele vem obtendo é visível principalmente através de seu Blog Toku Force_ para o qual esta entrevista foi originalmente elaborada. Criada neste ano, a mídia se baseia em outros blogs de conteúdo informativo relevante como o Tatisatsu, Sushi Pop, os estrangeiros JEFusion e Orends, além do Henshin World_ segundo o próprio Admilton. Buscando um estilo próprio, muitas postagens recentes chegam a surpreender, e para um blog com menos de um ano de vida ele se impõe como uma resposta à altura dos que diziam haver "pouco conteúdo de informação disponível" na nossa área de entretenimento favorita. Por isso acredito realmente que, em pouquíssimo tempo, o Blog Toku Force deverá fazer parte do rol obrigatório dos que buscam por sites de tokusatsu, sem abrir mão da qualidade.
      Posso afirmar que, através da quase totalidade destas perguntas a seguir, eu encontrei brechas preciosas para divagar sobre a maioria de minhas ideias mais fortemente definidas enquanto tokufã até o momento. Ao longo da entrevista ainda há espaço para revelações inesperadas, confissões com um certo ar de desabafo pessoal e até mesmo esclarecimentos de minha personalidade que muitos provavelmente jamais suspeitariam. 
      Para que todo esse material seja melhor aproveitado, no entanto, é muito importante o leitor ter em mente que todas as perguntas da entrevista foram definidas (e repassadas a mim) em 05/10.Como até a data presente tanto eu quanto o Admilton estivemos trabalhando nos ajustes necessários para a publicação final, algumas delas, como a 11ª, ficaram de fato ultrapassadas, mas nem por isso menos interessantes. 

      Abordando gêneros diversos, focando-se em épocas das mais distintas, a entrevista é um registro capaz de atingir a curiosidade dos fãs mais exigentes. Para os que desejam saber mais a respeito do autor aqui do blog_ por ele mesmo e sem boatos de intermediários_, digo-lhes que a oportunidade criada por esta entrevista do Admilton é única. Além de que, acredito eu, dificilmente haverá outra publicação por aqui em que poderei assumir um tom tão pessoal, em primeira pessoa:

      1. Conte-nos sobre como teve inicio sua história com o universo tokusatsus.

      Minha primeira experiência com tokusatsu foi o Jaspion, vindo logo atrás dele boa parte da turma de heróis japoneses exibidos na TV brasileira, naquela inesquecível passagem da década de 80 para a de 90. Tenho muito orgulho de ter sido parte daquela geração. Lembro dessa época com muito carinho. As experiências que vivi nela, com certeza, foram determinantes para mim ser o tokufã que sou hoje.

      2. Você possui alguma coleção relacionada ao tokusatsu?

      Bem difícil colecionar algo relacionado a tokusatsu no Brasil, não é? A única coisa que ando tentando colecionar atualmente são matérias de jornais e revistas de épocas antigas, que abordavam o tokusatsu de uma maneira bem diferente de hoje, e que, vez ou outra, também me ajudam nas minhas próprias matérias.


      3. Por qual motivo foi a escolha do nome Goggle Red para seu perfil na tokunet, nas redes sociais e o que este personagem representa para você?
      Ah, é uma história engraçada! Goggle V não é exatamente a minha série favorita, e sim a que eu mais tenho afinidade, intimidade. O meu nome real é extremamente incomum entre os homens brasileiros, difícil de ser compreendido, lembrado. E como eu já vinha com uma certa vontade de me associar com a série do coração... uni o útil ao agradável.
      O personagem Goggle Red significa pouco para mim. Meu Red favorito é o Jan, de Gekiranger. E mesmo na equipe ele passa longe do meu guerreiro preferido, que é o Goggle Yellow. Acontece que eu não escolhi o Yellow para nick porque muitos poderiam pensar que eu sou gordinho, quando na realidade sou magro pra caramba, rs! Essa escolha foi mais por falta de opção.

      4. Em 2012 quais foram os melhores movies de tokusatsus na sua opinião?

      O do Gyaban. Apesar de ter sido muito fiel aos conceitos originais, serviu para fazer os fãs vislumbrarem ao menos um pouco do estágio em que os Metal Heroes estariam caso ainda fossem produzidos em série. E o Super Hero Taisen 2012, que salvo decepções foi ótimo no âmbito das reconstruções.

      5. Ainda em 2012 qual série você considera a melhor do ano?

      Gobusters teve um início surpreendente. O primeiro episódio então, foi monstruoso! Uma pena que tenha fraquejado tanto do 30º para frente.

      6. Akibaranger: exibido paralelamente com os Super Sentais: surpreendeu durante a exibição de Gokaiger e se consagrou durante a exibição de Gobusters?

      Para mim foi uma surpresa! Nunca poderia imaginar que uma série cômica ia conquistar tanta gente daqui, já que a tendência é sempre malhar com esse tipo de produção. Isso é consagração, sem dúvida. Ainda que minha opinião de Akibaranger seja a mais neutra possível, acredito que o tipo de humor dele soou bem diferenciado para o público.


      7. Em todos os movies de Kamen Riders ou quando eles se reuniram em alguma série Rider, qual foi o encontro mais emocionante para você? 
      Sem sombra de dúvida, o encontro dos nove primeiros Heisei com o Kamen Rider ZX, no filme homônimo de 1984. Um encontro milagroso, fantástico! O próprio protagonista Ryo Murasame é o mais carismático alter-ego de um Rider que eu já vi. Depois de ver o filme, instantaneamente virei muito fã do Shun Sugata, ator que o interpretou de uma forma mágica, cheio de gana, expressão corporal. Esse filme, além de ter sido um oceano de emoção para mim, ainda foi fundamental para me formar o tokufã no nível que sou hoje.


      8. Nas séries Sentais qual os 5 esquadrões que mais te chamam a atenção? Fale um pouco sobre sua escolha.
      Falar de Goggle V aqui seria uma resposta um tanto óbvia para o meu caso. Mas, como eu disse antes, é uma série cujo grau de intimidade que cultivo não me deixaria à vontade para falar sobre ela de um modo analítico. Seria um caso em que argumento nenhum faria sentido, diante da força do sentimento, por isso prefiro nem considerá-lo aqui.
      Posso destacar_ até acima dos outros_ Maskman, por sua história maravilhosa, pela confiança entre Takeru e Chefe Sugata, pelo Akira (que é meu guerreiro Sentai favorito entre todos que já existiram), e por estar diretamente ligado à época em que eu decidi voltar a trabalhar pelos tokus. Por esse último motivo eu também destaco Timeranger, que junto de GoGo V (outro destaque meu) tem uma das atmosferas mais fascinantes que eu já presenciei no gênero. Sinto um tremendo bem estar quando assisto a ambos.
      Citaria ainda Battle Fever J, revolucionário em conceitos, e onde até os segundos mais insignificantes de cada episódio transbordam sentimento, são intensos, te fazem refletir de um modo profundo. Costumo dizer que o fã não deve assistir Battle Fever, e sim vivenciá-lo, procurar participar daquilo tudo que surge a sua frente. E por último Liveman, um Sentai muito completo, que fala, explica e conta muita história em poucos episódios. Além de ter contribuído muito com os esquadrões de hoje no aspecto visual, Liveman ainda procurou inovar nas trilhas sonoras_ seu encerramento foi o primeiro a utilizar música eletrônica, e depois dele só Go Onger faria igual.


      9. Você sempre nos brinda no seu blog e na sua Fan Page do Henshin World com as datas de aniversário dos artista famosos do tokusatsus. Como é para você fazer esse trabalho tão legal?
      Tanto o blog quanto a Fan Page do Henshin World possuem algumas seções fixas, além das postagens de tema livre. No blog, atualmente nós temos os reviews, os Top 5, as estreias e os perfis. Na Fan Page, além da seção de aniversários, ainda há o Momento Saudade e as divulgações de sites, blogs e fansubs dos colegas e parceiros. Eu gosto de fazer todas essas coisas, principalmente porque é através delas que eu encontro o meu espaço para fazer algo pelos tokus. Mas claro que também tem o lado cansativo. Existe postagens que eu passo meses juntando material, correndo atrás daquela imagem específica, editando tudo, revisando textos, às vezes montando um vídeo, para complementar. Na Fan Page a carga é um pouco menos pesada, apesar de que já houve casos em que eu gastei até quatro horas editando uma imagem para uma postagem de lá. 
      Eu sei que existe o risco de muitas postagens passarem batidas, mesmo fazendo tudo isso, mas enquanto eu tiver disposição para fazer, será desse jeito. Eu até gosto de divulgar meu trabalho, mas sempre com muita ética e moderação. Sempre vejo muitas Fan Pages, blogs e até míseros grupos lá no Facebook que, na sede implacável de divulgarem a si mesmos, fazem o diabo e tratam os outros colegas como se fossem apenas concorrentes de castas inferiores. Acho que, se a pessoa divulga o que ela faz também pode muito bem divulgar o trabalho de um colega, abraçá-lo como parceiro, dar os devidos créditos e, acima de tudo, respeitar a liberdade de escolha de todos os demais. Gerentes de qualquer mídia precisam ter plena consciência dessa liberdade que as pessoas têm, seja para curtir páginas, ler blogs ou entrar e se manter em grupos. Fazerem tudo isso só se realmente quiserem. No meu modo de trabalhar com o Henshin World, eu jamais teria coragem de impor nada a ninguém, de ser deselegante a esse ponto. É algo que eu sempre procuro observar em meus atos relacionados a meu trabalho.
      10. Conte a história de como nasceu os projetos do Henshin World na Tokunet. Você tinha alguma outra atividade sobre tokusatsus antes dela?
      O Henshin World nasceu da grande vontade que eu tinha em poder retribuir tudo que o tokusatsu me deu ao longo da vida. A energia positiva, a sede de lutar e vencer, a confiança de que você pode derrotar suas adversidades. Antes do blog, eu visitava sites que ainda admiro até hoje, como o Tokufriends, e via todo aquele pessoal interagindo, debatendo, etc. Através daquilo, eu lembro que sonhava em um dia conhecer uma turma legal, em que eu pudesse estar no meio, para trocarmos ideias sobre tokus. Enfim, queria ter meu espaço na Tokunet.
      O blog foi criado em 2009, mas dessa época sobraram poucos registros, porque eu não conhecia tantas séries de tokusatsu como fui conhecer depois, e minha opiniões não eram como são hoje. Por isso que eu considero 18 de novembro de 2011 como a verdadeira data de nascimento do blog. A partir daí eu passei a acompanhar de tudo, e isso ampliou minha argumentação, o que me permitiu fazer um trabalho que me deixasse bem mais satisfeito do que antes. Como consequência desse crescimento, surgiram depois o meu canal de vídeos no Dailymotion e a Fan Page no Facebook. Lembro que eu relutei em criar a Fan Page, porque para mim o Facebook_ apesar da projeção que tem hoje_ nunca foi uma mídia de extrema importância. Mesmo assim, acabou sendo vantajoso depois do critério que eu estabeleci, que é usar a Fan Page para as notícias de momento, opiniões mais rasas, divulgações de colegas, etc, deixando as matérias e postagens de maior complexidade para o blog. Ou seja, hoje a Fan Page representa a parte leve do Henshin World, enquanto que o blog fica com o material denso.
      Por causa da praticidade, a Fan Page é atualizada quase todo dia. O número de pessoas que a seguem também acabou sendo muito maior do que eu esperava. Tanto que, para suprir a demanda, hoje eu tenho por lá o meu amigo Marcos Lima, que graças a Deus aceitou meu convite e é o responsável pelos posts relacionados ao gênero Ultraman.


      11. Kamen Rider Gaim e Ultraman Ginga. À primeira vista, o que podemos esperar dessas novas séries tokusatsus?
      Gaim começou muito bem. Logo no primeiro episódio trouxe dois focos de mistério de grande potencial, que se forem bem trabalhados podem se prolongar por boa parte da série_ ainda que essas coisas dependam do humor dos roteiristas. A pior coisa seria eles destruírem esses focos em dois ou três episódios, revelando todo o segredo por trás da Corporação Iggdrasil e da sósia da Mai. Isso me faria acompanhar o restante da trama com uma empolgação muito menor do que no início. Acho que muito do sucesso que Gaim fará se baseia nesses segredos. Se eles forem mantidos por pelo menos uns 40 episódios, a chance de superar Wizard (com folga) será grande.
      Sobre Ultraman Ginga, como já temos aí vários episódios disponíveis_ inclusive, toda a primeira etapa do seriado já foi concluída_, a minha fala nem é mais de expectativa, e sim de confirmação. É uma série que busca inovar legal e que consegue bem isso_ ainda que não tenha as aspirações revolucionárias de um Ultraman Zero_ e para mim está agradando muitíssimo mesmo. Estou gostando muito dos personagens. Hikaru, o protagonista, que não tem aquela pose de "bonzão" de muitos outros Ultras, foi um dos que mais me afeiçoei. Achei ele um cara legal principalmente porque age sempre guiado pelo coração, dá muito valor para o sonho de todos à volta dele. Gosto também da Misuzu, uma heroína bem espontânea, bonita, bem como eu curto também. Já o Ichijouji é um antagonista interessantíssimo. Acho que só os fãs mais conservadores do gênero que podem vir a não gostar desse Ultraman.

      12. Com a Toei Lançando um canal pago chamado Toei Japan Channel nos EUA e a Saban garantindo as adaptações das séries japonesas até 2016, o que pode mudar no cenário tokusatsu, devido a esses fatos?

      Para nós, infelizmente, não deverá mudar nada. Vejo isso como uma pequena troca de favores entre duas nações e só.

      13. Quais os seus destaques nas seguintes categorias: Metal Heroes, Henshin Heroes e Ultraman?
      De Metal Heroes, Jaspion é um caso à parte. Acho que a mesma coisa que eu disse sobre Goggle V lá na pergunta dos Sentais se aplica para ele também. Acredito que não só no meu ponto de vista, mas de muitos de nós, Jaspion trás uma emoção diferenciada. Prefiro deixá-lo quieto, na posição de hors-concours, e nem considerá-lo aqui. No lugar eu citaria Sharivan, que é arrebatador, em todos os aspectos. Mesmo outros Metal Heroes mais modernos que eu também gosto muito, caso de Janperson e Juukou B-Fighter, não podem superar o Sharivan. Janperson até chega perto dele_ sempre defendia as pessoas com o próprio corpo e tal, era bem determinado_, mas não dá para comparar, no fim das contas.
      Henshin Heroes eu sempre penso no montão de tesouros que foram feitos na década de 70. Todos que experimentei até agora me envolveram bastante. Mas minha experiência mais forte com esse gênero até hoje_ e pessoalmente_ foi Patrine. Não vou nem dizer que ela é um destaque, porque se vê que é um seriado feito praticamente sem ambição nenhuma, enquanto que nos Henshins da década de 70 tudo era muito bem pensado, para cada detalhe parecer bem heroico, emocionante. Já no período recente, só vejo referências desse gênero nas séries da trilogia dos ChouSeiShin, porque de resto os Henshin Heroes vêm recebendo menos atenção do que deveriam.
      E de Ultraman, pelo que vi até agora, meu top é o Ginga, pelo menos enquanto eu não puder realizar minha vontade de conhecer o Ultraman Dyna_ que de todos é o que a minha intuição mais me sugere. Ginga está demonstrando como mesmo em formato de série é possível quebrar um monte de tabus no gênero, manter a identidade básica de um Ultraman fazendo uma história leve e apostar sempre em lutas de alta qualidade.

      14. Nas transições de Decade para W, para 000, etc, eles sempre aparecem ajudando em alguma situação o Rider que está terminando. Qual a mais legal na sua visão?

      Essa passagem de bastão é uma das grandes conquistas positivas que o tokusatsu moderno trouxe para o gênero Kamen Rider. Quer dizer, quem estiver restrito a ser fã apenas dos Riders antigos não tem como tirar proveito dessa conquista. Riders Showa tinham por costume se encontrarem com seus antecessores em determinados momentos de suas séries para lutarem juntos, isso desde as épocas mais remotas_ e desde muito antes da série do Black RX, o que poucos fãs sabem. Mas, mesmo nesses casos, nunca houve o tom de sucessão que existe hoje, aquilo soava mais como um clima de cooperação. 
      Acho que de Decade para cá todas as transições foram marcantes. Só vejo como negativo o fato delas terem ocorrido em filmes. Para quem está fora do Japão e não tem acesso ao cinema, ao momento, é frustrante esperar pelo material. Quando o filme chega até nós, o Rider que lá aparece como novidade já é bem conhecido pela maioria daqui, que está acompanhando sua série.  Kamen Rider Wizard corrigiu esse defeito. Ao invés de dar uma ponta para o Gaim no filme "Wizard in Magic Land", o que era a aposta de muitos (minha, inclusive), criou um arco especial, por fora da trama mas que fosse incorporado a série, dando espaço para a estreia de Gaim e ainda servindo como ponte para o seriado sucessor. Resultado: recebemos os episódios em tempo, tal como foi no seriado inteiro, algo bem mais prático do que esperar por RAW de filme.  Pessoalmente, foi minha sucessão preferida, não só por isso, mas pela imensa qualidade que eu senti naquele arco, em muitos pontos superior à própria trama principal. Lembro que o episódio 52 foi de uma complexidade incomum para os padrões da Toei, o que me levou a fazer um post de destaque na Fan Page do Henshin World explicando a história para quem poderia vir a não entendê-la. Criaram um vilão extraordinário, o Amadan, que era também um receptáculo de todos os poderes malignos da Era Heisei. As palavras dele para o Nitou/ Kamen Rider Beast no último episódio me fizeram chorar muito, quando ele disse que os poderes de qualquer Kamen Rider são exatamente os mesmos dos vilões que eles combatem, dando até exemplos. Essa é a maior verdade por trás de um Kamen Rider, e algo que eu vivo repetindo para os colegas. Uma verdade cruel, mas que passa uma mensagem muito bonita: a de que qualquer pessoa pode transformar a maldade inerente e inalterável que há em todos nós em atos de bondade, em frutos positivos.

      15. Deixe seu recado para o blog Tokuforce.
      Para o blog Tokuforce eu desejo tudo de bom, que o trabalho do blog seja sempre reconhecido e que se multiplique cada vez mais. Quero que ele continue sendo uma ferramenta importante para o time dos que se dispõem a divulgar a cultura dos tokusatsus e que sempre esteja atuando em conjunto com os demais, na medida do possível. É isso que eu espero.

      Top Five Retrospectiva: os melhores momentos da Fan Page do Henshin World em 2014

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      Mais um ano de tokusatsu se encerra e, com a entrada de 2014, muitas lembranças voltam à mente. um bom momento para, tal como no ano passado, fazermos uma retrospectiva em clima de Top Five. Desta vez, porém, optei por fugir um pouco da memória puramente pessoal (transcrita na postagem que abriu o ano de 2013 aqui no blog) para poder revisitar um dos canais do site, a Fan Page do Facebook, ela própria um diário que vem refletindo boa parte dos bons momentos que o tokusatsu sempre me faz experimentar, criando diversas outras recordações.
      Por coincidência, a Fan Page se aproxima de seu primeiro aniversário. Criada no final de janeiro de 2013 e desde então ganhando atualizações quase diárias, ela somou, até o último dia do ano, a boa marca de 383 publicações, com 1090 fotos divididas em 19 álbuns_ a grande maioria delas inéditas, providas de screenshots sobre os vários episódios e filmes de tokus que assisti ao longo de 2013.

      Sobre esta seleção, é muito importante ressaltar que eu escolhi exclusivamente as minhas postagens preferidas, ou seja, as que mais me deram prazer em fazer e ver publicadas. E ao contrário do que alguns leitores possam pensar, em momento algum eu me baseei na repercussão da postagem ou em sua suposta boa aceitação pelos seguidores e visitantes da página para incluí-la no pódio. Isso explica o porque de um post como o da montagem que fiz para o henshin do Kamen Rider Black (com suas 26 curtidas, seus 13 comentários na foto e seus 55 compartilhamentos) não figurar entre os cinco escolhidos. Basicamente, vejo um ato desse como um exercício prático da liberdade de opinião que considero essencial no trabalho da mídia Henshin World. Cada qual é livre para manifestar (ou não) sua reação sobre determinada postagem, o que não alterará em absolutamente nada o meu nível de dedicação para realizar e compartilhar as ideias que me ocorrem. 
      Atendendo a um pedido meu, essa regra também foi observada pelo meu amigo Marcos Lima, com quem divido a primeira parceria deste ano para um trabalho aqui do blog. Para quem ainda não o conhece, Marcos é colaborador na Fan Page deste site desde 10 de julho, onde é responsável pelas postagens referentes ao gênero Ultraman, além de membro fixo no staff da mídia parceira Tokyo Space. Concluindo com brilho esta nossa primeira postagem de 2014, num bônus, ele seleciona e comenta aquela que foi sua publicação favorita até hoje, ao longo desse tempo em que vem atualizando a Fan Page do Henshin World junto comigo. 
      Após cada comentário, segue ainda o texto original do post, na íntegra, e uma reprodução da imagem utilizada na ocasião:


      Posição 5- Super Sentais na TV brasileira (12 de março)_ O tema é, provavelmente, o mais debatido nas rodas de tokufãs. E, dentre os que cresceram assistindo tokusatsus na TV, muitos já devem ter sonhado com isso: o retorno das produções (originais) à telinha. Referindo-se especificamente aos Super Sentais, nossa sensação de telespectadores órfãos é ainda mais dolorosa, quando comparamos o número de seriados exibidos por aqui (4) aos que já desfilaram no Oriente (37):

      Texto_ "Em 1991 a Rede Manchete estreava Maskman na sua grade de programação. Desde então, nunca mais o público veria um Super Sentai legítimo e inedito na TV brasileira. São muitos os espectadores dessa época que ignoram que as séries do gênero continuam a ser produzidas, assim como também ignoram as inúmeras conquistas estéticas pelas quais ela passou até chegar no estágio atual, com promessas de um futuro ainda mais impressionante.
      Mas essa ignorância de 22 anos não tem como ser do espectador, já que ele apenas recebe a programação que é exibida. De quem seria a culpa disso? É justo que cada um raciocine de seu modo."




      Posição 4- Virtudes dos Kamen Riders (30 de agosto)_ A meta pode parecer complicada: definir, em uma palavra, qual a maior qualidade de cada um dos Kamen Riders historicamente considerados principais. No entanto, a conclusão dessa postagem se revelou como a maior prova que pude dar a mim mesmo do conhecimento satisfatório que já acumulei sobre cada um desses personagens, assim como sobre cada uma de suas séries e filmes. Costumo vê-la ainda como um fruto de minha saga de espectador pelas dez primeiras séries Heisei, uma das memórias mais marcantes que esse gênero me proporcionou até hoje. A imagem, visivelmente trabalhosa, consumiu dias para ficar pronta, e alguns Rider Cards chagaram a sofrer edições de montagem:

      Texto_ "Qual a virtude mais marcante de cada um dos principais Kamen Riders?
      Após algum tempo pensando, estas foram as minhas escolhas. E aí, concordam?"


      Posição 3- Alusão à "Lobo Solitário" no episódio 12 de Abaranger (14 de maio)_ Esse episódio faz parte de uma fase curiosa de Abaranger, já que pouco antes a mesma série havia exibido um outro (também publicado e debatido na Fan Page) supostamente alusivo ao gênero Ultraman. Para mim foi uma ótima surpresa, pois sou muito fã desse mangá. Publicado entre 1972 e 1976, "Lobo Solitário"é, na minha visão, a amostra artística mais efetiva do grande poder que há num sentimento de amor entre um pai e um filho.

      Texto_ "Semana passada, vimos por aqui como Abaranger fez uma alusão ao universo dos Ultraman, no episódio 08. Hoje veremos que o episódio 12 da mesma série parodiou outro sucesso, o "Kozure Okami"_ ou "Lobo Solitário", mangá de Kazuo Koike e Goseki Kojima, um verdadeiro clássico dos quadrinhos.
      As fotos aí ao redor da arte do mangá foram extraídas do episódio."


      Posição 2- Descobrimento de Zubat (05 de março)_ Esse comentário foi publicado na Fan Page poucos minutos após eu assistir o episódio inicial de Zubat, série de Henshin Hero que até então eu só conhecia de nome. Surpreendente à seu modo, a história me surpreendeu mais do que de costume, e me fez sentir, ainda que vagamente, parte da sensação que eu tive em 2012 ao descobrir Patrine. Nesse caso de Zubat, creio que a falta de contato na infância com o clima dos tokus da década de 70 foi o impedimento para um deslumbramento maior, tal como me ocorreu com a heroína da TV Manchete. Ainda assim, foi a experiência de descoberta mais forte que eu tive em 2013:

      Texto_ "Zubat é uma série de 1977 que eu conheci hoje. É um tokusatsu que aposta num clima western bem tradicional, com um justiceiro que luta por vingança e outros motes característicos.
      O grande Hiroshi Miyauchi (Kamen Rider V3, Big One e outros) vive o herói Ken Hayakawa, que inconformado com a morte cruel de seu amigo Asuka luta para eliminar a injusta Organização Dakkar, que saqueia a população e faz atentados terroristas.
      A série é um projeto recente do Jiraya Fansubs, onde os dois primeiros episódios já estão disponíveis".


      Posição 1- Reflexão sobre Kamen Rider Decade (15 de julho)_ Uma postagem criada mais pelo coração do que pela razão. Essa é, talvez, a melhor explicação do porque desta ter sido minha publicação favorita na Fan Page do blog ao longo de todo o ano passado. A emoção de estar começando a assistir Kamen Rider Decade_ série que concluiu meu longo projeto sobre todos os Heisei Riders_ me conduziu a uma reflexão profunda sobre a principal frase do protagonista. Juntando isso a uma das melhores fotos em alta definição que eu tinha em meus arquivos pessoais (na verdade, um screenshot do Super Hero Taisen de 2012), todo o restante do texto fluiu como um grande desabafo de um raciocínio que eu carregava em meu íntimo há tempos, finalmente encontrando a oportunidade certa para expressá-lo sem qualquer censura:

      Texto_ "'Sou apenas um Kamen Rider de passagem'
      Essa frase é um dos grandes motivos que me levaram a gostar de Kamen Rider Decade antes mesmo de assistir a série, que comecei hoje. Sinto uma energia muito forte através dessas palavras do protagonista Kadoya Tsukasa. Palavras simples, mas que tomam proporções enormes justamente por serem ditas antes de cada batalha. 
      Decade deixa claro que ele é "apenas mais um" Rider entre inúmeros outros antes dele, assim como nós mesmos também somos só uma pessoa dentre tantas. O que determina nosso valor aqui é a capacidade de deixarmos nossa marca por onde passemos_ ainda que andemos por vários mundos diferentes."



      Bônus- Satoshi Furuya nas gravações de Ultraman (Por Marcos Lima, em 16 de novembro)_ Com a palavra, nosso Marcos Lima:
      "Escolhi esta imagem não apenas por ter tido um alcance importante dentre as publicações que fiz na Fan Page do Henshin World, mas também por ela ter sido escaneada de um livro raro, que pertence ao meu acervo particular. Nos dias de hoje ela pode ser encontrada também em alguns sites japoneses especializados. Fiquei contente por essa postagem ter sido contemplada por um grande número de fãs japoneses, incluindo o  próprio Satoshi Furuya, entre vários outros."

      Texto_ "Mais uma imagem do Sr. Satoshi Furuya durante uma pausa nas gravações, desta vez para fazer ajustes no traje super quente de Ultraman (1966).
      # Por Marcos Lima"  


      Ressha Sentai Tokkyuger - primeiras impressões

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      O último fim de semana trouxe aquelas sensações já características para alguns tokufãs habituados. Expectativa para os que esperam pela data, concentração para os que gostam de debater com os amigos e, não menos importante, muito trabalho para fãs como eu e alguns outros colegas, que posteriormente escrevem sobre uma nova série a cada estreia, compartilhando suas primeiras impressões.
      Tanta agitação se justifica, já que Tokkyuger foi nada menos que a 38ª equipe a desembarcar na tradicionalíssima estação dos Super Sentais_ famosa por transportar belas mensagens de companheirismo à seus "passageiros" desde 1975. A inédita temática dos trens é uma resposta a quem não curtiu a escolha feita no ano passado, quando Kyoryuger foi o terceiro esquadrão a se utilizar, de algum modo, do motivo "dinossauro". Para não apostar totalmente no escuro, a inspiração em Kamen Rider Den-O aparece em Tokkyuger às vezes clara, às vezes só supostamente, dependendo de cada ponto de vista. Se tomarmos como exemplo a principal fonte energética dos novos heróis, que será o Poder da Imaginação (tal como foi, em parte, a música para os Kyoryuger), é muito fácil pensarmos nos Imagins, de Den-o, e supormos um desdobramento da palavra até Imagination, talvez o termo de maior destaque que acompanhará este novo seriado.
      Tão forte quanto as palavras, muitos pontos no trabalho visual de Tokkyuger ainda poderão trazer lembranças daquele Kamen Rider, mas dificilmente (pelo que este episódio inicial mostrou) a trama de ambos sofrerá com interferências de identidade. Dessa área, o único detalhe que eu poderia chamar de semelhante está na condição de luta dos heróis. Como já se deu a entender, a equipe terá toda uma obsessão com o próprio passado, com suas memórias pessoais de infância que aparentemente não "se conectam", algo que não apenas nos remete à história da heroína Hana/ Kohana na fase final de Den-O como também ao próprio protagonista Ryoutaro Nogami, em sua luta através das memórias das vítimas que salvava.

      Memórias ausentes
      Mas, voltando exclusivamente ao gênero Super Sentai, este começo de Tokkyuger, para minha surpresa, deu poucas brechas para nostalgias e comparações com Sentais anteriores. É até curioso mas para mim, pessoalmente, foi muito mais fácil procurar (e encontrar) detalhes que me remetessem à séries antigas não no episódio em si, mas sim nas pesquisas que fiz semanas antes da estreia_ e cujo resultado publiquei numa sequência de postagens na Fan Page do Henshin World, entre os dias 5 e 12 deste mês. Seria necessário uma boa dose de esforço para nos lembrarmos de um GoOnger, por exemplo, já que em comum com esse só há o uso (inevitável) da velocidade e do processo de transformação (que leva no bracelete o condutor de energia dos mechas individuais). Pelo lado dos vilões da Shadow Line poderíamos recordar superficialmente de Maskman, já que ambos possuem um grupo de antagonistas ambicioso em espalhar a escuridão pela Terra. Mas, pelo comportamento de seus membros, a tendência maior é de que Shadow Line e Império Tube não tenham mais nada além disso em semelhança.
      Em meio a tanta inovação, o detalhe mais nostálgico da série deverá ser mesmo a robozinha Wagon, que infelizmente não teve espaço para aparecer nesta estreia. É bem provável que não apenas eu estarei pensando em Colon (de Liveman) e em Peebo (de Bioman) quando Wagon entrar em ação, mas mesmo assim, opiniões como a da minha amiga Angela Noryaki devem ser levadas em conta. Segundo ela comentou na postagem que fiz na Fan Page voltada à Wagon, o porte da personagem sugere que ela poderá se destacar mais como uma heroína (do tipo que luta junto com a equipe dos bastidores, torcendo e apoiando) do que como uma simples robô. Sem falar na própria personalidade que Wagon demonstrará, já que Colon e Peebo se destacavam, acima de tudo, por um senso de liderança apurado_ algo que certamente não se repetirá com Wagon, já que a participação do Condutor neste episódio inicial já foi bem suficiente para deixar claro que o posto de comando será mesmo ocupado por ele.
      Por falar em comando, o tratamento dado ao mais novo líder Red de um Super Sentai nesta estreia de Tokkyuger foi meio que o inverso do visto há um ano atrás. As luzes jogadas sobre Raito/ Tokkyu 1 até foram consideráveis, mas nada que ofuscasse o restante do time, tal como fez o "King" Daigo assim que Kyoryuger começou. Raito foi aqui o típico caso de Red que chega de retardatário na história, tal como foram os Reds de Gaoranger, Dekaranger e Magiranger, para se juntar a uma equipe já consolidada e consciente de sua missão. E assim como Kakeru, Ban e Kai, Raito já demonstrou como pode ser capaz de compensar suas falhas com uma força de vontade ímpar, algo que desde sempre é o diferencial num líder de esquadrão. Foi em virtude da primeira luta no TQG (trem-base dos Tokkyuger) contra o Dark Kurainer (trem antagonista) em plena Rainbow Line que Raito conheceu aqueles que seriam seus companheiros. Por coincidência, ele estava entre as várias crianças sequestradas pelos vilões no início do episódio, e sentiu-se apto a lutar assim que viu (e só de ver) os demais membros em ação. Ao partir para cima do monstro inimigo sem qualquer hesitação_ e posteriormente ser atirado longe pelo mesmo_, Raito ainda vivenciou os primeiros lapsos de sua memória perdida, no qual se viu criança do mesmo modo como também costumam se ver os seus parceiros.
       Ainda de acordo com minhas impressões sobre os guerreiros, senti que essa estreia deu um certo enfoque também sobre Kagura, a Tokkyu 5, quase no mesmo nível que deu a Raito_ algo que já me faz apostar que essa Pink será um dos personagens em que os produtores mais depositarão suas esperanças de sucesso. Afinal, eles decidiram dar um jeito para mostrar, logo de cara, aquilo que habitualmente veríamos só mais para frente, ou seja, num provável episódio que fosse protagonizado especificamente por Kagura. Me refiro aqui, acima de tudo, às revelações precoces sobre suas limitações humanas e, como contraste disso, suas capacidades sobre-humanas a cada vez que a determinação da guerreira resolve falar mais alto. Esses detalhes até podem nos redirecionar às fraquezas provocadas pelo Vaccine Program aos Gobusters, mas, pelo fato de ser algo exclusivo de Kagura neste seriado, já faz com que ela crie bagagem suficiente para ficar marcada de algum modo singular entre os fãs. Assim, ela poderá ser lembrada tanto como uma das mais frágeis como também como a mais forte que já houve na história do gênero_ isso, obviamente, em sua posição_, algo que poderá ainda ser um passo importante rumo ao sonho de vermos o dia em que uma menina será uma líder Red definitiva. Completando o quadro dos outros heróis, Tokachi, Mio e Hikari tiveram um espaço mais tímido no episódio, aparecendo mais pela luta do que pelas personalidades.

      Decepções em família
      Apostar em Kagura, Raito ou Wagon como os "queridinhos" dos espectadores me parece de fato algo mais sensato do que jogar as fichas para as principais figuras da Shadow Line. A família formada por Schwarz, Noir e Glitter (continuo insistindo a não chamá-la de "Gretta", tal como alguns colegas já vêm fazendo), acompanhada também do Barão Nero_ talvez a peça-chave para decifrar os mistérios sobre a crise de memória dos Tokkyuger_ agradou, até aqui, muito mais pelas descrições do que pelas atuações. Claro que vale a nossa torcida para que isso mude, até porque os vilões tiveram uma participação bem básica na estreia, e ainda mais ligeira da que Kyoryuger deu aos Devos em seus primeiros momentos. Mas, no geral, esses novos inimigos me pareceram pouco ameaçadores, e provavelmente serão, até o fim, menos que os antecessores. Creio que se confirmarem sua condição de saco de pancadas assumidos, a Shadow Line poderá ser até um fator de risco que diminuiria a intensidade da emoção nas lutas.
      Reforçando a ideia de que a área dos vilões em Super Sentais é uma das que mais vem sofrendo para fornecer um material que cative a todos, eu ainda citaria o campo musical como outro item negativo, e que infelizmente não vem conseguindo acompanhar a evolução que o gênero sempre exibe a cada novo período em efeitos especiais, fantasias, costumes, etc. Ainda que esta seja outra opinião estritamente pessoal, me entristece chegar na conclusão de que não posso ter aqui uma visão semelhante à de minha amiga Taty de Souza, para quem basta uma boa carga de animação nos temas musicais para que eles se mostrem satisfatórios. Do ponto de vista estrutural, o caráter das principais músicas de Super Sentais vem se mantendo o mesmo desde Hurricanger (lê-se 2002), no mínimo_ e isso continua. Talvez tal coisa seja suficiente para sonorizar uma abertura como a de Tokkyuger, com toda sua atmosfera jovem, algo ainda mais destacado na sequência do encerramento. Mas essa estagnação fornece pouco diante de uma história pela qual já desfilaram temas heróicos (como os do início até Dynaman), emotivos (como em Bioman), de um Hard Rock mais agressivo (como em Changeman) e até profundamente inovadores (como os de Timeranger e Gaoranger). Por isso, acho que ainda que sejam agradáveis de se ouvir, temas como os de Tokkyuger seguem frustrantes enquanto construções musicais.
      De resto, não houve mais nada de significativo que me desagradasse. A transformação "Tokkyu Change" me pareceu um pouco complexa demais, pelo peso visual que têm os braceletes e os encaixes dos Resshas, enquanto que a apresentação dos guerreiros soou para mim meio exagerada e sem dúvida muito menos emocionante que a dos Kyoryuger. Já entre as coisas que curti_ e que espero rever também em episódios futuros_, merecem meu destaque o castelo da família Shadow Line (bastante estiloso com sua inspiração gótica) e os painéis de controle do TQG, pelos quais o Condutor passou as instruções à seus comandados enquanto estiveram em batalha. Dos poderes exibidos, me empolguei principalmente com a capacidade da Tokkyu 5 em miniaturizar seus adversários, para depois destruí-los calmamente, tal como se eliminam obedientes... insetos! Previsível, os soldados Kurothes_ com seu design gângster igualmente fascinante_ foram as primeiras vítimas desse poder.
      Ainda sobre as habilidades já exibidas, uma em especial chamou a atenção: trata-se da inédita troca de cores entre os membros_ certamente a maior atração entre as novidades deste Sentai. Baseado nas transferências de linha feitas pela malha ferroviária japonesa, o poder que foi descoberto instintivamente por Raito na história é desde já um fator interessantíssimo, que bem poderia ser reutilizado novamente por equipes futuras_ ainda que para isso seria necessária toda uma reinvenção do item nos roteiros, para trazer uma explicação que fosse tão convincente quanto a dada agora por Tokkyuger. Sobre essa habilidade, vale citar para os espectadores desatentos que essa troca de cores, apesar de ocorrer livremente entre os guerreiros, conserva sempre o número original do uniforme de cada um_ algo fundamental para que eles sejam reconhecidos por quem assiste. Com a troca concluída, cada membro pode se utilizar das armas e dos poderes dos colegas, mas, a notar por Kagura, suas habilidades pessoais e demais características permanecem as mesmas.
      Contrariando (felizmente) os que acreditavam que a estreia do TokkyuOh ficaria adiada para um futuro próximo, a primeira luta do robô até aconteceu, ainda que restrita aos típicos cinco minutos de saideira do episódio. Porém, demonstrando a mesma agilidade de um trem-bala, o mecha guerreiro fez desse curto espaço de tempo algo mais do que suficiente para que pudesse exibir seus principais pontos fortes. Entre eles, o "Ressha Gattai", que aplicou muito mais efeitos de CGI em seu processo do que seria esperado por muitos, mas ainda assim impressionou, fazendo a lembrança do GoLiner (dos GoGo V) parecer muito mais velha do que de fato é. Próximo ao fim de sua formação, a freada brusca que fez o trem dos heróis se erguer do chão lembrou muitíssimo a fase final de montagem do RV Robo, de Carranger.

      À parte de tudo isso, as atrações continuaram na peleja do TokkyuOh. A beleza do cockpit, o notável acesso dos guerreiros a cada vagão (através de uma catraca eletrônica, cujo bilhete de passe está embutido em cada cinto) e os trilhos sob os pés do robô_ presentes tanto no campo de batalha real quanto no virtual_ se destacaram. Como alguns poderiam supor, essa inovação dos trilhos, em especial, não limita em momento algum os movimentos do mecha, até porque "criar" trilhos para enfrentar um oponente é algo que até o próprio Tokkyu 1 já demonstrou saber fazer sozinho.
      Coroando o sentimento de união que deverá dar o tom nesta nova equipe, a Renketsu Bazooka surgiu após ser formada pela combinação das armas individuais básicas de cada membro, fazendo os fãs se lembrarem de peças como o Triple Gadget, dos Hurricanger, entre outros. A bazuca dos Tokkyuger foi aqui um bom motivo para animar os que sempre curtem ver algumas tradições preservadas_ ainda que hoje em dia pareça cada vez mais inviável que um Super Sentai fique utilizando constantemente o mesmo tipo de finalizador ao longo da série.
      Concluíndo todos esses pontos que planejei abordar por aqui, fica a minha torcida pelo sucesso do novo Ressha Sentai Tokkyuger, e para que todas as demais conquistas venham e sejam administradas com responsabilidade.

      Ação versus trama: definindo o que é mais importante num tokusatsu

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      Tema recorrente nas discussões em comunidades de tokufãs pelo mundo todo, decidir o que pesa mais ou menos num veredito final sobre uma produção de tokusatsu, se a ação ou a história, é mais um daqueles debates que valem muito de serem abordados por aqui_ até porque eu mesmo sempre desejei me expressar sobre isso com maiores detalhes. Será que uma ação excepcional é capaz de compensar um roteiro pífio? Será que uma história interessante vale a pena num seriado com cenas de luta ridículas? Com este texto, procurarei focalizar os dois lados da questão.
      Lembro de um outro debate que fiz aqui no blog tempos atrás, voltado às diferenças entre tokusatsus novos e antigos. Naquela ocasião, diante da pergunta "qual dos dois exibe maior qualidade", opinei que cada fã deveria decidir isso não pela época de produção, mas sim através da análise pessoal, observando se suas próprias preferências e expectativas estariam sendo ou não correspondidas. Da mesma forma agora, acredito que diante dessa discussão em torno do tema "ação X trama", chegaremos num ponto em que será preciso decidir pessoalmente o que desejamos mais. Só assim nossa opinião terá validade absoluta, sem sofrer com quaisquer outras que possam vir a comprometê-la.
      Já falando pessoalmente, minha própria história afetiva com o tokusatsu me faria observar a qualidade da ação acima de qualquer outra coisa. Quando eu era garoto e assistia aos tokus dublados na TV brasileira, lembro que eu jamais dava atenção para a história. O que me interessava de fato era o movimento. Naquela época, pouco ou nada me importava se o Comandante Giluke tinha ressuscitado, ou se Rounin Haburamu seria ou não aliado do Jiraiya. Meus olhos brilhavam é quando a Espada Relâmpago era sacada do Change Escudo, ou quando a vassoura de casa, com o cabo "carregado de laser" fazia as vezes de Espada Olímpica_ me deixando ocupado por um bom tempo.
      Jaspion foi o primeiro exemplo que tive de como
      uma ação de qualidade pode muito bem ser
      complementada com uma trama correspondente,
      fazendo com que ambas as virtudes atinjam
      seu ápice
      Esse cenário só começou a mudar quando eu já tinha dez anos e acompanhei, impressionado, os últimos momentos da guerra de Jaspion contra Satan Goss. Lembro que foi só então que eu consegui compreender de um modo íntegro a gravidade daquela história, algo que antes para mim nada mais era do que pretexto para a ação esfuziante que me atraía em outros anos. Mesmo assim deu para constatar que a inocência da infância, aquele sentimento meio "inconsequente" teve suas vantagens, pois logo comecei a perceber como aquilo de algum modo me preparou para aproveitar melhor tudo que se descortinava na minha frente. Sabendo de antemão que Jaspion era um seriado com uma ação envolvente, o fato de eu ter descoberto que sua trama correspondia só fez ampliar a boa impressão que eu já tinha antes_ algo que ainda pode ter sido determinante para que eu desejasse conhecer outros tokus futuramente, já possuindo o trunfo de minha mentalidade desenvolvida. Hoje em dia, mesmo sabendo reconhecer um roteiro de qualidade, uma boa sequência de ação ainda ressoa em mim como fator preferencial na escolha de um tokusatsu. Talvez um vestígio do quanto aquela minha ingenuidade infantil ainda se impõe forte diante de coisas como essas, mais ligadas ao coração do que apenas à razão crua.
      Dan Moroboshi e Anne recebendo uma
      visitinha um tanto diferente no sexto
      episódio de Ultraseven: quando a filosofia
      compensa
      Um dos raros casos recentes que eu presenciei em condições de concordar que uma história excepcional compensa uma ação abaixo da média foi com Ultraseven. Mais precisamente, com o episódio 06 de Ultraseven, onde quase dá para afirmar não ter havido confronto nenhum ao longo de 25 minutos. No entanto, a impressionante história do alienígena representante da civilização Pegassa realmente me surpreendeu muito. Ao mesmo tempo, aquele episódio me serviu como um exemplo e tanto de como algo aparentemente ruim_ no caso, a pobreza de recursos numa produção feita em 1967_ pode recompensar ainda mais do que se imagina. Numa época como hoje, seria perfeitamente comum que altos efeitos especiais seriam aplicados numa passagem com temática espacial. A razão óbvia disso_ e a meu ver bastante errônea_ é que a humanidade vem difundindo há décadas a idéia de que a suposta vida existente além da Terra é dona de um domínio tecnológico infinitamente superior ao nosso, quando na realidade tal visão, enquanto não for devidamente comprovada, não passa de um reflexo aprimorado de nossa própria existência. Sem querer divagar para o campo da filosofia (mas já o fazendo), o ser humano adquiriu o hábito de atribuir aos demais planetas do universo o que há de mais importante no seu próprio planeta: a vida e seu desenvolvimento. E mesmo se supormos que a vida, por exemplo, seja a coisa mais importante também para um outro planeta qualquer, continuaríamos desconhecendo os detalhes de seus seres vivos. Eles poderiam ser idênticos a nós ou ao famoso E.T. de Steven Spielberg, mas também poderiam ser apenas uma sombra escura, como o alienígena de Pegassa que apareceu para Dan e Anne.
      No entanto, é mesmo muito provável que a criatividade que os produtores de Ultraseven aplicaram com tanto brilho nessa passagem da série só foi possível de se realizar devido a falta de maiores recursos naquele momento. Se já dispusesse de tecnologias conhecidas em nosso tempo, reafirmo, aquela mesma história tendenciaria a se apoiar em criações mais fantásticas, porém menos eficientes para criar o clima de mistério e suspense tão marcante no original.
      As cantoras Yuma Nakamura (na esquerda),
      Yuka Onishi (no centro) e Yui Asaka como as
      irmãs Kazama na Season III de Sukeban Deka
      (1987): flertando com novos conceitos
      Fora do aspecto pessoal, as divergências entre tokufãs pela ação ou pela trama como prioridade ganha contornos mais ricos quando seus argumentos se baseiam na própria definição do termo "tokusatsu": uma produção com efeitos especiais. Ainda que pareça mais fácil acreditarmos que tais efeitos especiais só possam render algo proveitoso quando dirigidos às cenas de batalha_ encontrando nelas também um campo vasto para demonstração de suas potencialidades_, a constante aceitação do toku para com outros tipos de artes orientais (muitas vezes também ocidentais) logo nos impulsiona de volta à realidade. Se pensarmos que a ação é o gene básico de qualquer tokusatsu, logo poderemos entender que a trama, sendo boa ou ruim, só foi criada com o propósito de abrir espaço para momentos de tensão que conduzam ao que é primordial (nesse ponto de vista), que é a cena de ação.
      Mas também é possível raciocinarmos aqui de um outro modo, algo que deixaria o debate ainda mais interessante. Se compreendermos a história como primordial, a cena de ação passaria a ser vista como mera consequência, sugerindo ainda que o próprio conceito do tokusatsu pode ter sido repensado em alguns momentos, possivelmente chegando a ter sofrido até influências externas. Um exemplo disso seria o comentário que li de uma pessoa certa vez, se referindo a determinada série toku e ressaltando que a mesma parecia "um dorama". Perfeitamente possível, quando não menos recíproco, uma vez que o meu próprio dorama favorito (a Sukeban Deka, em suas três temporadas) é cheio de ação. "Para mim (Sukeban Deka) é tokusatsu", disse certo dia meu amigo Eli Santana.

      Vivendo uma fantasia real 
      Se o espaço que separa historicamente tokusatsu e dorama vem ficando cada vez mais estreito (ou sempre foi, já que exemplos antigos também não faltam), um certo fator ainda pode ser determinante para diferenciá-los: a fantasia. Acredito nisso mesmo falando como uma pessoa que conhece poucos doramas, apesar de ciente do uso que muitos deles já fizeram de efeitos especiais e de certos métodos fantasiosos. Mas ainda costumo compreendê-los como produções com tendências mais aprofundadas para o realismo, para a verossimilhança, enquanto que o tokusatsu, por mais que mude, ainda preserva e dá ênfase para o que costumo chamar de "momentos sagrados", como os instantes de transformação dos heróis, por exemplo.
      Em qualquer gênero de tokusatsu, os
      efeitos especiais se intensificam
      continuamente, sendo desde sempre o
      combustível renovador no núcleo da ação
      Não há dúvida que uma boa sequência de ação não é feita só de efeitos especiais, ainda que eles sejam indispensáveis para conduzir a fantasia a níveis maiores. Vejo por mim que fãs de cenas de ação não gostariam de ver apenas lutas ilusórias, 100% criadas graficamente e sem uma dose suficiente de realidade em sua edição final. Do mesmo modo, torceríamos o nariz para combates resumidos a empurrões e agarra-agarra entre adversários.
      Com isso, é possível concluir que os efeitos especiais são o combustível capaz de fazer o núcleo da ação evoluir e se diferenciar de outras épocas. Pelo lado da trama, esse combustível pode muito bem ser a capacidade de refletir a própria época em que a história se passe. Acredito que uma trama atual presa à clichês antigos requer muita habilidade para ser envolvente. Itens como um império ou organização de vilões, por exemplo, ainda parecem funcionar no gênero Super Sentai com razoável eficiência, enquanto que em muitos outros já fazem parte de um passado distante. Isso porque muitos deles foram criados com base nos governos déspotas de meados do último século (como o Nazista, o Fascista, etc.), ou talvez até inspirados pela ordem mundial de uma sociedade pós-Guerra Fria, que convivia com muito mais medo e desconfiança do que hoje. Estatísticas mostrariam ainda que mesmo entre os Super Sentais uma mudança seria bem aceita, já que é considerável o número de fãs que aprovam a trama de Dekaranger_ única no gênero a não ter tido nenhuma organização vilã fixa_ e reprovam a de Goseiger_ com três impérios malignos se revezando ao longo do seriado.
      Mesmo tratando o clichê com desenvoltura, uma trama com um pé no tradicional pode, ainda assim, agradar uns e desagradar outros. Para mim, esse seria o caso de Justirisers, uma das maiores referências dos últimos anos entre os chamados "tokus alternativos"_ ou seja, que não pertencem aos gêneros mais famosos, mas que usam seus principais valores em sua própria criação.
      Por se encontrar entre os chamados
      "tokus alternativos", Justirisers
      deveria, pela lógica, apostar mais
      na ousadia. Mas sua coragem não
      chega a esse ponto.
      Adorado por muitos, com heróis indiscutivelmente carismáticos e com uma ação excelente, Justirisers ainda não me convence no quesito trama, justamente pelo uso que faz desse clichê que citei_ o dos vilões. Até o momento, assisti 17 episódios de Justirisers e, refletindo sobre isso, me sinto em dúvida de quando (e se) conseguirei chegar ao final da série. Pelo que vi até aqui, eu dificilmente seria capaz de acreditar numa reviravolta positiva, já que o início, voltado às apresentações e ao primeiro arco longo me pareceram o mais padronizados possíveis. Ainda que esse arco desperte certo interesse, a história dos guerreiros tentando proteger as Placas Estelares, responsáveis por selar o vilão maior, Kaiser Hades, é das mais previsíveis_ ao menos para quem sabe que o seriado está longe de seu término. Desses espectadores, é provável que nenhum apostaria na permanência do selo. E não apenas Hades, mas toda a sucessão de antagonistas (Dra. Zora, como a primeira comandante de campo, assim como os soldados e monstros a seu serviço, além de outros) se projetam como puro retrocesso criativo para uma trilogia antecedida pela bem elaborada saga das equipes Gransazer. Optando por isso, Justirisers tem pouco sucesso em se diferenciar dos gêneros populares, talvez se esquecendo que fãs que procuram por tokus alternativos estão também em busca de novos conceitos.

      A insuficiente sintonia perfeita
      Tradicional, mas em constante inovação (o que é quase um consenso), o gênero Kamen Rider vem dando importantes amostras do quanto segue se diferenciando de seus predecessores desde que a nova Era Heisei foi inaugurada. Minha visão sobre a trama da maioria das séries do período é bem favorável, e mesmo os pontos que ainda considero como negativos parecem ter suas compensações. Grandes empresas fictícias que se destacam em histórias como a do atual Kamen Rider Gaim, além de refletirem o domínio capitalista da sociedade moderna, ainda surgem como o melhor veículo de substituição às antigas organizações do mal combatidas pelos pioneiros. Por outro lado, vejo alguns poucos vilões de características padronizadas do pós-Decade como um fator regressivo rumo a uma evolução de roteiro ainda maior_ exemplos desses seriam os antipáticos Gremlin e Medusa, de Kamen Rider Wizard.
      Tomando como modelo, Kamen Rider Blade é, na minha opinião, a série Heisei que tem a trama mais bem elaborada, mais bem sucedida, que melhor se desenvolve até a conclusão e que melhor sabe usar todas essas qualidades para criar cenas de luta épicas. O desfecho do episódio 03 (no vídeo abaixo) é um exemplo da perfeita sintonia ação/roteiro oferecida pela série:

      Em apenas três minutos, presenciamos um verdadeiro turbilhão de emoções, que vão desde o desafio dos Riders Blade e Garren num cenário mágico (a neve), raramente visto em tokus (por agora, recordei-me apenas de Ichigo e Nigo, em 1971, e de Kuuga, em 2000), até a brilhante fala escrita para Chalice: "Para proteger os humanos, devemos usar todo poder". Notem bem a sensibilidade oculta nas entrelinhas: "todo poder" significa aqui todo mesmo. Inclusive o poder do mal, fonte primária de qualquer card utilizado pelos Riders da Board e algo ainda mais significativo para Chalice, que já havia descartado sua humanidade muito antes de qualquer surpresa. O próprio monstro selado nessa luta, que garantiu a Blade o Thunder Card é outra prova irrefutável desse raciocínio, já que daí para frente o Thunder Slash seria um dos golpes-padrão do protagonista.
      Engraçado é que nem toda essa detalhada descrição que fiz a mim mesmo_ e que agora reproduzo para os leitores_ se mostra suficiente para colocar Blade no topo dos meus Riders favoritos. Existem, no mínimo, outras três séries que o superariam_ e isso porque estamos citando só a Era Heisei! Digo isso para deixar bem claro como, através do meu ponto de vista, nem só de inúmeras qualidades na trama ou na ação se constrói uma relação afetiva com uma produção_ e isso, para mim pessoalmente, é algo que pesa muito mais. Seria a maneira mais consciente de explicarmos a nós mesmos a razão de Fulano amar "aquele seriado tão tosco" e Sicrano detestar "aquele outro" que costuma arrebatar multidões de tokufãs. Talvez seria este também o primeiro_ e decisivo_ passo que estaríamos dando rumo a uma relação de maior compreensão e respeito com colegas que aspiram os mesmos ideais que nós_ ainda que não pareça ser tão fácil, como tendem a ser com todas as coisas teoricamente simples da vida.

      7 boas razões para assistir Sharivan

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      Vamos direto ao ponto: com tantos tokusatsus novos carecendo de divulgação, por que justo uma série exibida na TV brasileira é tema de uma postagem como esta? Será que é válido enumerar razões para se conhecer algo que já foi amplamente discutido por vários fãs? Seria viável insistir no debate de um assunto que, aparentemente, está encerrado?
      Tais questões denunciam o péssimo hábito que muitos tokufãs vêm cultivando, em minimizar a importância da difusão e da discussão sobre os tokusatsus que passaram em nossas emissoras. Como consequência, muitas de nossas mídias restringem visivelmente o já curto espaço de várias dessas produções_ algumas excelentes_ em suas matérias, resenhas e espaços de opinião. Sharivan é só um exemplo de toku que não merecia figurar entre essas vítimas. Escolhi-o como tema de uma publicação desse nível muito porque sei que um processo de divulgação consciente do tokusatsu só é completo quando considera todas as produções existentes. De preferência, sob uma mesma ótica. Muito além de qualquer rótulo, acredito que ainda há muito de novo (e de inédito) para ser dito sobre os seriados transmitidos no Brasil. Por isso, minha satisfação em criar postagens como esta dependerá de eu conseguir provar isso aos meus leitores. Se eu sentir que tive algum sucesso nessa empreitada, as "7 razões" poderão até permanecer como uma nova seção fixa aqui no blog. Para inaugurar este projeto, Sharivan foi, de fato, o melhor motivo que encontrei, já que ele é certamente um personagem com potencial para conquistar diferentes gerações de tokufãs.
      Não falta quem testemunhe a qualidade de Sharivan. O colega Mauro Sérgio do Egito_ gerente do blog parceiro "Tokusatsus exibidos no Brasil"_ sentenciou seu ponto de vista com convicção: "Ele é meu (Uchuu Keiji) preferido". Já o amigo João Gabri-El_ manager do também parceiro "Interruptor Nerd"_ despejou elogios em quantidade suficiente para criarmos uma resenha paralela: "É uma série que merece ser vista. Ela é ótima para quem gosta de histórias densas (...), armamentos tecnológicos. Os combates são fantásticos e bem coreografados. A armadura (do herói) é marcante (visualmente), uma das melhores (já criadas pela) Toei. Mas nada (...) é mais 'fodástico' do que a luta conjunta de Sharivan e Gyaban (...) no episódio 51".
      Demais motivos para se conhecer Sharivan podem ser conferidos na minha própria seleção, logo abaixo:

      Comparações de qualidade entre Sharivan e Jaspion soam para mim como uma discussão já desgastada. Mas é quase um consenso que a saga do herói Den Iga representa o auge dos Uchuu Keiji. O subgênero, que inaugurou a franquia dos Metal Heroes, surgiu numa época em que os costumes estavam em transição. Conquistas recentes no núcleo dos efeitos especiais vinham gradualmente convertendo tramas de caráter investigativo em histórias cada vez mais fantásticas e mirabolantes. Mas mesmo mantendo-se firme a sua ideia inicial, Sharivan conseguiu administrar um roteiro envolvente e contemplativo.
      Outro mérito desse roteiro diz respeito a continuidade me relação à Gyaban. Sobre ela, João Gabri-El opina: "(Sharivan) mantém características de Gyaban, mas não (como) cópia, e sim como (...) complemento". Nada que sirva de barreira aos iniciados, pois não é necessário conhecer a série do pioneiro em detalhes para só depois assistir a história do sucessor. Para tanto, basta ao espectador ter algumas poucas noções básicas do que foi visto no começo da trilogia.

      A atuação apaixonada de Hiroshi Watari no papel-título contribui muito para ampliar a emoção que corre solta em todos os episódios. E nesse quesito, os brasileiros até levaram certa vantagem em relação aos japoneses. As maiores credenciais do ator à época do lançamento da série no Japão eram seus trabalhos como dublê_ que até então conferiam-no uma projeção modesta entre os orientais. Já entre os brasileiros, Hiroshi desembarcou com seu Sharivan na onda de grande prestígio que já havia obtido por seu papel do Boomerman de Jaspion_ exibido por aqui desde alguns anos antes. Na sua pele, Den Iga assume uma personalidade temperada, hábil em suportar as dificuldades com uma resignação seca e sempre focada na urgência da vitória.

      Sharivan é um seriado para ser visto e pensado. A intensidade emotiva é tanta, mas tanta mesmo, que chega a ser desconcertante. É muito difícil para o espectador atento suportar um episódio inteiro_ qualquer que seja_ sem derramar nenhuma lágrima. Por consequências como essa, Sharivan tem lugar cativo no seleto grupo de tokusatsus com que eu cultivo intimidade.
      Para quem deseja alcançar o mesmo nível de emoção que eu, neste caso, cabe uma recomendação: só assistir a série não basta. Fazer a corrente do pensamento participar do que se vê também ajuda muito. Se tomarmos a transformação "Sekisha" como exemplo, as sequências repetitivas e previsíveis do visual e da narração cansariam a paciência de qualquer um. Mas, se nos focarmos apenas na mensagem presente naquela sequência_ que, resumidamente, passa a ideia de um herói que se reveste com uma materialização da luz do sol para lutar_, nosso envolvimento se ampliará substancialmente.

      Sharivan não foi o primeiro nem o último herói japonês cujos poderes estavam relacionados ao sol. O calor e o brilho do astro de maior importância para a Terra foi tema central também nas histórias de Kikaider 01, Kamen Rider Black RX e, mais superficialmente, Sun Vulcan. Dentre todos, Sharivan foi um dos poucos que buscou, desde o início, se apropriar dessa ideia de um modo diferenciado. Notemos como o Metal Hero não possuía qualquer cinto, capacete especial ou bracelete para se transformar. O único intermediador do clássico "Sekisha" era a nave Grand Bus, que gerava matéria a partir da captação da energia solar e só depois transferia ao protagonista.
      Em outro grande momento, o sol ilustra com destaque o golpe final "Sharivan Crash", personificando as próprias vitórias de Sharivan. E até em detalhes menores, como na trilha sonora, sua lembrança é presente. A música "Spark! Sharivan" reproduz bem o tipo de mensagem que deve ser captada pelo espectador, no trecho como no trecho que diz "a vida queima como um raio de sol".

      A utilidade do Grand Bus ia muito além da sua função como conversor de matéria para o "Sekisha" de Sharivan. As batalhas do guerreiro no interior da nave se somam aos grandes momentos do esquema cíclico de ação. A formação da Nave de Combate é um exemplo de instante que merece atenção redobrada_ mesmo que sua sequência já tenha sido decorada. Os disparos dos mísseis e do Canhão Plasma sonorizados por músicas como "Chou Jigen Sentou BokanGrand Bus" e "Strenght Is Love" projetam grande parte do gênio de Akira Kushida. Mais do que isso, eram passagens que serviam como vitrine de demonstração do novo estilo musical que surgia no tokusatsu, até hoje parte da memória afetiva de muitos fãs: "A trilha sonora ajuda a compor até a mística sobre os vilões", conclui João Gabri-El.

      Hellen Bell foi um exemplo de guerreira determinada. E isso quando o gênero Metal Hero, engatinhando, nem sequer sonhava em dar um papel às mulheres na mesma luta de seus venturosos personagens principais.
      A curta participação de Hellen na trama foi um laboratório importante para a representação feminina que o futuro traria através de Herbaira, Emiha e outras. Num cenário onde Lilly era a protagonista por excelência, Hellen foi incisiva o bastante para conseguir se destacar muito mais do que quem dispôs de uma série inteira para se desenvolver. Seu desejo de se auto-aprimorar após a morte do irmão Willy foi manifestado com impacto num diálogo com Sharivan, no fim do episódio 36.

      Se por trás de toda grande série há um grande guerreiro, este só se cria com adversários à altura. Os Tokkyuger que me perdoem, mas enfrentar antagonistas que ofereçam dificuldade aos heróis é, desde sempre, essencial para que as vitórias sobre os mesmos tenham um mínimo de valor. Nesse aspecto, os vilões de MAD se sobressaem com louvor. Afinal, não é todo dia que se cria uma organização maligna que age através de habilidades psicofísicas e alucinógenas.
      O "Mundo da Alucinação"é um espetáculo à parte. Mas não devemos esquecer de como o mesmo tema apimentou muitos outros fatos, como a perturbação da menina Sachiko Ozawa, no episódio 07, a saudade da garota Yuko Nakahara_ cujo espírito da mãe foi usado por um monstro, no episódio 43_ ou o drama criado sobre as falsas promessas de amizade vistas no episódio 12. 
      Cruéis e impiedoso, os membros de MAD representavam a maldade explicitamente, tal como mandava a cartilha da época. O costume pode ter caído em desuso, mas as personalidades de Maoh Saiki, General Gailer e Dra. Porter inspiram antipatia até hoje. A reconstrução de Leider no movie "Super Hero Taisen Z", de 2013, evidencia em fatos um pouco desse raciocínio.

      Yui Asaka - Três fases de uma carreira

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      Um episódio que ocorreu comigo em determinada fase de vida serve para ilustrar um pouco o motivo pelo qual eu releguei a fabulosa Yui Asaka_ cantora pela qual tenho paixão intensa_ à modesta segunda colocação entre as minhas favoritas no universo J-Pop. Eu tinha 20 anos e estava há poucos meses de me formar em piano clássico, após quase uma década de estudos e com um aprimoramento em curso. Preocupado com o que eu via no cenário musical ao meu redor, procurei minha professora mais confidente e perguntei: "Como poderei ser um professor de piano confiável se detesto Mozart e Beethoven?". Parecendo ter a resposta na ponta da língua, a professora nem hesitou para me responder: "Mozart a gente aprende a gostar de criança. Mas Beethoven, a gente precisa compreender além da música dele, e isso você só deverá conseguir quando tiver mais de 50 anos de idade". Hoje em dia continuo detestando Mozart, mas felizmente não precisei esperar tanto para compreender Beethoven além de sua música. Tanto que a quantidade de sonatas que já tenho dele (na maioria interpretadas pelo célebre pianista Artur Schnabel, entre 1932 e 1935) causa espanto até em minha mãe_ o que deve significar que eu gosto.
      Como experiência musical é uma coisa só_ e sim, vale para o clássico e para o pop com a mesma proporção_, sempre me pareceu claro como a carreira da Yui se divide em três fases: a inicial, a de seu auge, e a mais artística, em que ela buscou exibir sua madurez através de experimentos diversos completamente atípicos para quem a havia acompanhado até então. E é uma pena que essa terceira fase eu ainda não consegui compreender. Tal como um "Beethoven nos meus 20 anos", o máximo que consigo definir dessa fase hoje é como uma fase de declínio, e o principal motivo da Yui figurar atrás da Yuka Onishi (essa sim, com uma carreira cheia de regularidade) entre minhas cantoras top.
      A fase inicial da carreira da Yui Asaka foi marcada por sua postura de "Cute Girl". Em outras palavras, ela acertou desde o início. Querer se lançar como cantora pop feminina no cenário fonográfico japonês era algo complicadíssimo num ano como 1985. Afinal, o Oniyanko Club estava no topo da fama, recheado de garotas da mesma faixa etária da Yui (15/ 16 anos), com as mesmas aspirações que ela (incluindo o visual e o comportamento), e, não raro, debandando para tentar uma carreira solo. Sem falar que, na memória musical dos japoneses da época, ainda ecoava o som das Pink Ladies. Mas, apostando numa fofura que ela tinha de sobra_ e melhor, que era só dela_, Yui conquistou o Oriente, e é capaz de nos comover ainda hoje, sempre que vasculhamos seus primeiros vídeos e discos. Mesmo sabendo que hoje ela já é uma mulher (lindíssima, justiça seja feita) de 44 anos, ainda dá vontade de levar para casa aquela garota de olhos mágicos, baixinha que parece caber na palma da mão, e com bochechas enormes que dobram de tamanho a cada vez que ela sorri. Cantando frases como "Hey! Little boy, ai shite ru!", ela se projetou irresistível como poucas outras.
      Para os céticos que poderiam achar que Yui era só aquilo, o lançamento de seu primeiro single "Natsu Shojo", de 1985, provou que sim, ela sabia lidar com música. Ainda no mesmo ano, "Futari no Moon River" era mais um exemplo de música de quem sabe o que faz, pois já mostrava os primeiros traços de uma composição mais elaborada. E no início de 1986, "Yappashi... H!" trouxe uma surpresa ainda maior, ao apostar com sucesso num hábito já ultrapassado da década anterior, reciclando-o e atualizando-o: o uso de vocais de apoio infantis. Ao mesmo tempo, o hit refletia um traço de personalidade que acompanharia a cantora em todo o restante dessa sua fase de início, que é o sonho de uma garota em se tornar logo mulher. "Yappashi... H!"é uma música cheia de doçura e sem qualquer apelativo. Mas, indiretamente, não deixa de ser um pouco safadinha, já que a letra "H" isolada tem para os japoneses uma conotação similar ao "X" para os americanos.


      Esse começo promissor na carreira da Yui Asaka rendeu muitas outras músicas boas, distribuídas pelos álbuns "Crystal Eyes", "Star Lights" e "Rainbow". Mas na minha visão, foi o lançamento do single "Complex, Banzai!", de maio de 1986, que melhor representou o ápice dessa fase "Cute Girl" da Yui. De tão notável, a faixa chegou a ganhar um remix para ser incluída no álbum "Star Lights" (1987). Ainda no final de 1986, Yui foi convidada a viver o papel principal na terceira temporada de Sukeban Deka_ série que alguns fãs de tokusatsu consideram como tal. E daí fica interessante notarmos como o amadurecimento de sua personagem no seriado se iguala ao seu amadurecimento artístico, que estava em andamento.
       Interpretando Yui Kazama, uma menina simples do interior que respondia a tudo e todos com um sorriso no rosto, ela logo passa a ser reconhecida mais por sua força e determinação. Sem medir esforços, não hesita em usar todas as suas habilidades ninja para combater a inimiga Sho, líder do temível Clã Kage. Luta acreditando em si e nas irmãs até o fim, superando as piores desconfianças que chegam a recair sobre ela em determinado momento da história. Nessa série, Yui atuou ao lado das também cantoras Yuka Onishi, Yuma Nakamura e Satomi Fukunaga_ esta, a mais bem-sucedida entre as ex-Oniyanko.
      O convívio com essas artistas pode pode ter sido determinante para que Yui enxergasse um esgotamento em sua fase inicial e começasse a almejar coisas maiores. E as primeiras evidências disso surgiram antes da exibição do episódio final da trama. O lançamento do single "Niji no Dreamer" (1987) foi, na minha opinião, o ponto de partida para uma nova fase na carreira de Yui Asaka. Muitos fãs devem ter se admirado ao ouvir o refrão dessa música, onde a menina fofinha e ingênua de outrora soltava a voz como nunca antes, mostrando como podia libertar-se da timidez emocional sem medo de desafinar.
      A partir daí, outros momentos de igual intensidade na música de Yui_ como o refrão de "True Love", a base rítmica de "Starship" ou o clímax de "Trial"_ soavam aos ouvidos dos fãs como se a cantora apelasse por algo do tipo "Eu quero liberdade!". O sentimento libertário é uma das mais marcantes da música pop dos anos 80, e podemos dizer que foi através dele que Yui começou a se entregar de corpo e alma àqueles conceitos.
      Pouco tempo depois de "Niji no Dreamer", o grande sucesso que Yui obteve com o lançamento do single "C-Girl" confirmou que a cantora estava no caminho certo. Já com 18 para 19 anos, ela queria, de fato, se sentir mais mulher do que garota. Esbanjou sensualidade de corpo e de olhar no videoclipe de sua "Cry On", faixa integrante do mesmo álbum que abrigou a reedição do single (o "Candid Girl", de 1988). Do mesmo disco, presenteou os fãs com algumas pérolas que demonstravam como Yui já tinha habilidade na nova fase pela qual optara. A fantástica "Heartbreak Bay Blues", por exemplo, comprova isso. Tudo para que, no ano seguinte, ela chegasse ao que eu considero o auge, não só dessa fase como de toda a sua carreira, com o lançamento do álbum "Melody Fair".


      Além de fabuloso e emocionante, foi um álbum que só surpreendeu, já que nenhum outro antes juntava singles de tamanha importância como "Cecile", "Melody" e "True Love". Além disso, essas e outras músicas do disco exibiam riqueza e complexidade de composição, tanto em forma e harmonia quanto em ritmo e melodia. Toda essa fase seria coroada por mais um papel de destaque na carreira da Yui atriz, que foi o da protagonista do filme "Yawara!", de 1989. A produção foi o live-action derivado do mangá e do anime sobre uma judoca que vai às olimpíadas de Barcelona à sombra do avô. Tal trabalho refletiu maravilhosamente na música da artista. Além do single "Neverland" (tema principal de Yawara), a ambientação espanhola da trama deu à "True Love" uma série de harmonizações no estilo da música flamenca.
      Na passagem para 1990, Yui não teve como manter o mesmo fôlego. Mas a garra e a vontade com que ela cantava "Beat Up"_ uma das principais faixas de seu álbum daquele ano, o "Nude Songs"_ ainda mantinha acesa aquela chama poderosa do final dos anos 80. Àquela altura, mais importante do que a década já ser outra era a fase em que a música da Yui estava, e essa continuidade, ainda que menor, foi o último passo antes do que viria a ser a terceira etapa real de sua carreira_ para mim, a menos interessante. Álbuns ainda envolventes como "Miyako no Garasu", de 1991, já davam certeza de uma nova virada no estilo de Yui. Parecia difícil acreditar que músicas como "Koi no Upsade Town" e "Realism" eram de fato dela. Por mais que os vocais de apoio nessa segunda cantassem "I wanna get freedom", aquilo não tinha nada a ver com a menina-mulher libertária do "Melody Fair", pois já era pura música dos anos 90.
      Esse disco foi seguido pelo decepcionante "Stay" (1992), onde Yui ousou com experimentos bastante radicais, como o uso de elementos da música country e litúrgica. Por "azar", foi desse disco que se projetou o single que mais marcou a fase madura da Yui: uma versão em japonês para a chatíssima "Luka", um hit trash que ainda ecoa pelas rádios do mundo todo na voz da intérprete original_ a cantora Suzanne Vega. De qualquer forma, é um duelo de 2X1_ até porque o mesmo mal acometeu outras cantoras da geração de Yui que, como ela, foram longe com suas carreiras. Mas, naquela altura, nada seria capaz de rebaixar, no presente ou no futuro, os louros colhidos por uma star como Yui-chan, a princesa fofinha de olhos mágicos que não teve receio de pedir por liberdade até virar mulher.
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